Eurico Henriques, professor aposentado e vereador do Património na Câmara Municipal de Almeirim, apresentou o seu mais recente livro “Igreja do Divino Espírito Santo – Um espaço de Memórias”. Uma obra sobre a pesquisa e investigação de um espaço emblemático da cidade. Para além de igreja durante séculos, aquele espaço foi adaptado desde o início do século XX como escola primária e mais tarde sede de várias associações de Almeirim. O autor retrata neste livro a busca da verdade sobre este espaço e a sua importância patrimonial para a cidade.

O que o levou a escrever o livro sobre a ‘Igreja do Divino Espírito Santo?
Escrever um livro é a parte final de um trabalho de pesquisa e investigação realizadas sobre o tema em causa. Considerei que estavam reunidas informações históricas, de fontes documentais, suficientes, as quais permitiam a construção de um devir histórico correcto e plausível sobre o tema.

O que é que o inspirou para realizar esta obra?  
A inspiração resultou da necessidade de conhecer a História do edifício. Atendendo às afirmações existentes sobre a sua origem e funcionalidade considerei que não era possível que tivessem sido as que se proclamavam.

Como é que está estruturado este livro?  
O livro está estruturado segundo as opções tomadas: identificar o espaço, referir as obras de recuperação realizadas, descrever o percurso temporal do mesmo com recurso às fontes históricas. Apresentar um conjunto de propostas de utilização do mesmo espaço, como forma de valorização deste património edificado almeirinense.

Como foi o processo criativo? 
O processo criativo, sé é que assim se pode classificar o trabalho de investigação realizado, obedeceu a um interesse pelo conhecimento dos factos relacionados com o património edificado, neste caso concreto representado pela igreja e pelo corpo escolar construído em 1915. Para o efeito houve que se desenvolver uma investigação nos arquivos locais, distritais e nacionais, numa pesquisa persistente, embora as dificuldades, na procura de informações concretas.

Este livro fala sobre a história deste edifício emblemático de Almeirim. O trabalho de investigação foi demorado?
Se tivermos em conta que não existiam trabalhos que referissem o espaço em causa, houve a necessidade de se proceder à sua pesquisa, de modo a que esta fornecesse as informações e respostas que procuravam. Assim, houve o recurso ao arquivo municipal de Almeirim – que possuía pouca informação – ao arquivo distrital de Santarém, à Biblioteca Municipal de Lisboa e ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Há igualmente que se considerar o recurso a trabalhos realizados por autores credenciados na área de interesse.
A cada documento consultado surgia a necessidade de mais um complemento e daí a mais investigação. Foi um trabalho demorado que requereu muita paciência e espírito científico.

No decurso dessa investigação encontrou algo que não estava à espera ou alguma história que desconhecia?
Quando realizamos uma pesquisa sistemática, procurando informações sobre factos ocorridos e que se relacionam com o estudo que fazemos, surgem sempre novas informações, novas revelações que acrescentam mais valor ao que fazemos. Foi possível identificar situações que permitem um novo trabalho sobre a história almeirinense. Posso afirmar que foi com surpresa que tomei conhecimento de factos que enriqueceram os meus conhecimentos nesta área.

A quem é dirigido este livro? 
O livro foi escrito para todos os interessados em conhecer uma parte importante da História de Almeirim. O espaço escolar, conhecido como as Escolas Velhas, revelou-se muito mais do que isso. As memórias locais sobre o complexo – considero o complexo porque se engloba a Igreja do Divino Espírito Santo e o Bloco Escolar construído em 1915 – não tinham referências precisas e verdadeiras sobre a sua funcionalidade nem sobre as sucessivas transformações ocorridas no decurso da sua existência. Daí que o método de apresentação e de escrita seja aberto, permitindo uma leitura fácil e elucidativa. Ele é dirigido preferencialmente a todos os moradores da cidade.

O que representa para si a escrita?    
Eu leio livros, revistas e jornais desde a minha infância. Em minha casa tínhamos uma pequena Biblioteca, que fora organizada pelo meu irmão mais velho. Aí estavam livros de vários autores consagrados. Posso dizer que aos 8, 9, 10 anos li Tosltoi, Dostoievsky, Júlio Dinis, Alexandre Herculano, autores italianos, franceses e ingleses. Para mim a leitura foi crucial para me ajudar a perceber o mundo. Com ela a escrita. Sempre gostei de escrever.

Que livros é que o influenciaram como escritor? 
Bem, a resposta será múltipla. Jorge Amado. Li todas as obras deste gigante da literatura de Língua Portuguesa. Mas destaco o livro “Mar Morto”. Steinbeck, Margueritte Duras, Heervé Bazin e outros. Da literatura portuguesa há um vasto leque de autores, nomeadamente deste nosso tempo, que trazem consigo uma informação que nos arrebata, uma técnica de produção textual absorvente.

Considera que um livro pode mudar uma vida? 
Não acredito que a leitura de um livro mude uma vida. Pode acrescentar alguma informação ou propor resoluções que nos sejam favoráveis, mas não levar-nos a mudar. Construir uma vida é um processo que vem de pequenino e se enriquece com tudo o que aprendemos.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa? 
Naturalmente que sim. Estou a construir uma narrativa histórica sobre Almeirim. Aqui posso referir que tenho lido publicações que não se compadecem com a verdade histórica. Não aceito essa forma de propagandear conhecimento. Quando escrevemos sobre uma realidade temporal e espacial bem como sobre as pessoas que as viveram, há que ser cuidadoso e obedecer a regras.

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