Joana Cota é uma fadista natural de Monsanto (Alcanena). Reside actualmente no concelho de Abrantes. A jovem artista, desde tenra idade, vê na música o seu mundo perfeito. O Fado apareceu na sua vida por acaso e assim que experimentou e se apercebeu do que a fazia sentir nunca mais quis outra coisa. Os seus próximos espectáculos, são entre 27 deste mês a 1 de Outubro, onde fará uma digressão pela Ilha da Madeira.
Como é que apareceu a música na sua vida?
Não sei ao certo. As primeiras recordações que tenho são as de ouvir rádio com o meu pai. Adorava dançar e era muito “orelhuda”, pelo que ao ouvir uma música uma vez, já a cantava inteira na vez seguinte. Ao se aperceberem desse gosto musical, os meus pais inscreveram-me na escola de música da minha aldeia, coordenada por Jorge Frazão que me ensinou solfejo e todas as bases primárias da música. Aprendi órgão e foi aí que desenvolvi o gosto pelo canto, pois tocava e cantava as músicas das aulas. Todo este processo se torna mais sério quando aos 14 anos integrei o grupo musical “Arnaldo Marques e Joana”, no qual realizei centenas de eventos, cantando e animando o público em geral. Foi uma escola de traquejo de comunicação e onde tive oportunidade de desenvolver e descobrir ainda mais a minha voz.
Quando é que decide ser fadista?
Não decidi ser fadista, simplesmente aconteceu… O Sr. Morgado, figura conhecida por lançar jovens talentos no concelho de Alcanena, conheceu-me num dos bailaricos que realizei e desafiou-me a cantar aqueles fadinhos que cantava para dançar, mas acompanhada por guitarra e viola. Gostei da sugestão, experimentei e quando percebi o que o Fado me fazia sentir, não quis mais outra coisa.
O que é o Fado para si?
O Fado é um estado de alma. Nele consigo expressar-me, seja por palavras, timbres ou gestos… Quem me ouve sabe quando estou triste, melancólica, saudosa, apaixonada, alegre. E é o elo que existe entre mim e quem me ouve que faz com que seja um momento mágico de partilha de emoções, pois quando consigo tocar no coração de quem me escuta, a minha alma enche-se de mais Fado.
Em que é que se inspira nas suas músicas?
No que toca a poemas sou inspirada pelo meu estado de espírito, seja ele de raiva, tristeza, de dor, de saudade, de amor, de paixão, da vida comum. A nível musical, por vezes, aproveito pequenos acidentes quando procuro algo específico e acabo por encontrar o que procuro… Depois, deixo o ouvido seguir o coração!
Quais são as suas referências musicais?
A nível de Fado, ouço de tudo um pouco, homens, mulheres, fados antigos e modernos, mas tenho como musa aquela que para mim será imortal, Amália Rodrigues. Contudo, não fosse o meu novo álbum intitular-se “Influências”, gosto de ouvir de tudo um pouco, Samba, Morna, Rock, Jazz, Country, Funk, Música Cigana, Blues… e a tudo vou buscar inspiração.
Já percorreu o país com espectáculos seus. Qual foi, para si, o que mais prazer lhe deu?
Todos os espectáculos são especiais e todos me dão imenso prazer, mas talvez aquele que possa destacar, seja a minha primeira homenagem a Amália Rodrigues. Foi um desafio lançado pela associação PRESA (Alcaravela), em que o espectáculo se intitulava “Uma Noite com Amália”. Na plateia, muitas caras conhecidas e em mim, o peso da responsabilidade de cantar um nome que todos adoram e reconhecem. Contudo, embora muito nervosa, entreguei-me de corpo e alma aos poemas e melodias que contavam a história dessa grande senhora, e consegui chegar ao público, que me acompanhou nas cantigas, nos risos, gargalhadas, lágrimas e emoções. Foi especial, muito especial.
É um objectivo chegar ao patamar de Amália ou Mariza?
Sim, estaria a mentir se respondesse o contrário. Amália e Mariza, cada uma na sua geração, foram e são, imperatrizes da canção nacional no Mundo. Muito me honraria ser conhecida e reconhecida pelo meu país e no estrangeiro.
Quais são os seus objectivos para o futuro no mundo da música?
Continuar a desenvolver diariamente o meu conhecimento prático e teórico musical, sem deixar que o cuidado técnico influencie a alma e a pureza do meu canto. Continuar a escrever e a compor, partilhando, quem sabe, alguns dos meus originais com terceiros. Cantar onde ainda não cantei, voltar onde já fui feliz. Editar mais trabalhos e que os mesmo sejam do agrado de quem me ouve.