Lavre, 30 de Julho, às 18 horas. Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: Gilberto Filipe, António Prates e o praticante Tristão Guedes Queiroz; Forcados: Amadores de Montemor e de Alcochete; Ganadarias: Veiga Teixeira (3.º, 4.º e 5.º) e São Torcato (1.º, 2.º e 6.º); Delegada da IGAC: D. Maria Florindo. Tempo: Quente; Entrada de Público: Meia casa forte.

Continuo fascinado pelos espectáculos tauromáquicos que têm lugar nas povoações onde raramente este tipo de eventos acontecem. Quase sempre em praças desmontáveis, sem conforto para o público e susceptíveis de muitas e diversificadas peripécias, porém, a espontaneidade do público local e a interacção que se estabelece entre os toureiros e os espectadores é de um pitoresco assinalável.

Lavre, pequena vila a meia distância entre Coruche, no Ribatejo, e Montemor, no Alentejo, é uma terra com características muitos singulares e remonta o seu passado a uma tal grandeza histórica a que a actualidade, eventualmente, não faz jus. No entanto, as tradições taurinas continuam fundas no imaginário desta gente e desta terra, ufanando-se com inteira justiça da memória da Família de Simão da Veiga, aqui evocada nesta singular oportunidade.

Em cerimónia excessivamente sóbria, realizada junto à porta das quadrilhas, fez-se a entrega de um cartaz da corrida ao consagrado cavaleiro Luís Miguel da Veiga, na qualidade de membro da ilustre Família Veiga. Lamentavelmente, apenas o cavaleiro Tristão Guedes Queiroz e os dois Grupos de Forcados tiveram a amabilidade de lhe brindar uma das suas sortes. Que bem ficaria ao cabeça de cartaz dedicar a lide do seu primeiro toiro a uma das figuras mais importantes da nossa tauromaquia. Enfim, é o que temos!

Gilberto Filipe é um toureiro com técnica, que tem brilhado noutras modalidades equestres, onde é figura grande, e que se vê com agrado. Nesta tarde andou em bom plano, elegendo bem os terrenos e adequando os andamentos das suas montadas, o que lhe permitiu colocar vistosa ferragem, comprida e curta, muito aplaudida pelo público. Sem ser uma actuação de triunfo, Gilberto Filipe conquistou fortes aplausos, até porque o público era mais generoso do que exigente. Outra característica das corridas em praças desta categoria, o que, por vezes, pode ter o efeito pernicioso de um certo deslumbramento.

No final da segunda lide, Gilberto Filipe tirou a cabeçada à sua montada e com o apoio de apenas uma guia colocou os últimos ferros, saudados com entusiasmo pelo respeitável.

António Prates é um toureiro jovem que evidencia muitas faculdades técnicas, no entanto parece não haver ainda conseguido alcançar a desejada regularidade, o que resultará, decerto, de menos oportunidades do que as que merece. Não se entendeu bem com o seu primeiro oponente, consentindo excessivos toques na montada e colocando a ferragem em sortes aliviadas, contudo no bom toiro que lidou em segundo lugar deu-nos a dimensão do seu toureio, aproveitando as boas condições do hastado, desenhando bem as sortes frontais e cravando vistosa ferragem, pelo que foi muito aplaudido.

Tristão Guedes de Queiroz reúne todas as condições para alcançar um plano de qualidade entre os seus pares. Nota-se que há muito trabalho feito e tecnicamente evidencia argumentos para superar as dificuldades impostas pelos seus oponentes.

Tem a capacidade de interagir com o público, que, assim, toma o seu partido e o empolga para um toureio mais arriscado e sério. A encerrar Tristão enfrentou um toiro muito bom, que bem aproveitou, desenhando sortes vistosas e colocando a ferragem correctamente, embora talvez pudesse ter andado mais repousadamente, pois, como bem postulou Luís Miguel Dominguín, “a los toros todo se hace despacio…”.

Os peões de brega esforçaram-se para coadjuvar bem os toureiros a cujas ordens saíram, mas aqui e além excederam-se intervindo em demasia, posto que o seu labor tem de ser muito bem doseado. Capotazos em excesso em tarde de tanto calor, naturalmente, só prejudicam…

Os dois Grupos de Forcados fizeram jus aos seus pergaminhos e desincumbiram-se com galhardia e competência da submissão. Pelos Amadores de Montemor foram solistas Bernardo Batista e Joel Santos, ambos à primeira tentativa, e José Maria Marques, à terceira, e pelos Amadores de Alcochete foram à cara Vasco Loreto, ao primeiro intento, João Manuel Pinto, ao terceiro, e Pedro Dias, em boa pega ao primeiro intento. Direcção atenta e ponderada de D. Maria Florindo.

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