Aos 36 anos, a Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém é uma instituição de ensino superior com um projecto educativo perfeitamente consolidado, empenhada na qualificação de alto nível dos cidadãos, destinada à produção e difusão do conhecimento, à criação, transmissão e divulgação do saber de natureza profissional, da cultura, da ciência, da tecnologia, da investigação aplicada e do desenvolvimento experimental, relevando a centralidade no estudante e na comunidade envolvente, num quadro de referência internacional. Sérgio Cardoso, director eleito da ESGTS traça, nesta entrevista, o perfil da instituição que regista, cada vez mais, um aumento de procura e se quer projectar no futuro aproveitando as oportunidades do PRR, “mobilizando a inteligência conjunta” da Academia para cumprir esse desafio.

Quais foram os resultados do concurso nacional de acesso deste ano na ESGTS? Houve aumento de procura?
A Escola vem de uma fase de grande consolidação, e este ano reforça os seus indicadores de procura. Temos um crescimento na ordem dos 7,5 por cento, em termos de estudantes matriculados. São agora mais uma centena de novos alunos e cerca de 510 que habitualmente colocamos a cada ano lectivo. A nossa oferta formativa, quer de cursos de TeSP quer de licenciatura e de mestrado, tem merecido a atenção dos estudantes candidatos de tal forma que, em concurso nacional de acesso, temos algumas vagas para as quais, em cada colocação, há indicadores de procura que são quatro ou cinco vezes superiores.

Como analisa estes dados? São resultados que deixam a Escola confortável para olhar para o futuro?
Sim, claramente. Aliás, o Professor Vítor Costa, que termina agora o ciclo da sua liderança, entrega uma Escola que passou por uma renovação profunda da sua oferta formativa e estabilização, quer dos processos internos quer, ainda, daquilo que são os indicadores de procura. É uma Escola que tem, em número de estudantes, mais de 1300. Tem tido um crescimento sustentado, anualmente. No fim do seu mandato, o Professor Vítor Costa tem esses créditos. Eu, na condição de director eleito, projectando os próximos anos, tenho a espectativa de continuar esse trabalho e de o aprofundar. O que o ensino superior tem de interessante é que o desafio da qualificação dos nossos cidadãos nunca está terminado.

Quais os principais desafios que a Escola enfrenta?
Eu diria que, para abordar esses desafios, que são muitos, a Escola tem ainda algumas limitações. Os principais aspectos passam, por isso, por retirar essas limitações em prol do reforço do projecto educativo e do cumprimento da nossa missão. O primeiro indicador que temos é aumentar, ainda, o número de estudantes com a nossa oferta formativa. E temos, também, algum trabalho a fazer no redesenho da oferta formativa de segundo ciclo.
Por outro lado, estamos também a projectar uma oferta de cursos de pós-graduação. Coloca-se a necessidade da prestação de serviços, e de que essa prestação de serviços se faça de forma sistematizada. Há, igualmente, limitações no espaço físico: a Escola, com o número de alunos que tem está a chegar aos seus limites físicos.

Como é que a Escola se posiciona ao nível da internacionalização e captação de alunos internacionais?
A forma como vemos a internacionalização é sempre numa perspectiva de identificação de parceiros – tipicamente no espaço europeu, ou países com expressão portuguesa – e aos quais devemos dar atenção.
Ou seja: identificar instituições de ensino superior parceiras, qualificá-las e trabalhar com elas em proximidade. Daí sairá a internacionalização da Escola quer pelo lado do ensino assente em acordos de dupla titulação ou de reconhecimento mútuo, pelas mobilidades que docentes e estudantes possam fazer, quer finalmente pela participação conjunta em projectos e em actividades de investigação e desenvolvimento.

Quais são os projectos mais emblemáticos nos quais a Escola participa?
A Escola terminou um conjunto de projectos de algum relevo, e tem trabalhado na submissão e renovação de novas propostas para efeitos de financiamento.
Esta é uma área que não descura a nossa atenção e que temos continuado a aperfeiçoar e desenvolver. Apesar da sua qualidade, nem todos os projectos chegam ao financiamento e isso leva à procura de outras alternativas para os concretizar. Estamos, neste momento, a abordar projectos de investigação aplicada em parceria com empresas, de tal forma que a investigação é centrada numa necessidade concreta e responde a um desafio imediato perante o qual nós colocamos o nosso saber na solução destes desafios.

