Abriu no passado dia 06 de Dezembro, em Santarém, a Milk Records, um novo espaço pensado para quem gosta de música, arte e cultura. Criada por artistas e amantes de música, para artistas e amantes de música, a Milk Records quer ser um ponto de encontro para quem gosta de descobrir novos sons, falar sobre discos, conhecer novos artistas plásticos, novos poetas, coreógrafos, cineastas ou simplesmente ouvir boa música com tempo.

Localizada na Rua Pedro de Santarém, n.º 103, a Milk Records não é apenas uma loja, embora tenha uma seleção cuidada de vinis, t-shirts oficiais de bandas, gira-discos da Audio-Technica, colunas, headphones e produtos da marca punk UNDERGROUND, presente até agora apenas no Reino Unido, Hong Kong e Paris – e agora também em Santarém.

Também não é um bar, mas dá para beber uma cerveja, um café ou um refrigerante. E não é uma sala de espetáculos tradicional, mas tem palco e programação regular. A ideia é simples: criar um espaço onde a música acontece de forma próxima e informal, como ouvir discos na sala de estar com amigos ou ir a um concerto de última hora que acaba por ficar na memória.

Por trás do projeto estão o produtor de rádio Milk e os irmãos Joana e João Casaca. 

Como surgiu a ideia de fundar um espaço com este conceito e em Santarém?

Tudo começou com a vontade de criar algo que sentíamos faltar na cidade. Queríamos um sítio que nunca tivemos a crescer em Santarém. Um lugar para ouvir e falar sobre música, ver concertos, exposições, documentários, ouvir poesia ou até stand-up. Um espaço para a comunidade e, em particular, para a comunidade artística e independente.

Qual tem sido a aceitação da comunidade à loja até ao momento?

A reação do público tem sido muito positiva, com pessoas de várias idades a passar pelo espaço e a elogiar a nossa seleção de vinis. Muita gente diz-nos que Santarém precisava de um sítio assim e isso tem sido a melhor resposta que podíamos ter. Isso e o facto de, apesar de estarmos abertos há apenas duas semanas, já temos clientes habituais. 

Pretendem que este projeto funcione como um espaço cultural. Quais são os planos para o futuro nesse sentido?

A Milk Records quer afirmar-se como um espaço cultural, mas sem pressas. Os planos passam por uma programação feita por fases, começando por apresentações de singles e álbuns e performances de dança, áreas com as quais a equipa já tem uma ligação forte. Mais à frente, a ideia é abrir espaço a conversas e workshops sobre temas como Design, Criação Artística ou Produção Musical, ter noites de Open-Mic, Jam Sessions, exposições de arte e videoarte e tudo aquilo que fomente a criatividade, a inspiração e crie momentos únicos que fiquem na memória de quem por aqui passa.

O projeto está também ligado ao The Garage Radio Show, criado por Milk e produzido por João Casaca, um programa que passa semanalmente em cidades como São Francisco, Londres, Cidade do México, Byron Bay e na Esradio.pt, e que dá a conhecer bandas alternativas e artistas independentes de todo o mundo.

Houve algum tipo de dados que vos permitiram dizer que este era o negócio certo para abrir? O vinil está a voltar?

Existe atualmente um movimento direcionado para o consumo de formatos físicos culturais. As pessoas querem tocar e sentir a cultura. É isso que as movimenta e nós queremos contribuir para isso. 

O regresso ao vinil faz parte desta abordagem mais física e próxima da cultura. Há muita gente, sobretudo mais nova, cansada do digital. Querem tocar, ouvir com atenção, viver o ritual. A nossa listening booth tem sido um ponto de encontro para quem quer simplesmente parar e ouvir música.

Pretendem realizar eventos fora de portas e trabalhar com outras instituições da cidade? 

Nós temos a nossa própria associação cultural, a Nuvem Camaleónica, e tivemos algum apoio da Câmara Municipal, mas sendo um dos nossos pilares a colaboração, iremos sempre procurar cooperar com várias instituições e associações da cidade. 

E sim, iremos organizar outro tipo de eventos de maior escala, que oferecem dinâmicas diferentes, como foi o caso do festival AH Vida…no Convento, que organizámos o Natal passado no Convento de S. Francisco.

Que tipo de eventos culturais têm planeados para este momento?

A curto prazo, a ideia passa por trazer artistas que já andam em digressão por grandes cidades para pequenas ações em Santarém, como concertos curtos ou sessões de autógrafos. Sem grandes discursos, mas com vontade de pôr a cidade a mexer.

A Milk Records é, no fundo, um sítio para quem gosta de música e cultura vividas de forma simples, próxima e real. Sem pretensões – só boa energia, boa música e vontade de partilhar momentos inesquecíveis.

 

 

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