No âmbito das comemorações do Feriado Municipal que se celebra a 19 de Março (Dia de S. José – patrono dos carpinteiros e dos artífices), a Câmara Municipal de Santarém promove as Festas de S. José, que decorrem de 15 a 19 de Março, com o objectivo de vivificar as tradições da nossa terra.
As Festas de S. José afirmam-se como o grande evento do Concelho, dando a conhecer ao País aquilo que Santarém tem de melhor no que respeita às suas tradições e ícones: o folclore, em que o fandango é o rei da festa, o artesanato, a gastronomia, os campinos – grandes guardiões da Lezíria e dos animais que a percorrem, a que se associa a festa brava e o ambiente tipicamente ribatejano, recriando a festa do Ribatejo e exaltando alguns dos seus ícones, marca da tradição desta região.
O sagrado e o profano conjugam-se na perfeição nas Festas de S. José onde a Procissão e a Missa em Honra de S. José têm lugar de destaque.
A propósito deste evento, que celebra a honra da cidade e de S. José, convocando o passado para este reencontro com a história e com a tradição, o Correio do Ribatejo esteve à conversa com João Teixeira Leite, vice-presidente da Câmara de Santarém que destaca o impacto destas festividades na economia local mas, sobretudo, com “na auto-estima e amor dos Scalabitanos a Santarém”.
Nesta entrevista, oportunidade também para falar das grandes obras que se encontram em curso na cidade e concelho e nos projectos futuros que visam afirmar Santarém “como uma das principais capitais de distrito do nosso País”.
Estamos a viver as festas da Cidade. Qual a importância deste evento?
As Festas de São de José celebram Santarém, o seu Padroeiro, as suas tradições, a gastronomia, o cavalo, o toiro, o campino, a festa brava, o folclore, celebramos o Concelho com festa, com música e com muita alegria. Convocamos o passado a celebrar com o presente o que de melhor Santarém tem para oferecer, é por isso um evento da maior relevância, com impacto na economia local mas sobretudo com impacto na auto-estima e amor dos Scalabitanos a Santarém.
Qual é, para si, a importância de continuar a marcar no tempo estas Festas?
Importa referir que celebramos estas festas, com a nobreza e dimensão que Santarém merece muito recentemente, foi com o PSD à frente da gestão do município que Santarém começou a celebrar o seu feriado. É o evento que celebra a nossa identidade, que puxa pelo nosso orgulho e reclama perante os mais jovens que a nossa história, de mãos dadas com a modernidade, é para ser viva e vivida, sendo por isso fundamental continuarmos com estas celebrações e irmos reforçando ano após ano, com equilíbrio, a dimensão destas festas.
Quais são as grandes novidades e que pontos destaca do programa?
Existem várias novidades, destaco, a praça das freguesias, na zona central da Casa do Campino, as 18 Freguesias do Concelho marcam presença para divulgar o que de melhor têm para oferecer, nesta praça vamos ter ao longo dos 5 dias diversos momentos culturais, outra novidade será a presença de 5 Festivais de Sopa, 1 por dia, dando palco e dimensão aos diversos Festivais de Sopa que existem no Concelho, por último destaco o fogo de artifício que vai assinalar a entrada no dia de São José, dia do Pai, Dia do Concelho de Santarém.
A corrida de Toiros do dia 19 de Março, a missa e procissão em honra de São José, o desfile etnográfico, as picarias diárias, as tasquinhas na Casa do Campino e os diversos momentos musicais com destaque para o Fernando Daniel, Ana Bacalhau, Três Bairros, Quim Barreiros e Orquestra Típica Scalabitana serão alguns dos grandes momentos do programa das Festas de São José 2023.
A Empresa Municipal Viver Santarém deixou de organizar eventos, que passaram para gestão directa do Município. Qual é o balanço que faz desta decisão?
O balanço é positivo. Foi uma decisão acertada, a Empresa Municipal está focada no desporto, na manutenção das diversas infra-estruturas, focada na promoção generalizada da actividade física, ou seja, na promoção do bem-estar e da qualidade de vida da nossa população. Estamos a preparar, igualmente, diversos projectos de enorme relevo a nível desportivo.
