Foi um dos compositores que mais colaborou para a configuração e difusão do “fado-canção. Elegeu formas com refrão, medrando melodias fluidas e de simples memorização, com suporte harmónico convencional, denotando uma clara influencia da música militar. Êxitos como “Lisboa Não Sejas Francesa”, “Coimbra”, “A Tendinha”, “Adeus”, “O Cochicho”, são algumas das canções que eternizaram o, o Maestro Raúl Ferrão.  Nasceu em Lisboa em 20 de Outubro de 1890. Frequentou o Colégio Militar entre 1901 e 1907, tendo ingressado na carreira militar com 17 anosA música sempre o fascinou. Foi professor da Escola de Guerra nos anos de 1917 e 1918, depois de ter cumprido durante a Primeira Guerra Mundial comissões de serviço. Chegou a Tenente-Coronel e formou-se posteriormente em Engenharia Química. Começou a compor durante os anos vinte, e seguiu-se uma brilhante e prolífica carreira. Extraordinariamente produtivo como compositor, na década de 40 escreveu para quase quarenta revistas, centenas peças de teatro e para alguns dos mais inesquecíveis filmes da “era de ouro” do cinema português como A Canção de Lisboa, Maria Papoila, Aldeia da Roupa Branca e a Varanda dos Rouxinóis. Escreveu música também para operetas como “A Invasão”, “Ribatejo”, “Nazaré”, “Colete Encarnado” ou “Senhora da Atalaia”. A ele se devem êxitos como “Cochicho”, “Camélias”, “Burrié”, “Velha Tendinha”, “Rosa Enjeitada”, “Ribatejo”, “Velho Friagem”, “Fado das Caldas”, “Maria Severa” e o “Fado do Carriche”. Quem não reconhece “Adeus” na voz de Júlia Barroso, “Lisboa Não sejas Francesa” que a Amália popularizou e “Não gosto de Ti” na voz de Lucília Carmo.

A sua criação com maior sucesso foi indubitavelmente um recorde de vendas nacional e internacional foi “Coimbra”, originalmente cantada por Alberto Ribeiro no célebre filme Capas Negras de 1947, todavia tem uma história curiosa. De facto a melodia existia já desde 1939 sem que Raúl Ferrão conseguisse que lha aceitassem numa peça. A canção foi ficando guardada numa gaveta até que o filme Capas Negras foi realizado em 1947 e ironicamente, sem grande sucesso. Só três anos mais tarde, quando Amália a interpreta numa digressão internacional, a canção se tornaria popular em todo o mundo, ficando conhecida além-fronteiras como “April in Portugal” ou “Avril au Portugal”. Raúl Ferrão ainda assistiu ao triunfo desta canção a nível internacional antes de falecer. Quem diria que uma canção inicialmente enjeitada se tornaria um símbolo de Portugal até aos nossos dias.

No ano de 1932 Raúl Ferrão foi feito Comendador da Ordem do Mérito Industrial e em 1935 Comendador da Ordem Militar de Avis. Em 1945 recebeu juntamente com José Galhardo e Mirita Casimiro o “Prémio Filipe Duarte” do SNI, atribuído a autores da letra e da música e artista intérprete do melhor número de canto de opereta por “Menina Lisboa” incluída no espetáculo “A Invasão”.  No ano seguinte recebeu juntamente com a actriz Fernanda Baptista o Prémio Del Negro também do SNI atribuído a autores de letra e música, e artista intérprete do melhor número de canto de revista por “Trapeiras de Lisboa” incluída na peça “Canções Unidas”.

Em 1935 foi de sua autoria a música para a Grande Marcha de Lisboa imortalizada por Beatriz Costa e Maria José Valério. Também é de sua autoria música das marchas lisboetas que ainda hoje são êxito como “Olha o Manjerico”, “Lisboa nasceu/Pertinho do céu”, “Ó noite de Santo António/ Ó Lisboa de encantar” e a popular “Lá vai Lisboa/com a saia cor de mar”. Raul Ferrão morreu em Lisboa em 30 Abril de 1953.  Oficial do Exército, professor, engenheiro químico e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Autores, Raúl Ferrão é MEMORÁVEL, pela obra e legado outorgado à Música Portuguesa!

 

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