A Aquanena, Empresa Municipal de Águas e Saneamento de Alcanena, responsabiliza “caudais com elevada carga poluente” e o desrespeito pelos horários de descarga na ETAR pelos “maus cheiros” que se voltaram a sentir no concelho.

Em comunicado, a Aquanena afirma ter verificado que estavam a chegar à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), que trata os efluentes domésticos e das empresas do concelho, na sua grande maioria de curtumes, “caudais com elevada carga poluente”, com “elevadas concentrações de sólidos, gorduras, cargas orgânicas e elevada carga de sulfuretos”.

“Os maus cheiros voltaram a surgir por toda a área de Alcanena, Bugalhos e Vila Moreira…voltou à memória de todos os dias e as noites insuportáveis que vivemos em 2017”, refere o comunicado, assinado pelo conselho de administração da empresa, que é presidido pela presidente da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira.

O comunicado faz um historial do processo que levou à transferência da gestão do sistema de saneamento de Alcanena da associação de utilizadores, AUSTRA, para a empresa municipal, concretizada a 5 de Julho.

A nota lembra que o Tribunal Arbitral constituído a pedido da AUSTRA, que contestou o resgate da concessão decidido pelo município, validou o processo, estando em curso “uma acção visando uma eventual compensação indemnizatória”.

A empresa afirma que, desde que assumiu a gestão do sistema, procurou “a todo o custo” conseguir uma diminuição da carga poluente na chegada à ETAR.

Contudo, além de constatar a “elevada carga poluente” à chegada à ETAR, “a agravar a situação”, verificou que “deixou de ser respeitado, pelo menos por alguns utilizadores que têm a fase da ribeira” o horário que havia sido estabelecido pela AUSTRA “para rejeição exclusiva das águas pré tratadas provenientes desta fase de produção e que era das 00:00 às 03:00”, afirma.

A empresa afirma que todas as unidades foram alertadas para a situação em Agosto, tendo sido adquiridos cartões de transmissão de dados que permitem a leitura dos caudais à saída das unidades industriais e os equipamentos necessários à sua instalação, procedimentos concluídos esta semana e que passam a permitir a medição e verificação regular dos caudais.

A Aquanena afirma que vai igualmente começar a monitorizar a rede de colectores, uma vez que se tem verificado que a água que chega à ETAR é “muito superior à água que é medida através dos contadores das unidades industriais”, de forma a detectar “formas ilegais de rejeição de águas residuais”.

Por outro lado, vai instalar equipamentos “que avaliem a carga poluente rejeitada em cada unidade industrial”.

“Foi elaborado um Plano de Rejeição de Águas Residuais e comunicado a todas as unidades industriais para ser respeitado o horário definido”, acrescenta.

A empresa definiu ainda um horário para a rejeição das restantes águas residuais, por ter sido “comprovado que não podem ser rejeitadas em simultâneo, pelas reacções químicas que originam ao longo da rede de colectores e na chegada à ETAR, provocando a libertação de gás sulfídrico”.

“Esta reacção agrava-se com a presença de outras substâncias, nomeadamente matéria orgânica como as elevadas quantidades de gordura, que, imprópria e indevidamente, têm estado também a ser rejeitadas”, acrescenta.

Entre as várias medidas que decidiu adoptar está ainda a verificação do cumprimento por parte das empresas que foram notificadas para, em 2018, adoptarem medidas que minimizassem a proliferação de odores, e o reforço da fiscalização, refere a nota.

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