Carlos Moisés, vocalista da Quinta do Bill desde 1987, lançou na sexta-feira, 24 de Setembro, o primeiro álbum a solo “Moisés – primeiro solo”. Com este novo trabalho, Carlos Moisés quis revelar “outras formas musicais”. A obra conta com poemas do escritor José Luís Peixoto, do jornalista Joaquim Franco e dos músicos Tim, Moz Carrapa, Sebastião Antunes e José Mário Branco, que morreu em Novembro de 2019, aos 77 anos. Gravado em Tomar, num colectivo a três com Paulo Bizarro e André Moinho (Quinta do Bill), o álbum contou com a produção de Moisés e mistura de João André (Bárbara Tinoco, The Black Mamba, Miguel Araújo), numa experiência de contágio imediato: melodias eternamente pop, harmonias vocais construídas com rigor que não escondem a herança clássica de Moisés e a predilecção de sempre por The Beatles, Beach Boys, Fleet Foxes ou Arcade Fire, e ainda um conjunto de texturas de guitarras recheadas de contemporaneidade. O álbum já se encontra disponível em todas as plataformas digitais e lojas físicas.

Tem uma carreira no mundo da música há mais de 30 anos, nomeadamente como vocalista da Quinta do Bill. Porque é que decide aventurar-se a solo?
Este projecto já tem uns anos mas devido à prioridade dos projectos da Quinta foi aguardando pela oportunidade de chegar ao grande público. A pandemia também não ajudou, contribuindo com mais um tempo de espera. Finalmente, reunidas todas as condições ele aí está à disposição das pessoas.

“Dançar, até que a noite caia” é o single de apresentação do disco lançado a 24 de Setembro. Porquê é que escolhe esta canção como single?
Dançar, até que a noite caia é uma canção solta, na tradição das canções pop, uma canção de final de verão. É representativa daquilo que quis evidenciar neste disco, rigor no trabalho das harmonias vocais e guitarras pop/rock.

O que é que o público pode esperar deste novo trabalho, que conta com um texto inédito de José Mário Branco, assim como canções de letristas de renome como José Luís Peixoto, Tim ou Moz Carrapa?
Acima de tudo, primeiro solo é um conjunto de canções que foram sendo criadas ao longo do tempo, portanto carregam em si ambientes diferentes. Houve no entanto a preocupação de as tornar minimamente homogéneas, à custa da utilização de um leque restrito de instrumentos, bateria, guitarras, vozes e alguns pianos. As músicas foram enviadas aos letristas que individualmente as interpretaram e lhes deram sentido. É para mim um privilégio enorme poder contar com todos estes nomes maiores da escrita em Portugal.

Em que é que se inspirou para produzir este álbum?
As inspirações são diversificadas mas revelam acima de tudo o meu gosto pela diversidade formal e estética das canções. Quis distanciar-me um pouco do Folk da Quinta e focar-me mais no Pop/Rock. Como foram construídas em épocas diferentes, naturalmente sobressai em cada uma delas estados emocionais diferentes.

Considera que esta é a altura ideal para lançar novos trabalhos musicais, após mais de um ano e meio em que o sector da cultura foi muito prejudicado pela pandemia covid-19?
Estamos todos sedentos de voltar em força às canções, aos espectáculos, ao contacto com o público, à partilha dos afectos.

Qual é a expectativa que tem para o pós-pandemia?
Que as pessoas possam voltar de novo ao trabalho, ao convívio, à festa. Que a cultura volte a ser parte integrante e fundamental na vida das pessoas, sem restrições.

No futuro vamos ver o Moisés mais a solo ou com a Quinta do Bill?
Este é um trabalho paralelo ao do grupo que fundei em 1987. Sempre que houver novas canções a solo tentarei mostrar às pessoas. No próximo ano, a Quinta completa 35 anos de actividade e gostaríamos muito de apresentar um novo trabalho de originais.

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