O Círculo Cultural Scalabitano (CCS) atribuiu, esta tarde, a Mário Viegas, a título póstumo, a distinção “Ilustre Amigo do Círculo”, numa sessão que decorreu no Teatro Taborda em parceria com o Município de Santarém.

Maria Hélia Viegas e Julio Isidro

Para além das participações dos actores Fernanda Narciso e Francisco Selqueira, da Academia de Dança e do Coro do CCS, a sessão contou com intervenções da irmã de Mário Veigas, Maria Hélia Viegas, dos amigos do homenageado Jorge Custódio, Júlio Isidro, do editor da autobiografia José Moças, do autor do prefácio da obra, José Carlos Alvarez e do vereador da Cultura da Câmara de Santarém, Nuno Domingos.

Hélia Viegas com José Carlos Alvarez

Jorge Custódio lembrou episódios de vida partilhados com Mário Viegas, tendo Júlio Isidro recordado os programas em que ele participou, na rádio Comercial, divulgando poemas de poetas portugueses que Júlio Isidro sonorizava.

Já Hélia Viegas recordou o irmão como uma “pessoa programada” que nasceu com uma “enorme genialidade”.

“Ele absorvia o pensamento de um autor, lia a intencionalidade e reproduzia-a para os outros”, afirmou, comentando a sua faceta de diseur.

Auto-photo biografia quase esgotada

Na mesma sessão foi apresentada a autobiografia de Mário Viegas em nova edição com 4 CD para celebrar 75 anos do actor.

Perto de 28 anos depois da edição fotocopiada que o actor e encenador elaborou em 15 dias e distribuiu por amigos, e de uma edição ‘fac similada’ editada pela Câmara Municipal de Cascais com uma tiragem muito reduzida, já depois da morte do actor, em 01 de Abril de 1996, “Mário Viegas – Auto-photo biografia (não autorizada)” chega agora às livrarias, assinalando os 75 anos de nascimento do autor, que se completaram no passado dia 10 de Novembro.

José Moças, editor da obra

Com uma tiragem de 1.000 exemplares e editado em formato pouco mais pequeno do que o A3 original, o livro, em capa dura, contém ainda “como suplemento” quatro CD, dois dos quais com as gravações de um café-concerto que o actor fez no Porto, em 1986, e em que ensina ao público como recitar poesia, e outro com uma gravação do actor no dia em que cumpriu 9 anos, disse o editor da obra, José Moças.

Recortes de jornais, bandas desenhadas feitas pelo actor em criança, entrevistas a jornais quando já adulto, fotografias, entre muitos objectos artísticos, constam da obra agora lançada na cidade natal de Mário Viegas, numa iniciativa que, para a irmã do actor, Maria Hélia, tem “uma importância enorme”.

“Porque, ele, nos seus 75 anos, anda por aí, ainda está no ar. No ar das rádios, no ar da televisão”, disse, considerando a obra “o presente de anos para o irmão” de quem foi cúmplice na construção de peças, realização de figurinos ou na elaboração de um jornal que fizeram para vender na vizinhança em Santarém.

O livro editado agora pela Tradisom acaba por ser também uma demonstração do amor que o actor tinha pelo teatro, sobre o qual dizia que foi sempre a sua “vida” e a sua “morte”.

Textos de autores que faziam parte da vida pessoal e profissional de Mário Viegas, entre os quais António Barahona, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny, Mário Henrique Leiria, Fernando Pessoa e seus heterónimos, Bernardo Santareno, Miguel Rovisco, Raul de Carvalho, Luis Miguel Nava, Mécia de Sena ou Luiz Pacheco, constam também da obra agora editada.

Tal como José Carlos Alvarez, que prefacia a obra e que classifica a original de Mário Viegas “um incunábulo”, Maria Hélia Viegas sublinha a “actualidade” do livro elaborado pelo irmão.

“Extremamente organizado com as coisas do teatro, da sua vida e de tudo a que conferia importância”, Mário Viegas era completamente despreocupado em relação a outras, daí que não fosse de estranhar que “aparecesse com uma meia de cada cor calçada”.

“Se o público conseguir ouvir algum espectáculo do ‘Europa não! Portugal nunca!’, que é dos últimos que fez quando se candidatou para a Presidência da República, está tudo lá, até o ‘Manifesto anti-Cavaco’, que não podia estar mais actual”, concluiu Maria Hélia Viegas.

Com perto de 700 exemplares já vendidos, José Moças não conta vir a fazer nova reedição do livro, porque foi uma edição “muito cara”.

Depois de Lisboa e Santarém, o livro vai também ser apresentado em Coimbra, no sábado, no Convento de São Francisco.

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