Carlos Henriques, de 36 anos de idade e natural de Santarém, é formado em Engenharia do Ambiente pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. Nos últimos 10 anos, tem dedicado o seu trabalho às áreas de eficiência energética e energias renováveis. Em entrevista ao Correio do Ribatejo, diz que o meio ambiente já despertou e deve despertar ainda mais consciência na população, sendo a descarbonização do consumo e o uso racional dos recursos os passos principais para a sustentabilidade ambiental e energética do planeta.

O que o levou a seguir e a interessar-se pela área do Ambiente?
Esta é uma pergunta que normalmente tenho dificuldades em responder, porque na realidade interessei-me, aliás, interesso-me, pelas engenharias no seu todo. O interesse na área do ambiente, no que à engenharia diz respeito, acabou por surgir de uma forma um pouco fortuita, mas que me tem possibilitado um contacto regular com outras áreas, numa multidisciplinariedade que particularmente me agrada.

Para si quais são os principais problemas ambientais da região do Ribatejo?
Esta é efectivamente uma pergunta interessante. O meu conhecimento sobre este assunto é aquele que tem vindo a ser veiculado a comunicação social, como a poluição do Rio Tejo e de alguns dos seu efluentes – nomeadamente através de descargas por parte de algumas indústrias –, e igualmente alguns focos específicos de poluição atmosférica.

Como é que olha para o País em relação ao uso de energias limpas/renováveis?
O país e o seu tecido empresarial têm desempenhado um papel muito importante na promoção e utilização de energias limpas, contribuindo para a gradual descarbonização do nosso consumo. A procura da sustentabilidade ambiental e energética é um trabalho em contínuo e que deverá ter como meta o consumo de energia produzida unicamente pela via renovável. 

Considera que a população está cada vez mais consciencializada para as questões do Ambiente?
A transição digital em curso tem permitido à população o acesso a mais informação, e de uma forma mais rápida. Pela forma e rapidez como esta informação nos chega – por vezes, infelizmente, através de alguma contra-informação ou informação incorrecta – a população acaba por estar naturalmente mais desperta para as questões ambientais. Na última década temos assistido a uma interessante mudança de hábitos, como por exemplo no tema reciclagem, na redução do consumo de plásticos e no interesse pelas energias renováveis nas nossas casas. São pequenos passos que todos somados têm um contributo muito valioso.

Como é que vê a luta dos jovens perante o problema das alterações climáticas?
O problema das alterações climáticas, por si, não é um tema geracional, afecta-nos a todos. A forma como os jovens têm denunciado e promovido o combate pela sustentabilidade ambiental deverá ser visto pelos governos mundiais como um agente motivacional na tomada de decisões que protejam o meio ambiente e a população, sem no entanto colocar de lado o interesse económico.

Acha que o país deve investir ainda mais nas energias renováveis?
O investimento público e privado tem sido uma realidade dos últimos anos. A descarbonização do consumo deverá ser um objectivo global, pelo que deverão continuar a ser tomadas medidas que promovam esta transição energética que temos assistido.

Como é que vê o futuro do meio ambiente?
O futuro do meio ambiente é um tema que deve estar na ordem do dia e pelo qual somos todos responsáveis. Se por um lado temos verificado uma crescente consciencialização em relação às alterações climáticas e ao uso de energias limpas por parte de algumas economias, outras – com elevada importância nas emissões globais de gases de efeito de estufa – necessitam de percorrer um caminho importante, de modo a reduzir a sua pegada ecológica. Na prática, o futuro do meio ambiente pode ser equiparado a uma equação que tem como varáveis os recursos do planeta, a população mundial e o consumo dessa mesma população, e onde os vários países têm de encontrar uma forma de tornar este balanço sustentável.

Um título para o livro da sua vida?  
A cada dia, o seu título.

Viagem?
Ilhas (Açores e Madeira), pela beleza natural, e pela simpatia e espírito da sua gente.

Música?
Prefiro rock e heavy hetal, e em relação a este último estilo destacaria as bandas “old-school” Pantera e Metallica.

Quais os seus hobbies preferidos?
A corrida no seu todo e o trail running em particular.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
De entre os muitos factos históricos que alteraria – e o minuto 92 do Kelvin seria um deles – o Holocausto seria sem dúvida a minha escolha por tudo o que representa em termos de liberdade e respeito pelo próximo e pelas diferenças.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Dependeria um pouco do estado de espírito, mas na maioria do tempo seria comédia ou ficção científica.

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