O Festival Materiais Diversos (FMD), que ontem terminou com um concerto de Surma em Minde, vai continuar a apostar nos “espaços de reencontro, de pensamento e de conversa em conjunto”, disse a directora, Elisabete Paiva.

Segundo a directora do FDM e da associação Materiais Diversos, criada em 2003, a edição deste ano do festival, que decorreu de 5 a 17 de Outubro no Cartaxo (na primeira semana) e em Alcanena e Minde (na segunda), mostrou que o “formato mais distendido, de pequena escala e proximidade, que privilegia os processos de criação em contacto muito próximo com as pessoas”, teve um bom acolhimento por parte de participantes e público.

“Esta oportunidade das reflexões diárias, através das conversas, através das mesas longas, teve uma adesão muito grande”, disse, salientando a percepção de que “as pessoas estão mesmo mais atentas e necessitadas destes espaços de reencontro e de pensamento e de conversa em conjunto”.

A presença de públicos que “já são próximos”, mas também de muita gente nova que surgiu nas várias iniciativas realizadas no festival, mostrou que as ideias que vinham a ser desenvolvidas desde 2018 “ganharam aqui um espaço concreto de experiência que as pessoas reconheceram”.

“Acho que a edição que celebrou os 10 anos, em 2019, já traduzia uma parte deste pensamento, porque tivemos muitos projectos de criação de longa duração no terreno”, disse, sublinhando que a “preponderância dos espectáculos” e a lógica de as conversas serem “agregadas a uma espécie de actividade principal” acabaram por dar lugar a uma ausência de “hierarquia entre actividades paralelas e actividades principais”.

“As caminhadas, as conversas, os espectáculos, as instalações aparecem [agora] todas ao mesmo nível”, o que “faz com que as pessoas reconheçam que este pode ser um caminho diferente”, salientou.

“É uma experiência diferente de contacto com as artes, que não é desligada de um pensar sobre o que é estarmos juntos hoje e depois de uma pandemia”, afirmou.

Elisabete Paiva afirmou que o balanço do festival vai acontecer nos próximos dias com a equipa, mas também com os parceiros e com os artistas, para, até à próxima edição, em 2023, estes poderem regressar “várias vezes aos territórios” e “poderem criar com mais tempo”, terem processos de pesquisa mais longos, “em que o tempo de estarem com as pessoas a investigar, a discutir possibilidades, é maior”.

Para a directora da Materiais Diversos, a dimensão da reflexão e das conversas poderá ter continuidade na própria programação regular que a associação desenvolve nos concelhos do Cartaxo e de Alcanena.

“Percebemos que havia mesmo uma necessidade deste tipo de experiência que nos leva a pensar que, daqui até à próxima edição, teremos de dar continuidade de alguma forma, mas ainda não sabemos exactamente como, [a processos com] tempos de criação marcadamente longos, com o envolvimento das pessoas”, referiu.

Consciente da mudança política ocorrida nas eleições autárquicas de 26 de Setembro no Cartaxo (onde o PSD conquistou a Câmara ao PS) e em Alcanena (em que o PS foi derrotado por uma candidatura independente), Elisabete Paiva disse que será preciso um encontro com as novas equipas para perceber qual o impacto dessas mudanças.

Contudo, acredita que o “lastro muito positivo” deixado pelo festival junto de vários parceiros locais, desde escolas a colectividades, pode “levar ao encontro de visões e de expectativas”, além de sentir que existe uma postura positiva que pode ajudar o projecto a sedimentar-se e a aprofundar-se.

“Um festival com 10 anos em Portugal, por um lado, já tem uma história e já tem um corpo de trabalho reconhecível. Por outro, não é assim tanto tempo e, portanto, ainda faz sentido pensar que temos de aprofundar, temos de consolidar”, declarou.

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