O Centro de Emprego e Formação Profissional de Santarém assume um papel crucial na qualificação de desempregados e activos, adaptando-se às exigências do mercado. Em entrevista ao Correio do Ribatejo, Conceição Duarte, directora da instituição, fala sobre os desafios actuais, a importância da formação profissional para a empregabilidade, a integração da população estrangeira e a necessidade de atrair mais jovens para cursos técnicos.

Quais são as principais áreas de formação profissional actualmente oferecidas pelo Serviço de Emprego e Formação Profissional de Santarém?

O nosso centro disponibiliza uma vasta oferta formativa em diversas áreas profissionais. Entre elas, destacam-se a hotelaria, os cuidados de saúde, e cuidados de beleza, a área automóvel, as canalizações, a electricidade, refrigeração e climatização, jardinagem, agricultura, costura, informática, contabilidade e os serviços. Para além destas áreas tradicionais, temos vindo a adaptar a nossa formação às necessidades emergentes da sociedade.

Um dos grandes desafios actuais é a integração da população estrangeira na região, pelo que temos apostado fortemente no Português Língua de Acolhimento. Esta vertente tornou-se essencial para apoiar os migrantes na sua adaptação e inserção no mercado de trabalho. Actualmente, o nosso ficheiro de desempregados regista cerca de 7 mil pessoas nos 11 concelhos sob a nossa alçada, incluindo Santarém e Salvaterra de Magos. Destes, cerca de 2 mil são estrangeiros, um número que tem vindo a aumentar.

A aprendizagem da língua é, assim, um dos eixos fundamentais do nosso trabalho, garantindo que estas pessoas possam aceder a oportunidades de emprego e contribuir activamente para a economia local.

O número de desempregados nos 11 concelhos abrangidos pelo centro é preocupante?

Estamos a registar um ligeiro aumento do desemprego, mas ainda considero que nos encontramos numa situação de pleno emprego, na medida em que continuamos a ter mais ofertas de trabalho do que candidatos disponíveis para as preencher.

Neste contexto, a formação profissional assume um papel fundamental, garantindo que os desempregados adquiram as competências necessárias para responder às exigências do mercado. Um dos factores que tem contribuído para o aumento do número de inscritos nos serviços de emprego é o crescimento da população migrante, que representa já uma parcela significativa deste universo. Assim, temos procurado ajustar a nossa oferta formativa para facilitar a integração destes cidadãos no mercado de trabalho.

De que forma o centro identifica as necessidades de formação da região e adapta os seus cursos para responder às exigências do mercado?

Mantemos um contacto permanente e de proximidade com empresas, entidades e municípios, que nos fornecem um feedback essencial sobre as necessidades do mercado de trabalho. Esse diálogo contínuo permite-nos ajustar a oferta formativa e garantir que os cursos que promovemos correspondem às exigências das empresas e às oportunidades de emprego disponíveis.

No entanto, este processo nem sempre é simples. Muitas vezes, existe um desfasamento entre a procura do mercado e os interesses dos candidatos. Um exemplo claro disso é a área das canalizações – há uma carência evidente de profissionais qualificados, mas a procura por formação nesta especialidade continua a ser reduzida. Apesar de dispormos de uma oficina de canalizações equipada ao mais alto nível, muitas vezes temos dificuldade em encontrar formandos interessados nesta área.

Para além da formação de desempregados, desempenhamos também um papel importante na formação de activos, ou seja, de trabalhadores que já se encontram empregados e que procuram actualizar ou diversificar as suas competências. Esta vertente tem sido essencial para apoiar a requalificação e valorização profissional dos trabalhadores, contribuindo para o crescimento das empresas e para a evolução das carreiras individuais.

Existe alguma área ou empresa em que o centro tem registado maior sucesso na formação e integração de profissionais?

Sim, temos tido grande sucesso na área da saúde, nomeadamente na formação de técnicos auxiliares de saúde, cuja procura tem sido muito significativa. Para responder a esta necessidade, investimos recentemente num espaço oficinal novo e num laboratório, que nos permite oferecer formação em várias áreas, incluindo saúde e segurança alimentar.

