Precedida de enorme expectativa – e notavelmente correspondida em praça – teve lugar no Campo Pequeno, na passada sexta-feira, dia 14 de Julho, a alternativa de António Ribeiro Telles (Filho), um cavaleiro de grande futuro na linha tauromáquica da Torrinha, pelo que muito justamente Mestre David foi evocado no início da corrida.

A lotação do tauródromo lisboeta esgotou na véspera, o que atesta bem a importância desta corrida e a afición que, apesar de todas as diatribes dos antis, ainda sobrevive na capital do país. Mesmo tendo em conta que para assistir a esta corrida se deslocaram aficionados de toda a geografia taurina nacional, é inquestionável a significativa presença de espectadores naturais ou residentes na Área Metropolitana de Lisboa.

Como é festivo o ambiente de uma praça cheia e para mais numa data tão importante! A alternativa do jovem António constituiu um marco assinalável, como assinalável foi também a evocação do 40.º aniversário da alternativa de seu pai e do 80.º aniversário da trajectória artística de Mestre David Ribeiro Telles. Tudo perfeito!

Não é destituído de simbolismo o facto de o jovem António ter envergado a casaca de veludo azul com que seu saudoso avô tomou a alternativa de cavaleiro tauromáquico há 65 anos (Campo Pequeno – 18-05-1958), e que tem sido repetidamente usada nestas circunstâncias pelos restantes cavaleiros da Família.

Os toiros da ganadaria Ribeiro Telles primaram por uma excelente apresentação e pelo seu comportamento, que não tendo saído fáceis transmitiram sempre muito ao labor dos toureiros e mexeram com o público nas bancadas. Com toiros assim os toureiros e os forcados tiveram de se empenhar bastante para solver os respectivos compromissos.

E que bem que o fizeram! António Ribeiro Telles (Filho) depois da sentida cerimónia de alternativa dispôs-se a patentear na arena as suas imensas faculdades técnicas e artísticas e fê-lo com a eloquência de um predestinado, elegendo sempre os terrenos e as distâncias mais adequados e colocando vistosa e emotiva ferragem.

Entendendo a alternativa como um exame diremos que António passou com distinção. Parabéns e muitas felicidades. O decano dos Telles em actividade brindou a sua actuação a seu filho e afilhado de alternativa e desenvolveu uma lide perfeita, dentro do seu estilo inconfundível e que expressa com muita categoria o mais puro toureio equestre na linha marialva. Uma lição, mais uma, que certamente seu filho não desaproveitou – o classicismo está sempre na moda!

Manuel Telles Bastos, talvez o melhor aluno de seu tio e de seu avô, não quis desmerecer a sua participação nesta festa e rubricou uma actuação magnífica, lidando e colocando a ferragem como mandam as regras, e como o exige a sua sensibilidade estética e a classe pessoal que o caracteriza. Algo que não se aprende…

João Ribeiro Telles tem o dom de conciliar o classicismo com a modernidade, o que equivale a dizer que mesmo no respeito pela ortodoxia João inova a sua expressão toureira pisando terrenos mais próximos e carregando cada sorte até ao limite do que a física consente. Terrenos que são proibitivos para a maioria dos toureiros, mas que João Telles, montado no seu “Ilusionista”, acaba por vulgarizar, para gáudio do público que tanto se assusta e, depois, se manifesta em apoteóticas ovações.

Tristão Telles de Queiroz lidou um magnífico sobrero, posto que o toiro que lhe estava destinado saiu à arena algo congestionado. O mais jovem da dinastia Telles honrou a tradição familiar e disse que não era mais um, mas que, bem ao invés, ali estava para confirmar que também ele já está em condições de se doutorar. Desenvolveu uma brega alegre e dinâmica e cravou a ferragem com correcção, conquistando o conclave que lhe dispensou justas ovações.

O último toiro foi lidado por todos os cavaleiros “à moda da Torrinha”, tendo Manuel Telles Bastos cravado os compridos, seguindo-se-lhe João Ribeiro Telles e Tristão Telles Queiroz, a duo, numa lide muito harmoniosa, culminando com o António Ribeiro Telles e seu filho em grande apoteose, colocando vistosa ferragem e adornando-se muito inspiradamente nos remates de cada sorte. Uma maravilha!

No capítulo das pegas estiveram em grande plano os Grupos de Forcados Amadores de Santarém e os de Vila Franca, que lograram solver as imensas dificuldades dos respectivos oponentes. Pelos Amadores de Santarém foram solistas o Cabo Francisco Graciosa e Joaquim Grave, ambos ao segundo intento, e a dupla João Manoel e Miguel Tavares, em valorosa pega de cernelha, à terceira entrada; pelos Amadores de Vila Franca de Xira foram solistas o Cabo Vasco Pereira, à primeira, Rafael Plácido, à terceira, e Guilherme Dotti, que concretizou a melhor pega da corrida, ao primeiro intento.

Em bom nível estiveram também todos os bandarilheiros e campinos. Tiago Tavares, assessorado pelo médico veterinário Jorge Moreira da Silva, dirigiu com acerto.

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