O ministro da Saúde reconheceu segunda-feira (15 de Maio) a existência de “dificuldades muito significativas, que causam constrangimentos no serviço de Urgência” do Hospital de Santarém, mas assegurou que “há muitas medidas” para atrair jovens profissionais para esta unidade de saúde.

Manuel Pizarro reuniu-se durante mais de duas horas, com a administração do Hospital Distrital de Santarém (HDS), presidida por Ana Infante, e com os presidentes da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), Pedro Ribeiro, e da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves.

O governante visitou ainda as obras do serviço de Anatomia Patológica e do Gabinete Médico Legal e o Bloco de Partos do Hospital de Santarém, onde foi confrontado com a escassez de profissionais. Salientando a excelência das instalações e do equipamento do Bloco de Parto do HDS, a directora do serviço, Madalena Nogueira, lamentou os dias em que não tem profissionais para pôr na escala, num serviço em que sete dos 13 especialistas têm mais de 55 anos e dois são prestadores de serviços.

Em declarações à agência Lusa, Manuel Pizarro reconheceu dificuldades “significativas” em algumas especialidades no HDS, em particular, anestesia, medicina interna e ortopedia, “que causam constrangimentos no serviço de Urgência”, salientando a contratação de dois jovens recém-especialistas em anestesia e um em ortopedia.

O ministro considerou “uma boa notícia” a informação de que o HDS conseguiu contratar seis novos especialistas, de várias áreas, “um número pequenino”, mas “significativo” num hospital com um quadro de cerca de 100 especialistas.

“Temos que fazer o trabalho para reorganizar os serviços e também para reorganizar as funções dos serviços”, disse, exemplificando com a procura muito elevada na Urgência “relacionada com o facto de esta zona ter muitos lares e Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)”.

Segundo o ministro, a solução poderá passar pelo apoio aos lares pela equipa de hospitalização domiciliária, “reduzindo com isso o afluxo à Urgência”.

“Quero dizer que, apesar dos constrangimentos ou das dificuldades que reconhecemos, este hospital presta um grande serviço às pessoas e o hospital e os profissionais estão a fazer um grande esforço”, declarou, apontando a “significativa redução da lista de espera, quer nas consultas quer nas cirurgias” e o “plano para o continuar a fazer até ao fim do ano, que tem de ser enaltecido pela comunidade”.

Questionado sobre o desafio, deixado na reunião realizada em Março pelo presidente da Câmara de Santarém, de trazer “soluções” para a reunião de hoje com a CIMLT, Manuel Pizarro disse não ter “nenhuma dúvida” de que nas próximas semanas haverá “uma melhoria”, com a primeira vaga de contratações, dependentes dos concursos que estão a decorrer, cuja celeridade saudou.

Salientando que os hospitais foram autorizados a fazer as contratações recorrendo a procedimentos muito simplificados e que foram lançados os concursos para a colocação dos médicos de família, o ministro afirmou que se seguirão outras medidas “para garantir que, nos próximos meses, a situação vai continuar a melhorar”. Manuel Pizarro lembrou que estão em curso as negociações com os sindicatos, por causa da questão salarial, e que, no caso dos cuidados primários, vai ser generalizado o modelo de Unidades de Saúde Familiar (USF) de tipo B, que garantem “mais qualidade no atendimento aos utentes e mais salário aos profissionais”.

Presidente da Lezíria faz balanço positivo de reunião com ministro da Saúde

O presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) fez um balanço positivo da reunião com o ministro da Saúde, referindo o esforço para a contratação de médicos e os investimentos em curso no Hospital de Santarém.

Pedro Ribeiro, também presidente da Câmara de Almeirim (PS), participou na reunião que Manuel Pizarro manteve, segunda-feira, no Hospital Distrital de Santarém (HDS) e, depois, na CIMLT, saudando a disponibilidade do ministro para se deslocar à região, primeiro em Março, para ouvir os autarcas, e agora, para dar conta das medidas que estão a ser tomadas, tendo agendado novo encontro para um ponto de situação para Outubro.