Temos estabelecido uma relação de proximidade com empresas e instituições de saúde, o que tem facilitado a integração dos formandos no mercado de trabalho. Um exemplo disso é a parceria com o Hospital de Santarém e a CUF, que têm absorvido uma parte significativa dos profissionais que formamos. Este sucesso deve-se, em grande parte, à nossa capacidade de adaptação às necessidades reais do sector, garantindo que os formandos saem preparados para responder às exigências do mercado.

O laboratório que criámos tem sido essencial para essa resposta transversal e demonstra o nosso compromisso com a inovação e a modernização da formação profissional.

O centro tem-se modernizado ao longo dos anos?

Temos apostado, claramente, na modernização da formação profissional, nomeadamente através da adopção de novas tecnologias e da melhoria das infra-estruturas. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), já recebemos algum equipamento, embora as decisões sobre esses investimentos sejam tomadas a nível central. Ainda assim, procuramos sinalizar constantemente as nossas necessidades e sermos proactivos na implementação de melhorias.

A minha equipa tem um papel crucial nesse processo. Acredito que as instituições são construídas pelas pessoas, por isso ouvimos activamente os técnicos, as empresas e as entidades com quem trabalhamos. Essa escuta atenta permite-nos ter uma visão abrangente e tomar decisões mais acertadas sobre as áreas em que devemos investir.

Um exemplo concreto desse investimento é o nosso laboratório, que surgiu inicialmente de uma iniciativa interna, mas acabou por ser reaproveitado e valorizado pelas instâncias superiores. Hoje, este espaço funciona como um centro-piloto, permitindo-nos oferecer formação transversal em diversas áreas. Os resultados têm sido muito positivos, tanto na qualidade do ensino como na integração dos formandos no mercado de trabalho.

O centro mantém uma ligação activa com outras entidades e escolas de formação profissional?

Procuramos manter uma relação de proximidade com as escolas e outras entidades de ensino e formação profissional. No entanto, reconheço que esse trabalho precisa de ser ainda mais reforçado. Muitas vezes, os jovens passam 12 anos no ensino regular sem uma verdadeira reflexão sobre as suas escolhas profissionais, e a formação profissional deveria ser vista como uma opção viável e atractiva desde cedo.

Temos sentido abertura por parte das escolas, mas é necessário um esforço conjunto, também a nível superior, para que a formação profissional seja efectivamente valorizada. Um dos desafios que enfrentamos é a localização do nosso Centro na zona industrial, o que pode desmotivar alguns jovens e famílias, cujos pais preferem que frequentem cursos no centro da cidade. Apesar disso, temos procurado soluções, incluindo a criação de respostas formativas em espaços mais acessíveis dentro da cidade.

Outra aposta tem sido o estreitamento de laços com empresas. Um bom exemplo disso é a parceria com a BMW, que tem sido bastante interessante, especialmente na formação de activos na área da mecânica e da reparação de carroçarias. Estas colaborações são fundamentais para tornar a formação profissional mais apelativa e garantir que os formandos têm contacto directo com o mercado de trabalho.

O nosso objectivo é continuar a criar soluções e ser uma resposta eficaz para os jovens, sobretudo para aqueles que percebem que o ensino regular não se ajusta às suas aptidões. A ligação entre empresas, entidades de ensino e formação profissional deve ser cada vez mais estreita para garantir que os jovens têm oportunidades concretas de qualificação e inserção no mercado de trabalho.

Defende que o ensino profissional deve ser mais valorizado e visto como uma opção real para os jovens?

Sim, sem dúvida. Existem diversas profissões para as quais há uma grande carência de profissionais qualificados, mas que, por diferentes razões, não têm sido suficientemente atractivas para os jovens. Essa falta de interesse pode dever-se ao desconhecimento sobre as oportunidades que estas áreas oferecem ou, em alguns casos, a um trabalho de parceria entre entidades que ainda não é tão eficaz como poderia ser.

A formação profissional precisa de ganhar mais visibilidade e eficácia, sendo apresentada desde cedo como uma alternativa viável. Muitos jovens acabam por seguir percursos que, mais tarde, percebem não ser os mais adequados para as suas aptidões, quando poderiam ter encontrado uma resposta mais alinhada com os seus interesses numa formação técnica ou prática. A chave está em garantir que a formação profissional seja divulgada e valorizada como uma escolha tão legítima e promissora quanto o ensino regular.

