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Quase metade dos incêndios rurais registados este ano no Médio Tejo teve causa intencional, seguindo-se os fogos com origem negligente, disse hoje o comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil, David Lobato.

Numa reunião do Centro Coordenador Operacional Sub-Regional, que juntou várias entidades em Ourém, distrito de Santarém, para efetuar o balanço do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), David Lobato começou por dizer que, entre 01 de janeiro e 15 de outubro, houve 206 ocorrências, de que resultaram 113,235 hectares ardidos no Médio Tejo.

O comando sub-regional do Médio Tejo abrange os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.

Até 15 de Outubro, o concelho de Ourém foi o que registou maior número de incêndios rurais (69), seguindo-se Abrantes (60), mas este último a ter maior área ardida (68,682 hectares).

Do total de incêndios rurais nesta sub-região, 95 foram intencionais, 81 tiveram causa negligente e registou-se, ainda, quatro situações de reacendimento.

“Quase 50% das ocorrências são de origem intencional”, frisou David Lobato, esclarecendo que, neste âmbito, Ourém foi o concelho com maior número (46) e logo depois Abrantes (25).

No caso dos incêndios com causa negligente, Abrantes lidera (25) e logo depois surge Ourém (16).

Apenas dois incêndios de um total de 206 tiveram causa natural, de acordo com os dados hoje disponibilizados.

Comparativamente ao histórico dos últimos cinco anos (2020-2024), o Médio Tejo teve menos 19% de ocorrências de incêndios rurais e menos 95% de área ardida relativamente à média anual deste período.

De acordo com David Lobato, 2025 é ainda o segundo ano com menos ocorrências e menos área ardida desde 2020.

O melhor ano em termos de incêndios rurais (201) foi 2021, também com menos área ardida (87,43 hectares).

Em sentido inverso, o pior foi 2020 (313 incêndios rurais), mas em termos de área ardida foi 2022 com 8.066,85 hectares (292 incêndios).

Na reunião, o comandante sub-regional do Médio Tejo destacou para este trabalho as medidas de antecipação e monitorização, exemplificando com o pré-posicionamento de meios, o reforço de equipas, o alargamento dos períodos de vigilância, a disponibilização de meios técnicos (máquinas de rasto, ‘kits’ de juntas de freguesia ou reservatórios de água), envio de notificações SMS, declaração de situação de alerta, reuniões diárias do Centro Coordenador Operacional e difusão de avisos à população via órgãos de comunicação social, entre outros aspetos.

“Ganhamos, antecipando”, resumiu David Lobato, que realçou ainda não haver vítimas mortais, nem feridos graves.

Aos jornalistas, o comandante sub-regional reconheceu que “o Médio Tejo tem um grande problema, que é o ‘incendiarismo’”.

Considerando que tem sido feito “um trabalho extraordinário” pela Guarda Nacional Republicana, Polícia Judiciária e Grupo de Redução de Ignições (composto por elementos daquelas polícias e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), com suspeitos identificados e detidos, sobretudo em Ourém, David Lobato admitiu, contudo, ser necessário “apostar ainda mais na sensibilização com os municípios, ir às freguesias e, se calhar, abaixo das freguesias, à própria aldeia”.

Quanto ao trabalho de combate, salientou a importância de ter “uma dispersão de meios pelo território todo” com equipas pré-posicionadas, sustentando que, por isso, o Médio Tejo não teve grandes incêndios este ano, para assinalar ainda que esta região tem vindo “a diminuir o número de ignições e também a área ardida”.

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