Leonardo Pereira é um jovem ribatejano de 20 anos que tem vindo a destacar-se no universo do fado. Foi finalista do Concurso FestFado, dinamizado pela fadista Dora Maria, e conquistou o 2°lugar no Concurso de Fado Amador do Ribatejo, em 2018. Mais recentemente participou no Grande Prémio do Fado, transmitido pela RTP 1. Este ano de 2020, marca a edição do seu primeiro trabalho discográfico.

Como é que a música apareceu na sua vida?
Desde muito novo tive uma forte ligação com a música, não dormia sem ouvir música, não fazia nada sem música, sentia que era uma necessidade que tinha a cada minuto de vida. Comecei a cantar com cerca de 9 anos em festivais e festas, naquela altura, da minha escola. Aos 11 anos, tive a oportunidade de fazer parte do Coral Polifónico de Alter do Chão, no naipe dos tenores, até aos 14 anos. Entretanto, voltei para a minha cidade, Santarém, afastei-me um pouco da música e, quando menos esperava, o fado entrou na minha vida.

Quando é que decide ser fadista?
Não tenho uma resposta certa para esta pergunta, mas posso garantir que, apenas de uma forma tão natural e tão especial, aconteceu. No dia 15 de Outubro de 2016, fui desafiado pelo companheiro da minha mãe, que tem sido uma pessoa incrível e me tem ajudado incansavelmente, a cantar “um fado ou dois”, numa noite de fados no Prado (Alcanede) no típico intervalo onde, normalmente, os fadistas da plateia fazem a sua intervenção. E assim foi, pedi para cantar, recebi um feedback bastante positivo e comecei a receber imensos convites de espectáculos, devido a um vídeo dessa noite que tinha posto nas minhas redes sociais.

O que é o Fado para si?
É sempre uma grande responsabilidade mostrar o nosso ponto de vista sobre este assunto tão português que é o nosso Fado. Mas para mim, considero que seja uma forma de exprimir os nossos sentimentos, o desabafar da alma de cada um de nós… é sentir uma excessividade de emoções no poder da nossa voz. O fado é isso, o fado é alma.

Vai lançar brevemente o seu primeiro single. O que é nos pode dizer acerca do mesmo?
O meu primeiro single “Ponto de Partida”, que dará nome ao meu Disco de Estreia, previsto ser lançado em Julho (dia 27 desse mês), é um tema da minha autoria com música de Armando Machado. É das letras que escrevi, a que mais me entreguei e que considero conter toda a minha alma, as minhas raízes do fado e o meu orgulho em fazer parte do ADN português. Assim sendo, optei por descrever a minha visão sobre o meu “Ponto de Partida”, o ponto de início de uma nova etapa no meu percurso do fado.

Em que é que se inspira nas suas músicas?
Inspiro-me no elo de ligação entre o meu coração e as minhas emoções do momento. O fado para ser fado, precisa da sua raiz, da sua alma, da sua história para que possamos transmitir ao nosso público, a sua tradição, o verdadeiro fado. É sempre nisso que me foco.

Quais são as suas referências musicais?
Tenho por referência musical, o grande Alfredo Duarte, mais conhecido por Alfredo Marceneiro. Ainda hoje me emociono ao ouvir a sua forma de cantar, ao ver a paixão com que cantava. Tinha uma alma cheia de fado e um coração cheio de emoções.

É um objectivo chegar ao patamar de Fadistas como Carlos do Carmo ou Camané?
Sim, claro! Estou a trabalhar para isso. Porém, o meu objetivo para além de chegar a tal patamar, é também, chegar ao coração de cada pessoa que me ouça cantar para que consiga partilhar um pouco de mim, um pouco do meu fado.

Apesar da pandemia afectar o sector, já tem concertos agendados?
Infelizmente, a pandemia veio cancelar os meus espectáculos já agendados e nem tão depressa voltaremos ao estado normal da nossa agenda. Mas felizmente, encontra-se confirmado, o meu concerto na Casa da Música, no Porto, no dia 7 de Julho. É sem dúvida, um concerto de sonho!

Quais são os seus objectivos para o futuro no mundo da música?
Quero crescer, quero dar um passo de cada vez… Ainda tenho muito para aprender no fado! Mas quero poder apresentar vos novos projectos, novas ideias, quero cantar em locais que não cantei, quero poder estar perto do meu público de forma a transmitir-lhes a minha alma e a minha entrega ao fado.

Um título para o livro da sua vida?
“O Diário de uma Alma”, acho que seria interessante! Sou uma pessoa muito sentimental, com as emoções à flor da pele e sempre que no meu interior se passa algo, a minha alma não o consegue esconder.

Música?
Não tenho nenhuma música favorita, sou uma pessoa que gosta de todo o tipo de música, não sou esquisito. Mas ultimamente, o single “Chegou Tão Tarde”, da fadista Sara Correia, tem sido o meu número 1, no TOP 10 da minha Playlist. Não é por nenhuma razão em especial, mas a voz da Sara e a entrega dela a esse tema, é completamente arrepiante e especial!

Viagem?
Já viajei a alguns sítios, mas Londres tem de ser o próximo destino. É um sonho de criança que pretendo realizar muito em breve!

Quais os seus hobbies preferidos?
Gosto de escrever, gosto de ter aquela pausa para poder brincar com os meus animais domésticos, gosto de ir à praia, mas acompanhado e adoro arranjar aquele tempo mais precioso do mundo, para estar com a família.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
Se eu pudesse alterar um facto da história, teria de fazer uma viagem no tempo para essa altura e sempre ouvi dizer que não se deve mexer no passado, pois por vezes a escolha que nós achamos certa, não é e poderia atrair outras consequências menos boas.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
O filme ideal seria comédia ou aventura, penso que não me vejo num outro género. Sou muito brincalhão e gosto de fazer as pessoas sentirem se bem e alegres perto de mim, mas por outro lado, adorava poder desvendar mistérios.

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