A data de 23 de Setembro de 1964 foi engrandecida pelo nascimento de uma linda menina, a quem seus pais dariam o nome de Teresa, a qual pela vida fora os prendou com os seus encantos e sucessos. Menina inteligente e aplicada, Teresa cumpriu os seus estudos sempre com notas dignas de registo até que chegou a hora de escolher um modo de vida e a profissão de professora mereceu a sua escolha. Acertada, diga-se em abono da verdade, pois a nobre missão de tornar os outros mais felizes pela via do saber sempre foi o seu grande desígnio.
Um pouco mais velho do que a Dra. Teresa, nunca nos cruzámos nos bancos da escola, tendo-a conhecido apenas quando exerceu diligentes funções de directora da Biblioteca Municipal de Santarém, assistindo a algumas exposições e conferências que ali organizou. Comecei a inteirar-me melhor da pessoa que era a Dra. Teresa lendo os seus oportunos e bem elaborados escritos nas colunas do “Correio do Ribatejo”, jornal que estudou de o a pavio para escrever a sua tese de doutoramento.
Notável trabalho de investigação que tão eloquentemente abordou o associativismo social e cultural em Santarém.
Quando o Jornal “Correio do Ribatejo” atravessou uma profunda crise, estando às portas da extinção, o amigo comum e seu director João Paulo Narciso moveu algumas diligências no sentido de salvar este tão prestigiado semanário regional da mais que certa extinção, circunstância em que me abordou, tendo sido possível acordarmos uma estratégia para salvar o Jornal da morte anunciada. Esta estratégia incluía também a participação da Dra. Teresa Lopes Moreira, desde logo aceite com grata satisfação, posto que ambos reconhecíamos que a “nossa” Teresa, para além de todas as excelsas qualidades humanas e cívicas evidenciadas, era também uma apaixonada pelo Jornal “Correio do Ribatejo”, que conhecia como poucos.
Desde a primeira reunião em que participámos até à última, pouco antes do seu tão infausto falecimento, foi sempre possível consensualizar as opções a seguir e acordar na trajectória a desenvolver, constatando o seu grande empenhamento em valorizar o Jornal e em garantir a sua sobrevivência.
Foi um encanto trabalharmos em conjunto todos estes anos, contornando algumas opções divergentes sempre de uma maneira tranquila e cordata.
Esta circunstância, que me é especialmente grata, contribuiu para que o nosso relacionamento pessoal fosse cada vez mais próximo e cúmplice, comungando de tantas coisas que nos eram igualmente queridas, tornando-me cada vez mais devedor do seu respeito e amizade. Mulher de causas e de convicções profundas, nunca deixou de respeitar quem não tinha os mesmos ideais, o que mais enaltece a sua caminhada na vida que, infelizmente, foi tão curta.
A saudade que temos da Dra. Teresa Lopes Moreira é daquelas situações que o tempo não é capaz de amainar, pois amiúde mexemos em coisas que mais nos recordam o quanto lhe seria grato fazer.
Assegurar a continuidade do Jornal “Correio do Ribatejo” e tanto quanto possível engrandece-lo é o tributo que inteiramente lhe devemos, e é também a garantia de que, assim, honraremos singelamente a sua memória pelos tempos fora.
LM