Faleceu hoje o fotógrafo de Santarém, Joaquim Baeta, que dedicou a sua vida a retratar eventos e acontecimentos da cidade.

Homem muito estimado na cidade, Joaquim José Baeta da Graça, natural de Santarém, nasceu a 6 de Outubro de 1946.

Cumpriu o serviço militar obrigatório tendo sido mobilizado para a Guiné, onde esteve em 1969 e 1970. Aí viria a despertar para a fotografia. Regressado da Guiné, Joaquim Baeta ingressou nos quadros do antigo Banco Espírito Santo & Comercial de Lisboa, onde trabalhou durante trinta e dois anos. Mantendo à flor da pele a sensibilidade com que via e sentia tudo quanto acontecia na sua terra, Joaquim Baeta era presença assídua na maioria das manifestações socioculturais da cidade.

Igualmente se devotou a fotografar os monumentos de Santarém, sendo autor de muitas das fotografias que ilustram o livro “Santarém Monumental – Roteiro”, de Octávio Mendes, e editou um Álbum com cinquenta e cinco fotografias dos painéis de azulejo do Mercado Municipal de Santarém. Monumentos, paisagens, pessoas, festividades populares e religiosas, corridas de toiros e o Festival Internacional de Folclore “Celestino Graça” eram temas de eleição. Muita da história de Santarém das últimas décadas foi retratada pela sua objectiva.

Joaquim Baeta logrou alcançar o estatuto de “Repórter da Cidade e das suas Gentes” e, a acrescer a esta disponibilidade imensa, Joaquim Baeta possuía outro atributo: a sua inesgotável generosidade. Tantas associações, clubes, entidades cívicas e até pessoas, pouco mais do que anónimas, têm o seu espólio fotográfico mais rico devido à gentileza de Joaquim Baeta, que, para além de captar as imagens, ainda oferecia as fotografias.

“Joaquim Baeta, Homem e Fotógrafo Amador de eleição. Um Amigo para a vida que na modéstia da sua grandeza nunca poderá ser esquecido”, nas palavras de Ludgero Mendes.


Republicamos abaixo a entrevista de Joaquim Baeta ao Correio do Ribatejo, datada de 2017, aquando da exposição de fotografia da sua autoria no Fórum Actor Mário Viegas, em Santarém.

Joaquim Baeta, o ‘Fotógrafo da Cidade’

Até ao próximo dia 15 de Abril, o Fórum Actor Mário Viegas, em Santarém, recebe a exposição de fotografia de Joaquim Baeta, conhecido fotógrafo da cidade, que cedo despertou para a paixão de fotografar, registando tudo o que o rodeava, como um diário de memórias. Joaquim Baeta nasceu a 6 de Outubro 1946, em Santarém: trabalhou mais de 30 anos no sector bancário e prestou serviço militar na Guiné, onde comprou a sua primeira máquina. Quando regressou, continuou a registar a miúde tudo o que entendia digno de registo ou importante na história urbana – as festas e feiras, actividades culturais, procissões, festivais de folclore, corridas de toiros, serenatas estudantis, entre outros temas. Colaborador de longa data do Correio do Ribatejo, refira-se que foi com enorme facilidade que se adaptou à era digital, com segurança e sensibilidade. São de enaltecer as suas qualidades pessoais e a generosidade extrema.

Quando e como foi o seu primeiro contacto com a fotografia?

Fui para a Guiné em 1969 e foi aí que comprei a minha primeira máquina, uma Yashica compacta que passou a acompanhar-me no dia-a-dia. No início, como tinha pouca prática, chegava a esquecer-me da tampa na lente e estragava os rolos (risos). Estive na Guiné dois anos, onde prestei serviço com o Coronel Correia Bernardo, e quis trazer algo que me recordasse desses tempos. Tirei lá algumas fotos e ainda hoje tenho em casa álbuns com esses registos. O meu tio e padrinho também gostava muito de fotografia. Tinha em casa uma daquelas máquinas antigas, de fole, e talvez isso tenha despertado a minha curiosidade.

Qual é a sensação de ter o seu trabalho exposto?

Esta é a primeira exposição do meu trabalho. Já tinha sido desafiado por uma anterior direcção do Fórum Mário Viegas a expor, mas nunca se tinha avançado com a ideia. A receptividade das pessoas tem sido boa. Na rua, abordam-me e dizem: “Finalmente!”. Esta exposição é composta por cerca de 60 trabalhos que eu seleccionei e que têm a ver com as vivências da cidade que eu acompanho e registo há cerca de 40 anos.

Quais são os seus temas favoritos?

Sou um apaixonado por folclore, tauromaquia e, no fundo, todas as expressões populares do Ribatejo. Gosto também muito de fotografar monumentos, paisagens, pessoas, assim como festividades populares e religiosas.

Analógico ou digital? Porquê?

Comecei a fotografar em filme, mas adaptei-me bem ao digital. Para mim, é mais prático, para além de ter a vantagem de poder seleccionar as fotos que eu quero mandar imprimir. O que eu continuo a não dispensar é mandar revelar as fotografias que tiro, colocando-as em álbuns. Gosto de ver as fotografias impressas. Para mim tem mais valor, até porque gosto de as oferecer.

Acredita na expressão: Uma imagem vale mil palavras?

Depende da imagem (risos), mas eu acredito que sim, globalmente, uma imagem vale mil palavras. As fotografias são memórias vivas.

Viagem?

Não gosto muito de viajar para o estrangeiro. Prefiro visitar e conhecer locais no nosso país.

Música imprescindível?

A tradicional portuguesa.

Quais os seus hobbies preferidos?

Fotografia

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?

A Guerra Colonial

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?

Num documentário

Prato preferido?

Coelho à caçador

Livro?

Actualmente, estou a reler “Santarém, uma cidade que faz história – 25 de Abril de 1974”, do Capitão de Abril, o coronel Joaquim Manuel Correia Bernardo

Acordo ortográfico. Sim ou não?

Não!

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