Jorge Peralta volta a liderar o Amiense no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Santarém na temporada 2019/2020. Em entrevista o treinador reafirma o gosto de estar em Amiais e traça os objectivos da próxima época da equipa que na temporada passada se posicionou na quarta posição e estava na frente à viragem para a segunda volta.

O Jorge Peralta mantém-se como treinador do Amiense. Qual é o objectivo da equipa para a época que se aproxima?
Sim é verdade, gosto muito de estar em Amiais, onde tenho sido muito bem tratado pelos dirigentes e pelos adeptos, e foi o clube que me apresentou as melhores condições. Em termos de objectivo para a próxima época é claramente a manutenção.

A temporada passada classificaram-se na quarta posição. Até onde podem ir na nova época?
A minha experiência diz-me que não existem épocas iguais, o campeonato vai ser diferente com mais duas equipas, são mais jornadas, os planteis são diferentes, o calendário vai ser diferente, nada é igual, claro que gostaríamos de ficar no ´Top 3‘, mas como disse anteriormente o nosso objectivo passa pela manutenção.

Poderemos ter novamente um Amiense “campeão de inverno”?
Não prometemos títulos, prometemos trabalho com competência e entrar em todos os campos para disputar os três pontos. O ano passado ficarmos com esse rotulo de campeão de Inverno, trabalhamos muito para chegar ao final da primeira volta na liderança, nessa altura ficamos muitos contentes porque tínhamos atingido matematicamente o objectivo inicial que era a manutenção. A segunda volta foi mais difícil, mas mesmo assim conseguimos ganhar o respeito dos nossos adversários e fizemos um excelente 4º Lugar, uma das melhores classificações dos últimos anos.

Subir de divisão está no horizonte do Amiense?
Essa questão tem de ser colocada aos dirigentes do clube, eu como treinador tenho a minha opinião, todos os clubes gostavam de jogar nos nacionais e o Amiense não foge à regra, mas conhecendo a realidade do clube, não está preparado tanto ao nível financeiro, como de estruturas físicas e humanas para competir num campeonato nacional onde militam equipas com estruturas profissionais.

Uma qualificação para a Taça de Portugal é um objectivo do clube?
Quem tem o objectivo de manutenção, dificilmente chega a uma qualificação para a Taça de Portugal, pode ser através da Taça do Ribatejo se conseguirmos vencer essa competição.

Na temporada passada teve um equipa formada por “filhos da terra”, este ano é para continuar nesse sentido?
Esse é o ADN do Amiense, continuar a aposta na sua formação e fazer voltar alguns jogadores que são de Amiais ou de perto que já representaram o clube. Este ano voltamos a ter uma equipa muito jovem, para quem não tem condições financeiras esse é o caminho. O clube não quer perder a sua identidade, com jogadores da terra temos mais adeptos no campo a ver os nosso jogos. Os jogadores sentem a camisola e jogam com amor e paixão ao seu clube.

Que tipo de jogadores pretende ter no seu plantel?
Jogadores jovens com compromisso, responsabilidade e com qualidade.

É essa a mensagem que passa aos seus jogadores?
Aquilo que eu passo aos meus jogadores é a minha experiência de tantos anos de futebol como jogador e treinador, valores e princípios, trabalhar sempre nos limites para todos os dias evoluírem como jogadores e seres humanos. 

Quem para si se afigura a competir pela vitória no Campeonato da 1ª. Divisão da Associação de Futebol de Santarém?
Este ano acho que o campeonato vai voltar a ser muito competitivo. Não vou nomear nenhum clube, existem vários pelo seu historial que são sempre candidatos.

Como é que vê a competição na próxima época?
O campeonato vai ter mais quatro jornadas com 16 equipas, a competição vai ser diferente. Tenho a certeza que vai ser um campeonato duro, em que não vai ser fácil ganhar a qualquer adversário e todos os clubes vão lutar muito em todos os jogos pelos três pontos.

Pensa que o Amiense com novo relvado pode vir a ter melhores resultados?
Ter um relvado novo é sempre bom para o clube mas não significa que vamos ganhar mais ou perder mais. Uma estrutura nova vai melhorar as condições para todos os que treinam ali, mas as obras ainda não começaram e vão coincidir com o início de treinos. Vamos ter de treinar em Monsanto, o que vai dificultar muito a nossa tarefa. Vamos andar com a ´casa às costas´ e isso causa-nos alguma instabilidade. Apesar disso temos de ter muita paciência para ultrapassar esta dificuldade, esperamos que as obras sejam concluídas com a maior brevidade possível para voltarmos ao nosso campo onde somos muito fortes.

O que falta ainda fazer no Campo da Azenha para ter condições ideais para a prática do futebol?
O campo da Azenha tem as condições ideais, tem uns bons balneários, tem duas bancadas cobertas, tem rouparia bem equipada e vai ter relvado sintético novo. O que pode faltar é um campo 7 de apoio ao relvado, já que o Amiense tem todos os escalões de formação em actividade no mesmo espaço.

Ser treinador de futebol é uma ambição, um sonho ou uma vocação?
Quando era jogador tinha a ambição de ser treinador, passados estes 20 anos de treinador passou a ser uma vocação.

Quais para si foram as melhores experiências enquanto treinador?
Foram várias: ser campeão distrital pelo Ouriquense, subir os Empregados do Comércio à 1ª Distrital com a dificuldade nestes casos de andar sempre com a ´casa as costas´, depois também a conquista de duas Super-Taças, e fazer no antigo campeonato da 3ª Divisão uma das melhores classificações ao serviço do S. L. Cartaxo.

Até onde ambiciona chegar nesta carreira?
Não ambiciono chegar muito longe, já ando aqui há 20 anos, já treinei três equipas nos nacionais e mais algumas nos distritais. O futebol no distrito está em grandes dificuldades, só temos duas equipas nos nacionais e há 20 anos atrás tínhamos muitas. Gostava de ganhar uma Taça do Ribatejo pois é o único título que me falta a nível distrital.

Tem algum clube que sonhe treinar?
Neste momento não, estou a treinar um dos melhores clubes do distrito.

Que conselhos dá a quem quer seguir esta vertente do futebol?
Para andar aqui temos de ter uma grande paixão, ser persistentes e ter muito estofo para aguentar muita coisa. Temos de trabalhar muito e ao primeiro desaire nunca desistir porque isto não é para todos. Todas as semanas treinos, todos os domingos jogos, durante anos e anos, prejudicando muito a família. O conselho que dou aos mais novos é que não queiram ser clones de ninguém, sejam vocês próprios, pensem pela vossa cabeça e não se deixem influenciar. Saber ouvir os mais velhos é muito importante, ninguém sabe tudo.

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