Até ao final de Março apresentaremos o cronograma de investimentos a realizar a este nível, a Futura Cidade Desportiva, cuja 1ª fase se iniciará com a construção da Academia do Futebol é um dos muitos projectos que vamos implementar.
A presença do Município na BTL tem vindo a ser reforçada nas várias edições. Nesta, em concreto, como correu?
Santarém destacou-se neste que é o maior evento nacional com impacto internacional na área do Turismo. Conseguimos chegar a milhares de pessoas com uma imagem e mensagem forte e foi com orgulho que contámos com a presença do Sr. Presidente da República no momento de inauguração do stand. Lançámos o novo vídeo promocional de Santarém e novos meios de promoção turística, um mapa turístico novo, 10 novos mapas com roteiros temáticos e ainda um postal inovador com tecnologia QRcode que remete para o novo vídeo promocional. Foi neste palco e com uma plateia repleta que divulgámos os novos empreendimentos turísticos que estão em curso e demos a conhecer ao Sr. Presidente da República o vídeo de apresentação do projecto do novo aeroporto de Portugal em Santarém.
O nosso stand teve um aumento considerável face a edições anteriores e sob o slogan “Santarém de Portas Abertas ao Futuro” tivemos a presença de dezenas de entidades que ajudaram o Município a promover o nosso lindíssimo Concelho.
Tem o pelouro das obras e projectos municipais. Como vê a gestão do Património Arquitectónico de Santarém e de que forma é possível conservar e defender zonas históricas sem que isso impeça o rejuvenescimento da cidade?
Santarém tem um riquíssimo património histórico, o nosso Centro Histórico é único, temos dezenas de Igrejas lindíssimas, um Museu repleto de história, entre muitos outros pontos de interesse. Com o objectivo de preservarmos o nosso Centro Histórico existem duas dimensões que devem coexistir, o investimento público como veículo mobilizador do investimento privado. A primeira dimensão é a existência de políticas públicas para o efeito, os investimentos que temos efectuado no âmbito da regeneração urbana e na preservação dos nossos monumentos são investimentos públicos da maior relevância.
As empreitadas de preservação e regeneração da Igreja de São João do Alporão, da Igreja da Ribeira, a requalificação do Largo de Alcáçova, a requalificação do Mercado Municipal, a requalificação da Avenida António dos Santos, o novo miradouro de Santa Margarida e o recente inaugurado Largo Dr. Ramiro Nobre são bons exemplos de políticas públicas que contribuem para defender zonas históricas, mas queremos mais, a obra em curso de regeneração urbana do Largo Visconde Serra do Pilar pretende unir vários largos e praças do nosso centro histórico, estamos a elaborar os projectos de execução para a requalificação do Largo Infante da Câmara e ruas adjacentes e do Largo dos Pasteleiros, para que num futuro próximo, possamos circular entre estas praças e a Praça Marquês Sá da Bandeira com modernidade, conforto e vida, com estes projectos estamos a obter um efeito multiplicador, o privado acompanha a necessidade de requalificar os seus imóveis e provocamos a necessidade do surgimento de novas actividades económicas que criem o desejado dinamismo.
Estamos em fase de consulta pública do Masterplan do Campo da Feira. O que é defendido para o local?
É muito importante envolvermos a população nesta discussão, trata-se de uma área nobre da nossa cidade, é importante a preservação da sua memória, como lugar importante e determinante na história da Cidade e do Concelho, e como um espaço nobre da Cidade onde decorrem diversos eventos e onde se situam as emblemáticas Casa do Campino e a Monumental Celestino Graça, deverá ser sempre um espaço dedicado à vivência da comunidade, ao lazer e à cultura. Já passou tempo demais, urge decidir, vamos fazê-lo após análise dos contributos enviados pela população, e vamos avançar para a elaboração de projectos de execução de forma faseada tal como propõe a Facultade de Arquitectura de Lisboa.
Um dos aspectos mais controversos é a questão do terminal rodoviário. Porque razão esta infra-estrutura tem de ser construída naquele local?
