Comissão de Festas antecipou espectáculo para contornar proibição governamental. População dividida entre defesa da tradição e críticas à irresponsabilidade.
A edição de 2025 das festas populares de Marinhais, no concelho de Salvaterra de Magos, ficou marcada por uma forte polémica: o espectáculo de fogo de artifício foi antecipado para as 23h30 de sábado, 2 de Agosto, meia hora antes da entrada em vigor da proibição decretada pelo Governo devido ao risco extremo de incêndio.
A medida, anunciada nas redes sociais pela Comissão de Festas — e depois apagada — pretendia evitar a infração da lei, que proibia fogo de artifício a partir da meia-noite, mas foi amplamente criticada como um “chico-espertismo à portuguesa”.
Pouco depois do lançamento, deflagraram cinco focos de incêndio em zonas de mato nos arredores da vila. A rápida intervenção dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, que estavam de prevenção no local, impediu que o fogo se alastrasse.
“Noção procura-se”: reacções indignadas nas redes
A decisão provocou reacções acesas nas redes sociais. “Estão a brincar com a vida das pessoas”, “quando o país arde, choram” ou “devia arder tudo para aprenderem” foram alguns dos comentários mais partilhados. Muitos acusaram a Comissão de Festas de irresponsabilidade e criticaram a tentativa de contornar o espírito da lei.
A indignação aumentou quando a Comissão começou a apagar comentários e bloquear utilizadores. A página oficial acabou por remover a publicação original, mas vídeos e imagens continuaram a circular.
Autarquia elogia comissão: “Tradição e legalidade”
Apesar da controvérsia, a autarquia e a Junta de Freguesia apoiaram a decisão. O presidente da Câmara, Hélder Esménio, elogiou publicamente a organização: “Parabéns à Comissão de Festas pelo rigoroso cumprimento dos pareceres das autoridades e por honrar a tradição, a história e a lei”, escreveu.
A vice-presidente da Junta reforçou a mesma posição: “Em 57 anos de festas nunca houve incidentes. A tradição é para manter”.