O Festival Materiais Diversos, que desde 2009 se realiza todos os anos a partir de Alcanena, passará a ser bienal, com a próxima edição a acontecer em 2019, anunciou a organização.

“Era muito importante para nós ganhar espaço e tempo para refletir e para aprofundar as nossas colaborações com os parceiros e com os nossos públicos”, disse a directora artística da associação Materiais Diversos, Elisabete Paiva, na sexta-feira, dia em que o festival começou com uma “micro apresentação” pelo Teatro do Ferro, no Largo 14 de Agosto, em Minde, local onde no passado sábado aconteceu o espectáculo “Objetoteca Popular Itinerante”, desenvolvido numa residência artística que decorreu ao longo da semana nesta vila do concelho de Alcanena.

Ainda na sexta-feira, houve passagens pelos jardins do Museu da Aguarela Roque Gameiro, em Minde, pelo cineteatro S. Pedro, em Alcanena, e pelo Centro Cultural do Cartaxo, para apresentação dos múltiplos projectos em curso nestes dois concelhos.

“Desde a sua fundação, o festival cresceu muito, tem uma visibilidade nacional e internacional, mas interessa-nos muito compreender como é que podemos fazer melhor aquilo que já fazíamos a partir do lugar. Afirmar: ‘Estamos aqui’. E ganhámos espaço para uma programação regular, o que implica um habitar do território muito mais intenso, muito mais profundo, e muito mais oportunidades para diferentes públicos de se aproximarem de nós e dos artistas que convidamos”, afirmou Elisabete Paiva.

Assim, a edição de 2019, que vai assinalar os dez anos do Festival Materiais Diversos, projecto iniciado pelo coreógrafo Tiago Guedes (natural de Minde), vai acontecer no último fim-de-semana de Setembro em Minde e Alcanena e no primeiro fim-de-semana de Outubro no Cartaxo.

Com a passagem a bienal, “os processos de apresentação, de criação, ao longo de cada biénio vão poder reverter-se no festival com outra profundidade”, realçou.

Como exemplo, Elisabete Paiva apontou o espectáculo de teatro documental “Viagem a Portugal”, que estreará no festival, um trabalho do Teatro do Vestido, que na sexta-feira à noite promoveu uma conversa no cineteatro S. Pedro, dando conta da pesquisa em curso e que inclui três residências ao longo de dois anos em Alcanena.

O mesmo acontece com as criações para jovens públicos, que são co-produzidas pela Materiais Diversos, com oficinas para professores e para crianças, “com investimento em filosofia, em dança, em teatro”, e que depois serão apresentadas no festival.

“Com isto, acho que estamos a dar muito mais oportunidade aos nossos diferentes públicos”, disse Elisabete Paiva, referindo “a pressão para os resultados” sentida pelos artistas e as “próprias políticas culturais que, por vezes, não são amigas do tempo”.

“Para criar objetos artísticos verdadeiramente inovadores e interessantes, mas também com esta responsabilidade de olhar para os territórios com outra atenção e trazer as pessoas, desafiar os públicos a um olhar mais capacitado, é preciso mais tempo de encontro entre os artistas e as pessoas”, frisou.

Outra alteração anunciada por Elisabete Paiva foi o facto de a Materiais Diversos ter deixado de ter “artistas associados” para passar a ter “projectos associados”, recebendo ou fazendo propostas para serem construídas “a partir do lugar, a partir de pesquisas no lugar ou a partir de mecanismos de participação das pessoas do lugar” ou mesmo de recuperação do espaço público, onde quer passar a “programar mais”.

“Não estamos a abandonar os artistas, a apoiar menos, mas a apoiar de uma outra forma, até podendo diversificar o leque de artistas que estamos a apoiar”, disse, exemplificando com a bolsa “Filhos do Meio”, que disponibiliza aos artistas do distrito de Santarém uma estrutura “profissional, que tem o apoio estatal para cumprir esse desígnio”.

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