A insegurança no centro histórico de Santarém voltou a ser tema de debate na reunião pública da Câmara Municipal, realizada a 3 de Novembro no Convento de São Francisco. Durante o período reservado ao público, António Rhodes Sérgio, residente na Rua Pedro Canavarro, denunciou a “situação insustentável” que se vive naquela zona da cidade, marcada, segundo o próprio, por episódios de violência, desordem e medo entre os moradores.
O munícipe começou por identificar-se como o autor das imagens que circularam recentemente nas redes sociais, mostrando confrontos e distúrbios noturnos ocorridos nas imediações da sua residência. “Fui eu que filmei as cenas que se passaram sábado passado. Foram debaixo da minha casa. Eu vivo na Rua Pedro Canavarro. Se eu fosse enviar-vos tudo o que se passa ali, não tinha tempo. Todas as noites é um horror, é um inferno”, afirmou perante o executivo municipal.
António Rhodes Sérgio descreveu o ambiente de medo e insegurança vivido pelos residentes, salientando que “as pessoas têm medo de sair de casa” e que os seus próprios netos “já não saem à noite”. O morador disse que o problema “repete-se diariamente” e responsabilizou directamente o executivo municipal pela falta de medidas concretas para travar a degradação da zona.
“Peço desculpa, não é a polícia, são os senhores que têm a culpa. São os senhores que aqui estão. Quando houver uma implosão, que vai existir, quero ver o que fazem”, declarou, num tom de desabafo, pedindo à autarquia que “assuma responsabilidades” e actue de forma imediata.
O cidadão referiu ainda que, naquela área, “vivem quatro etnias diferentes”, e questionou o município sobre o número real de residentes e as condições habitacionais dos edifícios, denunciando a ausência de acompanhamento efectivo por parte dos serviços municipais. “Ninguém sabe quantas pessoas vivem ali. Há casas degradadas, prédios ocupados e muita confusão. A Câmara não tem noção do que se passa”, lamentou.
João Teixeira Leite promete acção e anuncia criação de Polícia Municipal
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Teixeira Leite, reconheceu a gravidade da situação relatada e afirmou que o município está a trabalhar para reforçar a segurança e a vigilância no centro histórico. O autarca anunciou a criação de uma Polícia Municipal, actualmente em fase de estruturação, que terá como missão reforçar a proximidade e a capacidade de resposta nos bairros mais problemáticos da cidade.
“Temos consciência de que há situações que exigem uma actuação firme. A criação da Polícia Municipal é um compromisso assumido e já em curso. Servirá para garantir uma presença constante nas ruas e uma articulação mais eficaz com as forças de segurança”, assegurou João Teixeira Leite.
O presidente adiantou ainda que a autarquia vai proceder a um reforço da iluminação pública em várias ruas do centro histórico, nomeadamente na Rua Pedro Canavarro e zonas adjacentes, por forma a aumentar o sentimento de segurança dos residentes. “A iluminação é um elemento essencial para dissuadir comportamentos e devolver confiança às pessoas”, referiu.
O autarca sublinhou, contudo, que a resolução do problema “não depende apenas da Câmara”, mas de um trabalho conjunto com a PSP, as associações locais e as instituições sociais. “Estamos a actuar em várias frentes. O centro histórico precisa de presença, mas também de políticas sociais, habitação e reabilitação urbana. É um trabalho de fundo, mas que não deixará de avançar”, garantiu.
