Um grupo de moradores do centro histórico de Santarém, em particular dos Largos Dr. Ramiro Nobre (S. Nicolau) e Manuel António das Neves (Pasteleiros), esteve na passada segunda-feira, dia 15, na reunião de Câmara onde entregou um abaixo-assinado contestando os projectos de requalificação dos referidos largos, “à revelia de qualquer discussão ou participação públicas”.
Em concreto, os moradores e utilizadores daquela zona da cidade rejeitam a supressão de lugares de estacionamento previsto no projecto, alertando “para a importância das condições de mobilidade urbana de uma população residente muito envelhecida, bem como do acesso e estacionamento automóvel no processo de regeneração e reabilitação urbana do centro histórico de Santarém”.
Nesta perspectiva, os subscritores “discordam veementemente” da eliminação de grande parte dos lugares de estacionamento existentes, “sem que sejam implementadas medidas compensatórias e ou alternativas num contexto de uma estratégia global, que salvaguarde as condições mínimas de acessibilidade às suas habitações e estabelecimentos”.
“A medida, a ser implementada nestes moldes, revela um total desconhecimento das realidades ao nível da mobilidade e dinâmicas de vivência habitacional desta zona quer das debilidades sociais da população envelhecida residente”, afirmam os moradores.
“Para além disso, estamos certos que as opções tomadas comprometem o processo natural de regeneração do edificado urbano em curso, mas muito débil nestes quarteirões do CH, a troco de dois ou três bancos de jardim”, apontam ainda.
A par da entrega desta petição, os moradores realizaram ainda uma acção simbólica de protesto que consistiu na ocupação simbólica dos lugares de estacionamento “que perfazem a quase totalidade da Praça do Município, reservados pelos e para os próprios autarcas da Câmara
Municipal de Santarém (quando tem alternativas nas imediações – EPC e antiga mata contígua)”, o que, no seu entender “constitui evidente dualidade de critérios, face à proximidade de alterativas, quer na EPC quer nos terrenos contíguos da antiga mata”.
Os moradores presentes na reunião convidam as forças políticas e decisoras da cidade a tomarem contacto no local “com a realidade”, com a finalidade de avaliarem “que mais-valia pode representar para a Santarém ou sua população em geral, a supressão destas pequenas bolsas de parqueamento, em detrimento de um preço tão elevado como o da degradação das condições de mobilidade e acessibilidade essenciais ao quotidiano da envelhecida população local”.
Na resposta, o presidente da autarquia, Ricardo Gonçalves, referiu que os planos de intervenção no Centro Histórico ainda não estão fechados e merecerão amplo debate público, dando a garantia que, no final, “haverá mais lugares de estacionamento”.
O autarca anunciou ainda que está a trabalhar em consonância com a Associação de Moradores do Centro Histórico no sentido de pôr em prática algumas das medidas sugeridas, nomeadamente a criação de bolsas de estacionamento específicas para habitantes.