Sentiu que a pandemia, tendo obrigado as Escolas a adaptarem-se, foi uma oportunidade perdida para fazer diferente? Como avalia a forma como a Escola respondeu a esta crise?
É quase comovente ver como a Escola reagiu ao desafio. Parámos a uma quinta-feira e, na segunda-feira seguinte estávamos a arrancar completamente online, logo no momento inicial. Alterámos tudo: o método de ensino, o método de avaliar, mas mantivemos a integridade de todo o procedimento académico.
Isso só se pode fazer com a disponibilidade dos estudantes e com uma resposta impressionante dos nossos colegas e funcionários, que não pouparam esforços para conseguir concretizar esta missão. Daqui ficaram inovações que já não sairão do nosso trabalho. Ficou um uso mais ‘agressivo’ das tecnologias que facilitam o diálogo constante da comunidade educativa. Ficaram capacidades que estão permanentemente instaladas em contexto de sala de aula que permitem, hoje, mudar qualquer cenário, quer para os alunos que estão connosco, quer para os desafios da internacionalização. Diria, também, que esta circunstância, inspirou muitos colegas a alterarem profundamente os seus métodos de trabalho de tal forma que a Escola, hoje, adaptou bastante os seus processos de ensino e está perfeitamente preparada para responder, quer ao desafio pandémico, quer a outros desafios.

Actualmente, quais são os cursos com maior procura, e as áreas com maior empregabilidade?
A Escola é fundada a partir do curso de Gestão. Esse curso continua a ser a principal referência. Com o passar do tempo abriu-se a outras dimensões das ciências empresariais como contabilidade, fiscalidade ou negócios internacionais. Todos estes cursos com elevados índices de empregabilidade e procura sustentada. Por seu turno, também o curso de informática merece destaque por registar uma empregabilidade quase plena dos seus diplomados.
A Escola aborda, ainda, o alargar do leque das tecnologias, para procurar incorporá-las mais na resposta que dá ao tecido empresarial e instituições locais.

Quais são as grandes forças da Escola Superior de Gestão de Santarém?
A Escola tem os seus 36 anos de registo e entregou já inúmeras gerações de profissionais ao mercado de trabalho. A ESGTS tem, desde logo, níveis de empregabilidade que são a nossa maior referência. A proximidade entre professores e alunos, aquilo que é o cuidado e a atenção que há para com os problemas particulares de cada estudante, fazem com que a Escola seja um parceiro no cumprimento das expectativas que os estudantes trazem quando ingressam connosco nos vários tipos de curso que frequentam. A nossa Escola oferece um leque relevante de competências técnicas, cientificas e profissionais que os estudantes aproveitam no seu percurso de desenvolvimento pessoal e profissional.

Como perspectiva o futuro da Escola?
Esse é o desafio que temos em cima da mesa. A Escola, no momento de estabilidade em que está, não se deve conformar nem contentar com a simples manutenção dessa estabilidade. Deve projectar-se para o futuro com renovada ambição e, em dez anos, vamos ter certamente a vertente tecnológica da Escola mais evidente: vamos ter a Escola mais desenvolvida em número de alunos, em professores e funcionários. As restrições ligadas ao espaço físico terão que ser ultrapassadas assim como a satisfação das necessidades permanentes de recursos humanos, de tal forma que a Escola se renove e se projecte a dez anos.

Considera que o Plano de Recuperação e Resiliência poderá ser uma boa oportunidade para o IPSantarém e para a Escola?
Eu acredito que o PRR deve ir no sentido de cumprir as ambições que já abordei. A Escola e o Instituto fizeram esse trabalho. Há interesses que o instituto sinalizou e formalizou já candidaturas que estão em fase de avaliação. O que é possível aqui referir-se é que a Escola projectou com ambição aquilo que são as possibilidades existentes em PRR para o reforço dos meios necessários ao cumprimento da nossa missão.
Temos expectativa que as candidaturas sejam bem aceites, bem avaliadas e que forneçam os meios porque, depois, fornecemos nós o trabalho e cumprimos nós os objectivos anunciados.

Que marca quer deixar na sua presidência?
Eu projecto o meu mandato com dois objectivos principais: a continuidade do trabalho que vinha a ser feito até aqui, sendo eu membro desta equipa. Outra razão é que é preciso desafiar a Escola para abordar o futuro próximo. É essa marca, essa alteração – que certamente não farei sozinho, mas com o apoio dos meus colegas e de toda a comunidade académica – com vista a mobilizar a inteligência conjunta e cumprir esses desafios. Na prática, vejo-me como um instrumento dessa vontade colectiva e é aí que projecto o meu trabalho para este mandato que vou iniciar.

Que mensagem quer deixar neste aniversário da Escola?
Neste 36º aniversário, a Escola de Gestão e Tecnologia sente-se renovada, capaz de abordar os desafios futuros e a verdade é que só o pode fazer na certeza que conta com o maior empenho dos seus funcionários, do seu pessoal docente, mas, sobretudo, daquilo que são as expectativas dos nossos estudantes para realizar o seu sonho de graduação, para procurarem qualificar-se profissionalmente. A Escola sente essa responsabilidade e mobiliza o melhor de si no cumprimento dessa missão. Importa também dar mais visibilidade às tarefas de I&D realizadas na Escola e por esta via aprofundar o relacionamento com os nossos parceiros institucionais, trabalhando em parcerias cada vez mais estreitas também na prestação de serviços, destinadas a cumprir a nossa missão com a relevância. Longa vida à nossa Escola!

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