Quantas pessoas frequentam, em média, a formação no centro?

Essa parece uma pergunta simples, mas na realidade é mais complexa do que parece. O nosso centro responde directamente a 11 concelhos, abrangendo também os utentes da região do Oeste Norte, que inclui Alcobaça, Caldas da Rainha e Bombarral. A razão para esta abrangência é que o Centro de Emprego do Oeste Norte é um “Centro de Emprego Puro”, ou seja, não tem um centro de formação agregado. Assim, o nosso centro acaba por absorver também as necessidades formativas dessa região.

Em termos de números, temos cerca de 800 formandos em permanência, variando ao longo do ano, mas em termos anuais formamos muito mais do que isso. No ano passado, por exemplo, ultrapassámos os 9 mil formandos, distribuídos por várias modalidades de formação. A quantidade exacta de participantes nas acções varia ao longo do tempo, consoante a oferta de cursos e a procura, mas mantemos sempre uma capacidade significativa de resposta para os diferentes públicos.

Além da formação, que outros apoios são disponibilizados pelo IEFP de Santarém?

O nosso trabalho divide-se entre duas grandes áreas: a formação profissional e o apoio ao emprego. No que diz respeito à formação, oferecemos várias modalidades e níveis de aprendizagem, garantindo que cada formando tem acesso a um percurso adequado às suas necessidades.

No âmbito do emprego, trabalhamos directamente com as entidades empregadoras, disponibilizando medidas de apoio à contratação, ajustamos candidatos a ofertas de emprego, estabelecendo pontes entre os candidatos e as empresas. Em muitos casos, os formandos acabam por integrar o mercado de trabalho ainda antes de concluírem a formação, graças ao acompanhamento que fazemos junto das entidades empregadoras. Se, no decorrer do curso, surgir uma oportunidade de emprego adequada ao perfil do formando, ajudamos no encaminhamento e facilitamos esse processo de transição.

Este modelo tem-se revelado bastante eficaz, garantindo que a formação profissional não é apenas um meio de qualificação, mas também um caminho directo para o emprego. O Instituto do Emprego e Formação Profissional tem desempenhado um papel crucial nesta dinâmica, assegurando que as respostas dadas às pessoas em situação de desemprego são não só formativas, mas também orientadas para a sua efectiva inserção profissional.

A imigração jovem tem sido um tema muito debatido em Portugal. Como é que esta tendência pode ser contrariada?

Essa é uma questão complexa e que exige uma reflexão abrangente. Sei que os empresários podem não gostar muito do que vou dizer, mas a verdade é que Portugal precisa de ser mais competitivo em termos de remuneração. Existem profissões essenciais para a sociedade, mas que continuam a ser mal pagas, levando muitos jovens a procurar oportunidades no estrangeiro.

Áreas como os serviços e o apoio aos idosos são um exemplo claro desta realidade. São profissões que exigem aptidão, qualificação e um elevado nível de exigência, quer em termos técnicos, quer em termos de disponibilidade horária. No entanto, os salários oferecidos não são suficientemente atractivos para fixar os trabalhadores. A solução para este problema passa por um esforço conjunto entre empresas, entidades públicas e políticas de emprego e formação, que precisam de repensar os modelos de valorização e compensação destas profissões. Tenho exemplos concretos, também, da área da soldadura, onde muitos jovens que formámos acabaram por emigrar porque as condições salariais oferecidas lá fora eram bastante superiores às que conseguiam obter em Portugal. Mesmo quando as empresas nacionais tentavam mantê-los, não conseguiam competir com as propostas estrangeiras.

No entanto, no universo de pessoas com quem trabalhamos, que não são maioritariamente licenciados, não sei se há, ou não, um êxodo tão acentuado. 

Contudo, na minha perspectiva, a valorização das profissões é essencial, e há casos que demonstram que isso pode ser feito. A cozinha e a restauração são um bom exemplo. Nos últimos anos, houve um grande crescimento do interesse por esta área, muito impulsionado pela forma como foi promovida nos meios de comunicação social e em programas televisivos. Hoje, os jovens sentem orgulho em dizer que são cozinheiros ou chefes de cozinha, algo que não acontecia há alguns anos.