“Houve um conjunto de questões que tinham sido levantadas em Março, também nos cuidados de saúde primários, e o senhor ministro trazia um conjunto de respostas, que, de uma forma geral, nos satisfizeram”, disse, sublinhando que, embora sendo “problemas mais pequenos” do queos que afectam o hospital, “são problemas de proximidade que, obviamente, fazem a diferença na vida das pessoas”.

O autarca afirmou que, este ano, os concursos para a contratação de médicos estão a decorrer de forma “muito mais célere”, como “nunca tinha acontecido”, com os resultados a serem conhecidos no final de Maio, princípio de Junho, estando a ser estudadas soluções para atrair médicos para as vagas que eventualmente não venham a ser preenchidas.

Segundo Pedro Ribeiro, uma das questões “em cima da mesa” está relacionada com habitação, pois, “muitas vezes as coisas não se resumem às questões financeiras”.

Quanto ao Hospital de Santarém, o autarca afirmou que nem tudo está bem, havendo “vários problemas”, mas, disse, “também há muitas coisas que correm bem”.

“Não deixando de falar nos problemas, porque eles existem, também é bom dizer o que corre bem”, disse Pedro Ribeiro à Lusa. O autarca salientou os investimentos em curso no HDS, na Anatomia Patológica e no Gabinete de Medicina Legal, e as previstas na Unidade de Cuidados Intensivos, num investimento global da ordem dos 7 milhões de euros.

Apontou, ainda, a visita realizada ao Bloco de Partos, uma “unidade de referência”, pelos profissionais e pelas instalações “muito acima da média do que existe no país e mesmo a nível europeu”.

“Há problemas, há necessidade de contratar mais médicos, necessidade de os atrair. Estão abertas as vagas, o problema não é financeiro. Haja essa capacidade”, disse, acrescentando que os autarcas “estão disponíveis para trabalhar com o Ministério da Saúde” para tentar encontrar formas de atrair os médicos.

Mais crítico, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), disseque, apesar das declarações do ministro da Saúde, não vê respostas concretas para os problemas que afetam o HDS.

O autarca escalabitano elencou, no final da reunião que Manuel Pizarro manteve, durante cerca de duas horas, com os autarcas da CIMLT, a carência de recursos humanos no HDS, afirmando esperar que todas as contratações de especialistas anunciadas se concretizem, “porque ultimamente o histórico é que abrem concursos e os médicos não concorrem”.

Segundo o autarca, para o serviço de Ginecologia/Obstetrícia, onde faltam seis especialistas num quadro de 18, foram anunciadas duas contratações, para Ortopedia, onde são necessários nove clínicos, foram anunciadas cinco, para Medicina Interna, que tem apenas 19 dos 45 internistas previstos, foram anunciadas oito vagas, sendo que nas várias especialidades há um número significativo de profissionais com mais de 55 anos.

Outra especialidade que o próprio ministro reconheceu necessitar de recursos humanos, anestesia, tem, segundo Ricardo Gonçalves, oito especialistas num quadro de 20, tendo sido anunciadas quatro vagas, sendo que a falta de anestesistas gera, segundo o autarca, uma redução de 40% na actividade cirúrgica do HDS.

Psiquiatria, cuja urgência está encerrada desde Janeiro por falta de especialistas, tem apenas quatro psiquiatras num quadro de nove, tendo sido abertas quatro vagas, enquanto Dermatologia, que devia ter cinco especialistas, funciona com dois médicos, não tendo sido aberta qualquer vaga, num serviço que, disse, tem “mais de 70 doentes oncológicos transferidos para prestadores privados”.

Outro serviço sem qualquer anúncio de contratação, Fisiatria, tem um especialista dos quatro que seriam necessários, perguntando Ricardo Gonçalves o que vai acontecer ao serviço de Gastroenterologia, que tem um especialista dos quatro necessários, tendo sido anunciadas duas vagas.

Apontou, ainda, a existência de apenas três oftalmologistas num quadro de sete, com o anúncio de duas contratações, e criticou o que disse ser “a normalização da rotatividade de serviços”, que, embora dêem “previsibilidade”, não oferecem as condições que as populações merecem.

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