A Feira Nacional da Cebola de Rio Maior foi inaugurada ontem com as presenças do presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, da deputada e presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior, Isaura Morais e do presidente da Câmara de Caldas da Rainha, Vítor Marques.
Na inauguração, Filipe Santana Dias convidou o secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, a fazer um “exercício de reflexão”, recordando que no ano em que iniciou funções autárquicas na Câmara de Rio Maior, em 2017, então como vice-presidente, “cerca de três dezenas de ceboleiros traziam a este certame o resultado do seu esforço e aqui o exibiam e comercializavam com orgulho”, lembrou.
A FRIMOR 2024 abriu com apenas 15 e para Santana Dias esse decréscimo deve-se ao facto de nos últimos anos os agricultores terem sido “menosprezados”.
“Os agricultores e o sector agrícola, nos últimos anos, foram sempre vistos por quem tinha a obrigação de os representar e acarinhar como profissionais de menor importância e assim este sector foi definhando”, admitiu, um amor à terra que “foi esbarrando na surdez e na inércia daqueles que em Lisboa fizeram por não perceber e não acompanhar as necessidades de todo um sector que grita pela necessidade de políticas que o defenda e lhe reconheça a importância vital que efectivamente tem para o nosso país”, afirmou o presidente da Câmara de Rio Maior.
“Durante vários anos inexistiu completamente um ministério da agricultura eficaz, próximo e solidário daqueles que devia servir”, prosseguiu, o que no entender do autarca riomaiorense terá causado “danos profundos neste sector, afastando os agricultores da terra e, mais grave do que isso, afastando os jovens da agricultura”, concluiu.
Na resposta, o secretário de Estado adjunto e dos assuntos parlamentares, Carlos Abreu Amorim, entendeu ser necessário “um corte disruptivo” com “a realidade” exemplificada momentos antes por Santana Dias, concordando com o “abandono da agricultura” e com “quase um menosprezo pela actividade agrícola a que o país foi sujeito nos últimos anos”, afirmou.
Sobre a FRIMOR, Carlos Abreu Amorim reconheceu que “não devem existir muitas feiras no território nacional que tenham 302 anos, quase de efectivação ininterrupta”.
“É uma feira que parte da Agricultura para atingir todas as lógicas de desenvolvimento do território. É isto que eu entendo que deve ser o desenvolvimento. Não há polos de desenvolvimento, o polo tem de ser o território nacional”, salientou.
“A agricultura é, na minha opinião, um campo privilegiado, desde logo para resolver o problema do desemprego jovem que é obsceno, é desproporcionado em relação à logica do desemprego no resto dos sectores. Mas também porque nós precisamos da agricultura”, reconheceu.
“Não podemos ficar dependentes do ponto de vista alimentar, e do ponto de vista do que a agricultura nos proporciona, de outros países, das importações. Isso afecta o próprio conceito de segurança. O conceito de segurança não é meramente militar, não tem a ver apenas com a tranquilidade publica, tem a ver com factores ambientais, factores gerais de desenvolvimento económico e auto-suficiência do país numa série de áreas, designadamente no sector alimentar”, concluiu.
Já Isaura Morais, presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior, lembrou a longevidade da Feira da Cebola, um dos eventos mais antigos da região.
“Há 300 anos atrás este evento tinha outra dimensão. Eu ainda me lembro de ver os carros de bois a passar na aldeia onde eu nasci, dia e noite, a levar as cebolas para o evento”, memorou.
Hoje, constata, “existe a preocupação que a feira possa agradar a miúdos e graúdos. Aos mais velhos para recordarem o que era, e para terem esta memória viva da Feira da Cebola, mas também aos mais jovens, com oferta musical, porque é importante que os mais novos venham também, que saibam o que foi este concelho, o que é actualmente, e que a agricultura é uma actividade tão importante”, admitiu.
“Como se diz: “quando o campo não planta, a cidade não janta”, é preciso que os mais jovens saibam que a fruta e os legumes não nascem no supermercado. É preciso este contacto com o mundo rural”, frisou Isaura Morais, lembrando a importância de “haver incentivos para que os jovens tenham condições para poder continuar a desempenhar essa actividade [ceboleiro]”, concluiu.
O presidente da Câmara de Caldas da Rainha, Vítor Marques, concelho de onde provêem a quase totalidade dos ceboleiros presentes na FRIMOR, lamentou o facto da produção estar a diminuir, mas confiante de que os jovens possam “continuar a desenvolver esta arte da agricultura e de serem ceboleiros”.
“Se há uma matriz neste evento, que é a cebola, de certeza que Alvorninha vai continuar a trabalhar para isso, e claro também um conjunto de outros agricultores. Depois toda a dinâmica empresarial, da economia de Rio Maior com certeza dará oportunidades para que possa continuar a florescer”, afirmou o autarca.
Vítor Marques reconheceu haver um conjunto de factores que unem os dois concelhos (Caldas e Rio Maior), nomeadamente “a nova NUT que, com certeza, trará ao nosso território uma dimensão diferente”.
“Este território precisa de um olhar atento dos nossos governantes”, afirmou dirigindo-se a Carlos Abreu Amorim.
GNR, Nena e Cláudia Martins & Minhotos Marotos são os cabeças de cartaz deste evento, que terá também o Festival de Bandas Filarmónicas a animar o último dia do certame.
Cláudia Martins & Minhotos Marotos actuam esta quinta-feira. Nena fará a sua estreia em Rio Maior, sexta-feira, dia 30, e, no sábado, dia 31, será a vez dos GNR.
Os bilhetes para os concertos de Nena e GNR podem ser adquiridos no Cineteatro de Rio Maior, na Ticketline (www.ticketline.pt) e nos dias dos concertos na bilheteira da feira.
Aos concertos principais juntam-se actuações de outras bandas e DJ: Companhia D’el Rei e Los Gordos no dia 29; Sim Senhor e DJ Vassalo no dia 30; e Trigloditas e DJ Nuno Remix no dia 31.
A Taça de Portugal de Pára-quedismo também está de regresso a Rio Maior para um espectáculo aéreo de dois dias inesquecível. Trata-se de uma prova de precisão de aterragem, que irá ocorrer no sábado, dia 30, entre as 9h00 e as 19h00, e no domingo, dia 1 de Setembro, entre as 8h00 e as 14h00. A iniciativa é do Pára-clube Nacional “Os Boinas Verdes”, com o apoio da Câmara Municipal de Rio Maior, a Federação Portuguesa de Pára-quedismo e a DESMOR.
Este ano, a FRIMOR volta a ter uma área dedicada a cerca de 15 ceboleiros para a venda dos seus produtos, mantendo assim uma tradição já centenária desta feira.
Haverá ainda, no Pavilhão Multiusos, venda de artesanato e produtos do sector agro-alimentar do concelho – como sal, queijo, azeite, mel, entre outros –, uma área de exposição empresarial, bem como uma zona reservada à gastronomia regional, à doçaria e aos licores. A feira conta ainda com uma zona de divertimentos, o Frimor Fun Park, e um amplo espaço de restauração, onde os visitantes poderão degustar a gastronomia típica da região, confeccionada pelas associações do concelho de Rio Maior.