Largos milhares de aficionados marcaram presença na primeira edição do Dia da Tauromaquia, que se realizou no Campo Pequeno, no passado dia 22 de Fevereiro.
Houve lições sobre toureio a cavalo, sobre a arte de pegar toiros e sobre o toureio a pé, tendo Maurício Vale comentado as incidências que iam ocorrendo na arena, com jovens toureiros e pegadores a simularem as suas sortes com tourinhas. Depois teve lugar uma aula sobre a história da tauromaquia.
Do Sabugal vieram os pegadores que demonstraram, frente a um toiro de Veiga Teixeira, a tradicional capeia arraiana, também justificadamente conhecida como a sorte do forcão.
Seguiram-se os recortadores, jovens dotados de excelentes condições atléticas e que citam o toiro de diversos terrenos, quarteando-se na sua cara ou saltando-lhe por cima, em voo rasante.
Enquanto se adequava o espaço da arena ao apontamento seguinte, actuaram as “Rocieras” da Golegã, bailando algumas sevilhanas, elegantes e vistosas.
A equitação de trabalho, representada pelo cavaleiro Gilberto Filipe, actual campeão mundial da modalidade, constituiu um espectáculo muito apreciado, pela qualidade de cavalo e cavaleiro, acrescido pelos fados de sabor tradicional interpretados por António Pinto Basto, e por uma dança em que interveio uma elegante bailarina que interagia com o cavalo e com o cavaleiro.
O Festival Taurino, actividade que despertou o maior interesse, registou uma grande afluência de público, o que consagrou em definitivo o grande êxito da organização da PróToiro, em estreita parceria com a empresa do Campo Pequeno.
Após as cortesias cumpriram-se diversas homenagens, consagradas umas pelo respeitoso minuto de silêncio que se cumpriu, e outras pelas calorosas e prolongadas ovações que perpassaram numa ambiência extraordinária. Neste caso foi tocante a homenagem prestada ao cavaleiro Joaquim Bastinhas, figura maior da história recente da nossa tauromaquia.
O primeiro toiro, da ganadaria de Passanha, foi lidado a duo por António Telles e por João Ribeiro Telles, dois marialvas que muito bem se identificam em termos de toureio, o que foi bem evidenciado em todos os momentos da lide, sublinhada justamente pelo acompanhamento musical. A pega foi consumada à quarta tentativa pelo Cabo do Grupo de Forcados Amadores do Redondo, Hugo Figueira, que sentiu algumas dificuldades também devido à córnea do toiro muito fechada.
Rui Salvador e Francisco Palha foi a dupla que enfrentou um toiro de David Ribeiro Telles. Rui Salvador sofreu uma violenta colhida – de que resultou a fractura de duas costelas e a lesão numa clavícula – mas, pujante de brio regressou à arena e cravou alguns dos mais emocionantes ferros da tarde, cumprindo dizer-se que Francisco Palha esteve todo um senhor toureiro, em gestos de senhorio, e alardeou as imensas faculdades que o catapultaram na época transacta para um plano cimeiro da nossa tauromaquia. A pega foi bem consumada, ao primeiro intento, por Márcio Chapa, Cabo dos Amadores da Tertúlia Tauromáquica do Montijo.
Seguiram-se as actuações dos três matadores de toiros com maior notoriedade no actual panorama taurino. António João Ferreira enfrentou um novilho-toiro de Calejo Pires. A Nuno Casquinha tocou-lhe em sorte um colaborante novilho da Condessa de Sobral. Manuel Dias Gomes apresentou-se com as ganas frente a um novilho de Falé Filipe.
Regressando ao toureio marialva, apresentou-se em praça a dupla constituída por Luís Rouxinol e Filipe Gonçalves, que enfrentou um toiro de Prudêncio, muito reservado e buscando cedo o refúgio em terrenos de querença. A pega foi concretizada por João Paulo Damásio, dos Amadores do Montijo, à terceira tentativa, em sorte de recurso, em terrenos mais curtos e com ajudas mais carregadas.
Rui Fernandes e João Moura Júnior efectuaram a última lide, enfrentando um novilho-toiro de Romão Tenório, que se revelou colaborante com os dois ginetes que protagonizaram uma boa actuação.
A última pega foi a chave de ouro ideal para um espectáculo desta natureza. Dela se desincumbiu, com boa técnica e muito valor, o forcado Manuel Pires, Cabo dos Amadores do Ramo Grande, que consumou rija pega ao primeiro intento, com eficaz ajuda de Pedro Coelho dos Reis.