Compromissos assumidos com a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo no âmbito da gestão dos transportes colectivos. A acontecer será sempre uma solução provisória. Aquilo que desejamos é que este tipo de resposta se localize na periferia do planalto e que para o centro urbano se desloque mobilidade amiga do ambiente e de menor dimensão.
O processo de reavaliação do PDM de Santarém está em fase de conclusão: quais são as linhas de força que estão a ser seguidas?
O plano director municipal é o documento basilar de ordenamento do território. Não foi fácil chegar até aqui, é um processo moroso, diria incompreensível e inadmissível a necessidade de auscultação de tantas entidades externas com parecer vinculativo. Chegámos à fase de discussão pública em que a população pode e deve participar. Importa referir que o documento que vai a discussão pública vai aumentar em três vezes as áreas limitadas para uso do solo, é um dado relevante para o nosso território. É este documento que vai delimitar e ajustar os espaços urbanizados, definir e consolidar áreas de actividades económicas, definir áreas de multiusos como base impulsionadora para fixação de actividades logísticas e empresariais, definir espaços verdes em solo urbano entre outras matérias de enorme relevo para o nosso futuro colectivo.
Como se poderá projectar Santarém e o que está pensado, em termos de aproveitamento do Rio?
O Rio Tejo é um recurso natural de extrema importância. Neste momento estamos
a preparar o projecto de execução que prevê a regeneração da frente Ribeirinha.
Queremos apresentá-lo publicamente ainda este ano, será um projecto a implementar por fases, numa perspectiva de utilização do próximo quadro comunitário. Pretendemos criar zonas de lazer com profundo aproveitamento dos recursos naturais e que, simultaneamente, promovam o nosso território como destino de referência a nível do turismo sustentável e que contemple a introdução de conceitos inovadores e tecnológicos, posicionando, desta forma, o Rio Tejo como factor de competitividade do nosso Concelho.
A cultura Avieira, a Aldeia das Caneiras, bem como, a gastronomia através do peixe do rio, estão englobados nesta estratégia de valorização do Rio Tejo. Importante sublinhar que em simultâneo estamos a trabalhar na ligação da Estação ferroviária ao planalto / São Bento, sendo esta condição fundamental para esta estratégia e, para futuro, pretendemos complementar esta ligação com o aproveitamento das nossas encostas, criando percursos, alguns deles já existentes, e passadiços que valorizem as nossas paisagens e ligação à Ribeira de Santarém.
Como é que perspectiva o concelho, e a cidade, no futuro?
Nós estamos a transformar Santarém no presente e o futuro trará ainda maiores e mais importantes concretizações. Os projectos que referi anteriormente irão reforçar o estatuto de Santarém a nível nacional e este facto não depende da decisão do próximo aeroporto de Portugal, complementar ao de Lisboa, ser em Santarém, se esta ambição se concretizar estaremos obviamente a projectar Santarém a nível internacional, será uma nova realidade, com enormes impactos positivos a todos os níveis, estamos empenhadíssimos nesse projecto, mas o futuro próspero para Santarém que estamos a construir, depende igualmente de outros projectos que estão em curso e outros que estamos a preparar com elevado empenho.
O factor emprego é o maior contributo para o aumento da riqueza de um território, a nossa localização geográfica, a existência de diversas infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias apontam para que Santarém tenha todas as condições para ser um grande polo logístico e industrial do País. Ao longo dos últimos meses temos trabalhado no sentido de obter novas oportunidades, existem privados interessados em investir, o projecto Insectera é um bom e inovador exemplo.
Santarém é um território com enorme qualidade de vida, com escolas públicas de elevada qualidade e cuja nova carta educativa aponta para a necessidade de novas infra-estruturas educativas, dado o desejado aumento populacional verificado nos últimos 3 anos. Outro enorme factor de atracção é a habitação a um preço competitivo face aos valores exagerados da grande Lisboa.
A concretização dos projectos referidos nas questões anteriores e de outros que estão a ser preparados, nomeadamente, em diversas freguesias do Concelho, reforçarão o estatuto de Santarém, na próxima década, como uma das principais capitais de distrito do nosso País.
Filipe Mendes