o passado sábado, dia 4 de Outubro, teve lugar na centenária Praça de Toiros da Chamusca uma interessante corrida de toiros que ficará assinalada, sobretudo, pela passagem de testemunho do antigo Cabo do Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, Nuno Marecos, para o jovem Diogo Marques.

Estranhamente, ou talvez não, registou-se uma escassa afluência de público, perante um cartel com o atractivo de pôr mano-a-mano dois jovens cavaleiros com muita categoria e que contam por triunfos a maioria das suas actuações. Os aficionados taurinos são muito difíceis de satisfazer, pois passam a vida a queixar-se da sensaboria dos cartéis, por tão repetitivos que são, e depois quando alguém tem a ousadia de montar uma corrida com um cartel mais inovador o público não encosta a barriga ao balcão. Quem é que pode ser padre numa paróquia destas?

Compreensivelmente esta situação poderá ter contribuído para desmotivar os dois jovens marialvas – António Ribeiro Telles (Filho) e Paco Velásquez – na medida em que este alheamento do público em dia outonal tão agradável só poderá representar a falta de reconhecimento nas suas potencialidades, o que, de todo, não corresponde à verdade. Quer um quer o outro já evidenciaram bastas provas da sua categoria e não é por acaso que triunfam tão amiúde.

 

Nesta tarde em que enfrentaram toiros de Passanha, de Veiga Teixeira e de José Luís Cochicho, de díspar comportamento e de razoável apresentação, ambos se houveram a contento do respeitável, embora sem terem alcançado o nível que lhes é habitual e que aqui apenas lograram alcançar frente a cada um dos seus oponentes. Velásquez brilhou frente ao toiro de Passanha e António Ribeiro Telles (Filho) frente ao exemplar de Veiga Teixeira. Ambos foram coerentes com os respectivos estilos de lide, com Velásquez a privilegiar as sortes frontais quarteadas, mais encimistas e adornando-se com ladeios ao longo da trincheira, e António Telles (Filho) bordando um toureio mais clássico, frontal e emotivo na colocação da ferragem.

Mas, de facto, a tarde era dos Forcados e deu para perceber que a maioria dos espectadores ali estava por eles, vibrando com cada sorte e evidenciando uma grande cumplicidade e carinho pelos rapazes das jaquetas de ramagens. Nuno Marecos, que aqui encerrou uma carreira notável de mais de 30 anos de forcado, bem o mereceu e o jovem Diogo Marques, que lhe segue as pisadas na chefia do Grupo, também não terá ficado insensível a esta prova de confiança.

Nuno Marecos pegou o segundo toiro da tarde, despedindo-se com uma valorosa pega ao quarto intento, sendo o toiro rabejado pelo antigo Cabo Nuno Marques, que igualmente haveria de rabejar o toiro seguinte, pegado pelo seu filho Diogo Marques, ao primeiro valoroso intento. Nuno Marecos e Diogo Marques, foram ovacionados com muito carinho e afecto. As restantes pegas foram consumadas por Manuel Aranha, à primeira tentativa, Miguel Santos, à terceira, e Bernardo Casinhas, à primeira.

Obrigado Nuno Marecos pela forma como sempre dignificou a figura do Forcado e as maiores felicidades para o novo Cabo Diogo Marques.

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