Paulo Luís, treinador de futsal e professor na Escola de Desporto de Rio Maior.

Paulo Luís, 45 anos de idade, treinador adjunto do futsal do Sporting Clube de Portugal sagrou-se recentemente campeão europeu. Há quatro anos que é professor convidado da Escola Superior de Desporto de Rio Maior.

Como é conquistar uma liga dos campeões em futsal? Foram tantas emoções que é difícil descrever, mas acima de tudo senti uma alegria tremenda por ter chegado ao topo da Europa. Era um troféu que ambicionávamos muito porque nas duas épocas anteriores tínhamos chegado à final e perdido ambas para o Inter Movistar mas julgo que essa experiência acumulada permitiu-nos encarar esta final com confiança.

Como tem sido a sua ligação ao Sporting nos últimos anos? Quando há sete anos surgiu o convite para integrar a equipa técnica do Sporting estaria longe de imaginar que neste momento seria campeão europeu da modalidade. Na altura era seleccionador distrital da A. F. Leiria depois de ter sido, durante vários anos, treinador do Externato da Benedita que disputava a extinta 3ª divisão nacional. Fui convidado pelo Nuno Dias que conheço desde os tempos de faculdade. Quando entrámos houve alguma desconfiança por parte dos adeptos relativamente à capacidade que teríamos para liderar uma equipa como o Sporting porque éramos jovens e seria a primeira experiência à frente de uma equipa com esta dimensão. No entanto, sabíamos desde o primeiro dia que esta seria uma oportunidade única e que só com muito trabalho e humildade poderíamos ter sucesso. Felizmente tudo deu certo porque o percurso tem sido repleto de sucessos com a conquista de vários títulos.

O futsal tem sido uma das modalidades em crescimento no país, para si o que ainda falta fazer? Apesar do número de clubes e atletas ter crescido nos últimos anos penso que ainda existe um longo caminho a percorrer porque a quantidade tem que ser acompanhada pela qualidade. Ao nível dos escalões mais jovens temos de criar condições para ter treinadores melhor preparados para treinar as crianças de modo a realizar um trabalho que permita um desenvolvimento integral do jovem. Ao nível dos seniores penso que era importante existirem mais clubes na 1ª divisão com projectos sustentados e que permitissem que mais treinadores e jogadores fossem profissionais e pudessem dedicar-se a tempo inteiro à modalidade.

Como é que surge a sua colaboração com a Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM)? A minha formação académica foi na área da Educação Física e durante anos fui professor dessa disciplina em diversas escolas básicas e secundárias, mas quando entrei para o Sporting tive que abdicar de dar aulas porque os horários eram incompatíveis com a vida profissional de treinador. No entanto, há quatro anos, o professor João Freitas Pinto lançou-me o desafio de colaborar com ele na disciplina de futsal na ESDRM e depois de perceber que seria possível conciliar as duas actividades aceitei o desafio.

Como vê a evolução da modalidade nas escolas? O futsal é uma modalidade ainda “jovem” que está num processo evolutivo. Antigamente os treinadores de futsal eram na maioria pessoas cuja base era o futebol e que normalmente chegavam tardiamente ao futsal. Actualmente esse paradigma está a mudar e cada vez mais existem especialistas que se iniciam na modalidade cada vez mais cedo e daí a importância de realizarmos um trabalho de qualidade na escola porque acreditamos que a médio prazo muitos dos nossos alunos estarão em patamares elevados do futsal nacional.

Em relação aos atletas/estudantes acredita que o estatuto recentemente aprovado é essencial para eles? A aprovação deste decreto foi um passo fundamental para criar melhores condições para os alunos conseguirem conciliar as duas carreiras. Gosto muito de dar o exemplo dos Estados Unidos da América em que verificamos que a relação atleta/estudante caminha de mão dada ao longo do seu percurso académico criando as condições óptimas para o desenvolvimento de uma carreira na alta competição sem abdicar dos estudos.

A Escola de Desporto de Rio maior é um bom exemplo? É uma escola em que sentimos um ambiente bastante familiar porque está integrada numa cidade pequena mas muito acolhedora. É muito dinâmica e apresenta um conjunto de infra-estruturas de excelência para a prática do desporto e que ficará ainda melhor com a construção da residência para estudantes que já foi aprovada.

Quais são os seus planos para o futuro? A vida de um treinador é sempre muito incerta porque está sempre dependente de vários factores, mas a minha perspectiva será continuar como treinador-adjunto do Sporting Clube de Portugal nos próximos três anos, uma vez que acabei de renovar o meu contrato por esse período, além de continuar a leccionar na ESDRM.

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