Este reconhecimento tem um impacto directo na atractividade da profissão. Em Santarém, tivemos um caso de grande sucesso – um formando do nosso centro venceu uma edição do WorldSkills, um prémio internacional que distingue a excelência na formação profissional. Estes exemplos mostram que, quando há investimento na valorização pública de uma profissão, os resultados aparecem.

No entanto, há ainda muitas áreas que carecem dessa valorização social e profissional. Um exemplo disso é a electricidade – há alguns anos, conseguíamos facilmente abrir cursos nesta área, mas hoje é muito difícil captar candidatos. A mudança de interesses dos jovens, o aumento do tempo passado em frente a ecrãs e a falta de promoção destas profissões são factores que contribuem para este desinteresse.

Se queremos contrariar a emigração e fixar talento no país, temos de investir não só em melhores condições de trabalho e remuneração, mas também numa mudança da percepção social sobre estas profissões, tornando-as mais reconhecidas e valorizadas.

As empresas procuram o centro para recrutar trabalhadores ou há falta de procura por parte das entidades empregadoras?

Sim, as empresas recorrem frequentemente ao nosso centro para recrutar profissionais. Recebemos ofertas de emprego regularmente, e o nosso papel é procurar satisfazer essas necessidades, encaminhando candidatos qualificados para essas oportunidades.

Além do trabalho directo com as empresas, também mantemos uma relação estreita com o ensino superior, nomeadamente com o Instituto Politécnico de Santarém, com quem colaboramos na promoção dos cursos de especialização tecnológica. Estas parcerias são fundamentais para garantir que os formandos saem da formação com competências ajustadas às exigências do mercado.

Acredito que este trabalho de proximidade e comunicação com as empresas e entidades formadoras é essencial. No entanto, para além da ligação externa, é igualmente importante fazermos uma reflexão interna e garantirmos que toda a equipa do centro está alinhada com os nossos objectivos e com a forma como actuamos no mercado de trabalho. Quando há sintonia dentro da organização e uma estratégia clara, conseguimos ser mais eficazes na resposta às necessidades das empresas e dos formandos.

Quais são actualmente os principais desafios do IEFP de Santarém na implementação das políticas de emprego?

Esta é uma reflexão que temos feito com regularidade. No início do ano, reunimos a equipa técnica para fazer um balanço de 2024 e identificar os grandes desafios que enfrentaremos em 2025. Há dois temas que se destacam e que já referimos ao longo desta conversa.

O primeiro grande desafio é a integração da população estrangeira. Para além da formação em Português Língua de Acolhimento, é essencial dotar estas pessoas de competências profissionais, garantindo que possam responder às necessidades do mercado de trabalho. Há sectores com grande carência de mão de obra, como a agricultura, onde, apesar de existirem oportunidades, falta formação específica. Tomemos como exemplo as podas e a vitivinicultura – o sector dos vinhos está em crescimento e há uma necessidade clara de qualificação nesta área.

O segundo desafio é a captação e motivação dos jovens para a formação profissional. O Centro tem cumprido todas as metas estabelecidas em termos de número de formandos, volume de formação e gestão orçamental, mas o verdadeiro objectivo é que essa formação seja uma resposta eficaz às necessidades do mercado. O nosso papel não pode ser apenas oferecer cursos – temos de ajudar a mudar mentalidades, mostrando que existem áreas profissionais com grande empregabilidade que, muitas vezes, os jovens nem sequer consideram.

Dou, mais uma vez, como exemplo, a formação em canalização. Todos reconhecem que há uma escassez de canalizadores, mas mesmo com uma oficina bem equipada e com formação de qualidade, é difícil encontrar candidatos. O mesmo acontece em áreas como a pneumática e hidráulica, onde a sensibilização ainda é um desafio. O público adulto, que já passou pelo mercado de trabalho e enfrentou o desemprego, tende a ter uma visão mais pragmática, mas os jovens, por vezes, não têm essa percepção e resistem a profissões técnicas.

Sabemos que há casos de sucesso. Muitas pessoas chegam ao Centro desanimadas e saem com novas perspectivas, percebendo que podem, de facto, encontrar um caminho profissional estável. No entanto, também lidamos com outro desafio: os jovens que nem estudam, nem trabalham. Estes casos são mais difíceis, pois exigem um acompanhamento individualizado e um esforço maior de proximidade.

