A ministra da Agricultura disse, na Golegã, que quer, no seu mandato, “dar corpo a uma estratégia” que permita ao sector “avançar para um novo modelo de desenvolvimento” assente na sustentabilidade ambiental, económica e social.
Maria do Céu Albuquerque visitou a Feira da Golegã, que alia a centenária Feira de S. Martinho aos certames dedicados ao cavalo, no que disse à Lusa ser mais um contacto com a realidade que passou a tutelar desde que tomou posse no final do mês passado.
A ministra salientou a importância da agricultura “para o desenvolvimento económico e social do país”, o seu peso na actividade económica e o “conjunto muito alargado de postos de trabalho” que assegura, definindo como “grande desafio” para o sector a preparação para as alterações climáticas e a definição de “um novo modelo, um novo paradigma de desenvolvimento”, que respeite em primeiro lugar “os recursos”.
“A agricultura não é indiferente a esta questão, nomeadamente porque dois dos recursos mais importantes para a actividade, a água e o solo, têm que ser preservados e utilizados de forma cada vez mais eficiente”, declarou.
Para Céu Albuquerque, a criação de um “novo modelo de desenvolvimento, tendo por base a sustentabilidade” ambiental, económica e social “entronca com um conjunto de outras medidas”, como a digitalização da economia também na agricultura.
A “incorporação do conhecimento, a inovação e a tecnologia” são, segundo a ministra, outras medidas que ajudarão a uma melhor eficiência na gestão dos recursos e na produção.
Céu Albuquerque referiu a importância da criação de “novos produtos, produtos diferentes”, que permitam não só manter as exportações e os mercados que já existem, mas também atingir novos mercados.
“Um dos problemas que se vai colocar à Humanidade tem a ver com a alimentação, o desafio da agricultura é garantir a alimentação para todos e para todas, tendo por base um novo modelo alicerçado pela sustentabilidade”, afirmou.
Céu Albuquerque afirmou que, no âmbito das negociações da Política Agrícola Comum (PAC) para o período 2021-2027, é seu objectivo “trazer para Portugal todo o esforço de fundos comunitários” para a agricultura e o desenvolvimento rural, os dois pilares da PAC, visando alcançar “uma das metas desta legislatura, nomeadamente, em relação às questões demográficas, ao combate às alterações climáticas e também à digitalização da economia e ao combate das desigualdades”.
“A agricultura tem um papel muito importante para conseguirmos atingir estes objectivos”, disse.
Questionada sobre a passagem da tutela das florestas da Agricultura para o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, a ministra afirmou que vê “com naturalidade” esta “opção estratégica” do Governo, salientando a importância da floresta no sequestro de carbono, daí a ligação “às questões da sustentabilidade ambiental”, e também no ordenamento do território.
“Na agricultura continuaremos a planear e a coordenar aquilo que diz respeito aos apoios comunitários também para este sector, numa relação estreita com quem define as políticas para a floresta, que a partir de agora é o Ministério do Ambiente. Não me parece que seja um problema, antes pelo contrário, é mais uma oportunidade, porque, nomeadamente, da parte do Ambiente há a possibilidade de trazer outros fundos, outra forma de valorizar a floresta”, disse.
Sobre a situação de seca que se vive em algumas regiões do país, a ministra afirmou que o plano de contingência está activo, podendo “a todo o tempo” ser revisto “em função de novas realidades”.
Denominada “capital do cavalo”, a Golegã recebe anualmente, por esta altura, criadores de cavalos, provas desportivas e actividades equestres, num certame marcado pela tradição, com o desfile incessante de cavaleiros e amazonas no largo do Arneiro, e pelo cheiro da castanha assada, atraindo milhares de visitantes à vila.
A XLIV Feira Nacional do Cavalo e a XXI Feira Internacional do Cavalo Lusitano, integradas na Feira de S. Martinho, iniciaram-se no passado dia 01 e decorrem até segunda-feira, dia de S. Martinho.