Louça biodegradável e comestível, garrafas reutilizáveis e a substituição de toda a iluminação por lâmpadas Led vão reduzir a pegada ambiental do Festival Bons Sons que na quinta-feira arranca na aldeia de Cem Soldos, Tomar.
O compromisso de “contribuir para a diminuição da pegada ambiental do evento”, assumido há alguns anos pela organização do Festival Bons Sons, reflecte-se nesta edição, segundo Luis Ferreira, “em algumas novidades que irão complementar as medidas que têm sido a implementadas em anos anteriores”.
Para o organizador do festival, a maior novidade é “a louça biodegradável e que pode ser até comestível” que entre quinta-feira e domingo substituirá, nos restaurantes do evento, “a tradicional louça descartável”.
Produzida por uma empresa polaca, a louça (disponibilizada num ‘kit’ de prato e talheres) é fabricada a partir de farelo de trigo sendo que o seu processo de compostagem “leva apenas 30 dias e não centenas de anos” como os tradicionais plásticos descartáveis.
Ao festival, onde nos últimos anos os copos de plástico foram substituídos por reutilizáveis, chega também este ano a garrafa “Fill Forever”.
Desenvolvida em parceria com os Serviços Municipalizados de Tomar, a garrafa tem “um design inspirado numa cascata de água” e é feita através de “um processo de produção com baixo consumo energético” afirmou Luis Ferreira.
O grande investimento desta edição é, no entanto, “a substituição da iluminação por lâmpadas Led”, visando “uma maior eficiência energética e a redução dos consumos, como já tinha sido feito nos últimos anos com a água”, lembrou o mesmo responsável.
As medidas de redução do consumo de água foram implementadas nas duas últimas edições com o apoio do projecto Sê-lo Verde, um programa de 1,5 milhões de euros para co-financiar medidas que tornem os festivais ambientalmente mais sustentáveis.
Para além das acções de sensibilização ambiental realizadas foi promovida a colocação de torneiras com temporizador e redução de caudal e a instalação de casas de banho secas nos parques de campismo.
Este ano a organização vai ainda mais longe com a introdução de “urinóis-fardo de palha em toda a zona do campismo”, uma alternativa que, divulgou o festival, “ não requer a utilização de água para descargas desnecessárias e evita a passagem de resíduos pela estação de tratamento de águas”.
Quer os resíduos das casas de banho secas quer os fardos de palha que vão absorver os líquidos, “juntamente com coberto vegetal do próprio terreno, serão decompostos e transformados em matéria orgânica fértil que a população poderá utilizar, passado um ano, nas suas hortas, jardins ou sistemas agroflorestais”, pode ler-se num comunicado da organização.
A par com as boas práticas ambientais, o festival aposta também, nesta edição, “na simplificação da vida dos festivaleiros” que, nos quatro dias de evento deixam de “ter que andar com o porta-moedas e podem fazer todos os pagamentos através da pulseira [de acesso]”, afirmou Luis Ferreira.
O sistema de pagamentos sem dinheiro físico, que será este ano testado, permitirá aos visitantes carregar a pulseira com o valor necessário para pagar o que consumir no recinto do festival e, “no final do dia, ou do festival, se lhe sobrar dinheiro, ela será reembolsado”, acrescentou.
Organizado pelo Sport Club Operário de Cem Soldos o Bons Sons manteve-se bienal entre 2006 e 2014, após o que passou a realizar-se anualmente tendo recebido, em oito edições 278 concertos e 238.500 visitantes.
O Bons Sons, que movimenta um orçamento anual na ordem dos 450 mil euros, tem como meta o desenvolvimento local e integra-se num conjunto de actividades culturais desenvolvidas pela população e pela associação local, cujos lucros revertem para projectos culturais e sociais.