Para responder a estas dificuldades, apostamos em acções de divulgação, participando em eventos como a Feira da Agricultura, a Intereduca, além de várias feiras municipais de educação. Sempre que participamos nestes eventos, fazemos questão de destacar as áreas onde há maior dificuldade de recrutamento e onde existe mais procura por profissionais qualificados.

Apesar dos desafios, continuamos focados em proximidade, comunicação e adaptação, tentando sempre encontrar as melhores respostas para os formandos e para o mercado de trabalho.

Os jovens que optam pela formação profissional têm vantagens como bolsas de apoio?

Os formandos têm direito a bolsas e a apoios sociais, o que pode ser uma ajuda significativa para muitos jovens que ponderam enveredar pela formação profissional, tornando esta via uma opção ainda mais interessante para quem precisa de um suporte financeiro durante o percurso formativo.

Além disso, estes incentivos podem ser determinantes para manter os jovens no percurso formativo até ao fim. Muitas vezes, os jovens iniciam um curso, mas enfrentam dificuldades que os levam a abandonar a formação. O apoio financeiro pode fazer toda a diferença, garantindo que tenham condições para concluir a qualificação e ingressar no mercado de trabalho.

Falta também uma maior divulgação das excelentes condições e infra-estruturas do centro?

Sim, acredito que muitos jovens e famílias não têm plena consciência da dimensão do nosso centro e das condições que oferecemos. Temos instalações modernas e adequadas, incluindo uma cantina de qualidade, que são elementos que poderiam tornar a formação profissional mais atractiva se fossem amplamente divulgados.

Se o centro estivesse localizado no coração da cidade, a sua visibilidade seria naturalmente maior. Como estamos numa zona industrial, torna-se ainda mais essencial trabalhar na comunicação e na proximidade com os públicos-alvo. Fazemos este esforço de várias formas, desde parcerias com entidades e empresas até à aposta crescente na comunicação digital.

O próprio IEFP tem vindo a investir na sua presença mediática, utilizando personalidades conhecidas para ajudar a divulgar a importância da formação profissional. O trabalho nas redes sociais é um exemplo claro desta estratégia, pois permite alcançar públicos mais jovens e dar-lhes uma visão mais clara das oportunidades disponíveis.

É fundamental que a formação profissional seja notícia pelas boas razões, para que as pessoas compreendam o impacto positivo que tem na vida dos formandos e no desenvolvimento do mercado de trabalho. Sem essa comunicação eficaz, será sempre difícil captar mais candidatos e desmistificar algumas ideias erradas sobre este percurso educativo.

O fenómeno dos “nem-nem” (jovens que não estudam nem trabalham) está a crescer. Qual é a sua perspectiva sobre este problema e como pode ser contornado?

O fenómeno dos “nem-nem” está a crescer a nível global, não apenas em Portugal, e representa um grande desafio para a sociedade. A questão fundamental é que estas pessoas não estão a ser integradas em nenhum percurso educativo ou profissional, o que compromete as suas oportunidades futuras e afecta o desenvolvimento económico e social do país.

As respostas que existem para estes jovens são as mesmas que existem para os outros, mas a dificuldade está em identificá-los e mobilizá-los para essas oportunidades. O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e esta unidade orgânica trabalham nesse sentido, mas o problema exige uma estratégia mais ampla, que vai além da nossa actuação directa.

No entanto, dentro do que podemos fazer, temos apostado num trabalho de proximidade, através das nossas equipas técnicas de acompanhamento das acções de formação, técnicas de serviço social, e conselheiros de orientação profissional. Assim que conseguimos identificar jovens nesta situação, procuramos sinalizá-los e envolvê-los, muitas vezes em parceria com outras entidades. O contacto directo e individualizado é essencial, pois cada caso é diferente e exige uma abordagem personalizada.

Se, para um desempregado comum, o acompanhamento já tem de ser intensivo, com os jovens “nem-nem” tem de ser ainda mais próximo e persistente. É preciso perceber o contexto de cada pessoa, as dificuldades específicas que enfrenta e como podemos encaminhá-la para um percurso de qualificação ou para o mercado de trabalho. Sem essa abordagem focada, corremos o risco de continuar a perder estes jovens para a inactividade, o que tem um impacto muito negativo a longo prazo.

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