Catarina Carvalho, 23 anos, assumiu recentemente a direcção da Juventude Socialista Concelhia de Santarém. Nas suas palavras, este é um novo ciclo para a JS de Santarém, que promete pensar a cidade e o concelho em torno de dois eixos prioritários: a fixação dos jovens e a educação e o associativismo jovem.

O que a levou a aproximar da política e sobretudo a fazer parte dela?

Estava no 11º ano quando uma Professora de Filosofia, depois de me ter ouvido em alguns debates, me questionou se já tinha ponderado envolver-me em algum tipo de associativismo jovem. Olhando para trás, diria que viu em mim algo que eu ainda não tinha visto: esta minha forma inconformada de questionar o que me rodeia.

Não acredito que a intenção passasse por me aproximar da política, mas o certo é que me alertou para algo que eu tinha perto e a que ainda não tinha dado atenção.

Naquela altura li programas eleitorais de todos os partidos e acabei por me juntar à JS, convicta que tinha ali um espaço onde poderia deixar algum contributo, que me permitisse deixar o mundo melhor do que o encontrei. Ainda vejo a minha intervenção política assim, na verdade.

Como avalia o interesse dos jovens pela política?

A corrupção e as promessas vãs suscitaram, do meu ponto de vista, uma desconfiança generalizada na sociedade, o que explica que grande parte dela não acredite na classe política ou no seu próprio sentido cívico. Talvez por esse motivo, o número de filiados em partidos tenha vindo a decrescer, ao mesmo tempo que a taxa de abstenção atinge valores cada vez mais preocupantes. Vivemos, por isso, os tempos da desconfiança política nas famílias e da falta de literacia política nas escolas, os dois pilares da formação do indivíduo.

Perante tal cenário penso que não nos pudemos espantar que exista um desinteresse generalizado dos jovens pela política e que as juventudes partidárias, como a que dirijo actualmente, o sintam.

Qual é o papel de uma ‘Jota’ em termos de intervenção na sociedade?

Pessoalmente não sou apologista da ideia de que as ´Jotas´ são a “mesa dos pequenos” em jantares de família: excluída e raramente ouvida. Acho-as essenciais para levar os temas da juventude aos partidos e às estruturas representativas. Não podemos cair no erro de considerar dispensável algo que tem apresentado dezenas de propostas reais para a vida dos jovens: as propinas, os passes, o número de camas em residências, o IRS jovem… Mas, falando da intervenção local, que me é mais próxima, acredito que o caminho é estar presente: estar em constante articulação com o partido, exercer influência através da nossa representação nos órgãos internos e, acima de tudo, trabalhando. Sou uma séria adepta de que quem trabalha merece ser ouvido e, por isso, acredito que quanto mais formos valorizados por fora, também mais peso vamos ter dentro.

Quais os objectivos a alcançar e os pontos a tocar pela JS neste seu mandato?

Temos o nosso caminho bem traçado e dividimos o nosso mandato entre aquela que será a nossa política “para dentro” e “para fora”. Para dentro, queremos essencialmente despertar um sentido de militância e continuar com a política de angariação de novos militantes, iniciada no mandato anterior. Para fora, a nossa intervenção passará por dois eixos prioritários: a Fixação dos Jovens e a Educação e Associativismo Jovem. Diria que será um mandato marcado pela proximidade aos jovens, às associações de estudantes e às freguesias. Quero que seja um projecto de jovens para jovens, que conte com o envolvimento de todos os que nele queiram participar.

Quais as suas ambições políticas?

Diria que para além das minhas ambições pessoais, não tenho quaisquer ambições políticas. “Fazer mais e melhor” é o mote da minha vida e o meu objectivo em tudo a que me proponho.

Considera que as quotas partidárias continuam a fazer sentido?

Nunca, por ser mulher, me senti discriminada no meio político, mas admito que a minha realidade possa não ser a mais comum. Entendo as quotas como um acelerador, no entanto sublinho sempre a importância de se continuar a consciencializar a sociedade, e reconheço que nesse sentido têm existido avanços significativos, tanto para mulheres quanto para jovens. Gostava de testemunhar o dia em que não existissem, sou sincera.

Um título para o livro da sua vida?

Como me tornei o que sou.

Viagem?

Todas as interiores.

Música?

“Imagine”, de John Lennon.

Quais os seus hobbies preferidos?

Ler (ultimamente, livros técnicos) e escrever.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?

Pelo impacto histórico, a I Guerra Mundial.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferia?

Acção.

O que mais aprecia nas pessoas?

A honestidade, num mundo onde nos escondemos atrás de um “está tudo bem”.

O que mais detesta nelas?

A falta de humildade.

Acordo ortográfico, sim ou não?

Sou crítica, mas aceito-o.

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