A atribuição do Prémio de Melhor Museu 2018 ao Museu Metalúrgica Duarte Ferreira, no Tramagal, é uma “distinção que orgulha a comunidade pela sua resiliência e pela sua história”, disse à Lusa a presidente da Câmara de Abrantes.

Contactada pela agência Lusa após o anúncio da atribuição de Prémio de Melhor Museu do ano 2018, atribuído em Lisboa pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), Maria do Céu Albuquerque, que recebeu o prémio das mãos do Presidente da República, disse estar “muito emocionada”, tendo feito notar o “imenso orgulho pela distinção para a comunidade de Tramagal e Abrantes pela sua resiliência em relação à sua história recente”, uma “distinção importante para reforçar laços de identidade e sentimento de pertença”.

O Museu MDF, inaugurado no Tramagal, a 01 de Maio de 2017, um investimento na ordem dos 500 mil euros, dos quais 90 mil comparticipados por fundos comunitários, foi ainda distinguido com uma menção honrosa na categoria “Investigação”, pelo trabalho coordenado pela jornalista Patrícia Fonseca e publicado no livro “1879-1997 – Metalúrgica Duarte Ferreira, uma história em constante metamorfose”, anunciou a entidade.

“É um reconhecimento do trabalho da autarquia ao nível da cultura, da arte e da nossa identidade, e que muito nos orgulha e responsabiliza no sentido de fazer mais e melhor”, notou a autarca, tendo referido que o Museu MDF faz parte de um “plano estratégico mais vasto em torno de um projecto de turismo cultural com diversos espaços museológicos que serão alicerçados numa rede alargada de âmbito nacional e internacional”.

Inaugurado no dia 01 de Maio de 2017, o Museu da Metalúrgica Duarte Ferreira cumpriu no dia um deste mês um ano de abertura ao público, sendo contabilizados pelo vereador com o pelouro da Cultura, Luís Correia Dias, “mais de três milhares de visitantes de todo o país” a um equipamento histórico e cultural que visa preservar e divulgar uma parte do património da MDF, importante indústria nacional do século XX que ajudou a escrever a história do Tramagal, e a memória do pioneiro da metalomecânica em Portugal, Eduardo Duarte Ferreira (1856-1948).

Em declarações à Lusa, Luís Correia Dias disse que receber este prémio “é um privilégio” e “um orgulho imenso”, tendo referido que o mesmo “assenta nas memórias de um povo” e é “um elogio aos pequenos grandes projectos”.

Segundo o autarca, o Museu MDF “é uma pequena grande obra que homenageia pessoas, reflecte as emoções e o trabalho de uma comunidade ao longo de um percurso de uma história ímpar como foi a da Metalúrgica Duarte Ferreira e do fundador, com as coisas boas e as coisas menos boas. E penso que é por aí que assenta a grande narrativa museológica do século XXI”, observou.

O Museu, instalado nos antigos escritórios da MDF, conta com espaços expositivos e documentais daquela que foi uma das principais empresas metalúrgicas do país e que chegou a empregar mais de 2500 pessoas e conta uma história com mais de um século – entre o dia em que Eduardo Duarte Ferreira ergueu a primeira forja (1879) e a data da extinção da Metalúrgica Duarte Ferreira (1997).

A intervenção realizada incide num edifício com dois pisos, estando um deles concluído, precisamente o que foi inaugurado em 2017, constituindo o prémio de hoje uma “responsabilidade acrescida e um desafio muito grande, tendo em conta que há uma segunda fase do Museu para construir e valorizar o turismo industrial”, disse ainda o vereador da Câmara de Abrantes.

“Tencionamos recuperar o 1.º piso no âmbito de um projecto que reforça a nossa estratégia de criação de produtos turísticos para podermos trazer mais visitantes ao nosso concelho, seja através do património cultural, seja através do património de arqueologia industrial, tão importante na história de Tramagal, de Abrantes e de Portugal”, destacou.

Segundo o plano inicial, no piso superior será construído um pequeno centro cultural, com salas de reuniões, conferências e outros eventos. Será ainda criado um percurso turístico de ar livre que fará a ligação do futuro Núcleo Museológico ao actual Museu “A Forja”.

Ao longo do percurso, com cerca de 300 metros, serão colocadas as máquinas de grande porte ali construídas ao longo do século XX, como debulhadoras, ceifeiras ou os célebres camiões Berliet, que equiparam o exército colonial português.

Nascido em Tramagal em 1856 no seio de uma família muito humilde, o fundador da fábrica, Eduardo Duarte Ferreira, começou por se dedicar ao fabrico de alfaias agrícolas, em especial charruas, estando a sua pequena forja unipessoal na génese daquela que viria a ser uma das maiores unidades industriais portuguesas, tendo adotado como seu símbolo comercial e de marca uma borboleta.

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