O desenvolvimento de projetos nas áreas da educação e literacia ecológica é um dos objetivos da Fundação Mendes Gonçalves, que ainda está no “ano zero”, mas pretende já “dar um sinal de compromisso com a comunidade”.
Em declarações à Lusa, o presidente da Fundação, Tiago Pereira, explicou que a instituição, criada em Abril, está a viver um “ano zero”, mas quis “dar um sinal de compromisso com a comunidade” e iniciar projetos estruturantes antes da entrada em vigor do plano estratégico, previsto para 2026.
“Queremos afirmar uma filantropia de proximidade, começando pela Golegã, onde estamos sediados, e alargando aos concelhos limítrofes”, afirmou o presidente da Fundação, que já assinou protocolos de colaboração com os municípios de Alcanena, Chamusca, Golegã e Vila Nova da Barquinha.
Um dos eixos centrais é a educação na primeira infância, com enfoque no reforço da resposta para crianças dos 0 aos 3 anos.
“Há uma dificuldade generalizada no acesso a creches, que nestes territórios é ainda mais significativa”, sublinhou Tiago Pereira.
Para responder a esta carência, a Fundação vai lançar um projeto-piloto para formação e formalização de amas, em articulação com a Segurança Social e as autarquias. O curso arranca na segunda-feira, com candidatas de todos os concelhos abrangidos.
Segundo o responsável, a solução “permite aumentar a capacidade de resposta de forma qualificada e flexível”, sobretudo em localidades afastadas das sedes de concelho, onde a oferta é escassa.
“Queremos criar um modelo que possa ser replicado e até influenciar políticas públicas”, acrescentou, referindo que o projeto inclui acompanhamento técnico e apoio à adaptação de espaços.
Além da primeira infância, os protocolos preveem a criação de uma rede interinstitucional de equipamentos educativos, destinada à partilha de boas práticas e à promoção de metodologias inclusivas e centradas na criança.
“Em Portugal, a formação inicial dos educadores dedica apenas 20% ao período dos 0 aos 3 anos. É essencial investir em desenvolvimento profissional e metodologias centradas na criança”, defendeu Tiago Pereira.
A Fundação quer também criar um centro de treino e partilha de práticas para elevar a qualidade educativa, “porque não basta falar de vagas, é preciso falar do que acontece quando a criança entra na creche”.
Outro pilar é a literacia ecológica, através da implementação, em escolas do 1.º ciclo, de atividades de enriquecimento curricular centradas na construção de hortas-florestas regenerativas.
“Queremos que as crianças compreendam princípios de biodiversidade, regeneração do solo e sustentabilidade”, explicou.
O projeto, desenvolvido com especialistas, será testado no segundo semestre do ano letivo em pelo menos dez escolas dos concelhos parceiros: cada turma vai criar um “ninho” de horta-floresta, passando por todas as etapas, da plantação à colheita, com apoio de manuais e monitores formados.
A Fundação Mendes Gonçalves pretende também, nos próximos cinco anos, consolidar uma rede de creches e jardins-de-infância, promover práticas pedagógicas inovadoras e contribuir para a adoção de modelos agrícolas sustentáveis na região.
“Queremos que esta seja uma região piloto, capaz de inspirar outros territórios”, afirmou Tiago Pereira, destacando também a ambição de “aumentar a consciência sobre a importância da educação precoce e da qualidade das respostas”.
Além dos quatro municípios já envolvidos, a Fundação está em conversações com Torres Novas e Entroncamento para alargar a rede de colaboração.
“O objetivo é criar uma dinâmica regional que una sociedade civil, autarquias e instituições em torno da educação e da sustentabilidade”, adiantou.
A Fundação Mendes Gonçalves tem como missão promover soluções locais centradas na educação de qualidade, regeneração ambiental e nutrição,” que possam inspirar práticas e políticas públicas em Portugal e no mundo”, lê-se no ‘site’ da fundação.
