De hoje a 28 de Novembro, a Casa do Campino, em Santarém, volta a receber mais uma edição do Festival Nacional de Gastronomia. O ‘Pai’ de todos os festivais gastronómicos do País prepara uma edição especial para assinalar os seus 40 anos de vida, tendo como lema “Venha descobrir Santarém enquanto prova Portugal!”. O Correio do Ribatejo entrevistou Vítor Silva, presidente Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo, que falou sobre a importância nacional deste certame, assim como dos projectos que entidade tem para o futuro.

Qual é a sua opinião sobre o Festival Nacional de Gastronomia?
O Festival Nacional de Gastronomia de Santarém é um marco nos eventos de cariz gastronómico no país, desde logo porque foi pioneiro na promoção integrada dos produtos endógenos e respectiva culinária de todas as regiões do país.

Como vê a evolução do Festival ao longo destas quatro décadas?
Ao longo destas quatro décadas, o Festival soube reinventar-se, integrando na sua oferta os produtos e gastronomia das regiões, mas também as receitas contemporâneas, algumas inspiradas nos hábitos, sabores e saberes de outros tempos. Para além disso, acaba por divulgar outros produtos e bens culturais dos territórios.

Qual tem sido, para si, a grande mais-valia deste Festival, considerado o ‘Pai’ dos certames gastronómicos?
Este evento atrai milhares de pessoas e soube afirmar-se como uma montra da gastronomia nacional, um dos produtos turísticos que mais contribui para a visitação dos territórios e que, por consequência, alavanca o número de turistas não só em Santarém, mas também nas restantes regiões.

O apoio da ERTAR ao Festival vai manter-se e é similar a anos anteriores?
A Entidade Regional de Turismo do Alentejo / Ribatejo apoiou, desde sempre, este Festival, seja directamente ou através de candidaturas ao Turismo de Portugal.

Na sua leitura, Santarém tem capacidade para se afirmar como um destino gastronómico e turístico de eleição?
Sem dúvida. A cidade tem um potencial incrível. É preciso continuar a trabalhar a dimensão gastronómica, aumentando a capacidade de atracção do FNG, mas trabalhando esta motivação o ano inteiro. Depois e se olharmos para outros recursos, nomeadamente a cultura e património, podemos trabalhar para afirmar Santarém como uma cidade referência neste nicho num prazo de um a três anos.
Santarém já tem uma programação cultural de grande qualidade, mas temos que começar também a vendê-la para o mercado de lazer internacional que está em Lisboa.

Como está o processo de certificação da restauração na região e como é que esses selos de qualidade pesam na decisão de um turista escolher visitar uma dada região?
Está concluída a primeira fase. Certificamos 35 restaurantes na Lezíria do Tejo. Vamos agora, em 2022, fazer uma avaliação do impacte da iniciativa.
Os estabelecimentos certificados acabam por ter algumas vantagens na nossa promoção, têm um selo de qualidade, isso é muito importante

Quais são os pratos fortes da atracção turística no Ribatejo?
O prato forte de atracção turística nacional é, sem dúvida, a sopa da pedra de Almeirim. Mas existem outros como Torricado, por exemplo, de bacalhau; Fataça na telha; Caldeirada de enguias; Magusto; Batatas de rebolão; Ensopado de borrego à Ribatejana;
Sopa de rabo de boi; Lapardana; Sável frito com açorda de ovas; Lebre com feijão branco; Rabo de boi bravo estufado ou Massa à Barrão. E nos doces, não podemos esquecer os Arrepiados de Almoster; as Celestes de Santa Clara; os Pampilhos; os Patudos ou os Quadradinhos de Alpiarça.

Em concreto, que projectos é que a ERTAR está a desenvolver neste momento para potenciar o turismo na região?
Para já estamos a montar uma rede de turismo literário que no Ribatejo vai dar uma grande atenção ao universo das Viagens da Minha Terra, mas outras rotas municipais e autores também serão promovidos.
Estamos também a rever e a consolidar as Redes de Percursos Pedestres e dos Caminhos de Santiago, com novos produtos informativos e conteúdos audiovisuais.
Na promoção e muito brevemente teremos a quarta vaga da Campanha Ribatejo, “Há Um Lugar”, apoiada num plano de publicidade muito forte com TV, digital e acções na rede do metropolitano de Lisboa. Será uma campanha para encorajar estadias nas semanas de Dezembro com feriados e nas épocas festivas de Natal e Ano Novo.
Em 2022 vamos iniciar os processos de estudo, inventariação do fandango e campino, visando numa primeira fase a respectiva inscrição na Lista nacional do PCI.
Mas também queremos, em conjunto com o Município da Azambuja, trabalhar na valorização económica e turística do Torricado.
Estas e outras intervenções serão enquadradas num plano específico de valorização turística para a Lezíria que queremos iniciar no próximo ano e que, a seu tempo, será apresentado.

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