O Porto, que sempre acusa Lisboa de não lhe dar a importância que tem como segunda cidade do país, veio aos títulos de toda a comunicação social, devido a uma petição que trinta e sete subscritores fizeram à sua edilidade, pedindo a remoção da estátua colocada no largo Amor de Perdição, onde Camilo Castelo Branco está representado trajando roupas da época, abraçado a uma mulher nua.
Aquele que muitos consideram ter sido o melhor, ou um dos melhores escritores portugueses, foi colocado naquela pose há onze anos, mas poucos devem ter reparado nisto, porque só agora, as três dezenas de crânios portuenses acharam que deveriam pedir a retirada daquela obra da autoria do escultor Francisco Simões.
Não porque fosse agora averiguada qualquer segredo que desclassificasse o homenageado, mas porque tal situação era indigna para o insigne escritor, a menos que, segundo argumentaram alguns de bom humor, ele estivesse na mesma condição da sua acompanhante.
Assim, a mulher está numa pose de subalternidade e de humilhação perante o macho de farto apêndice labial. Referem também os peticionários em “desgosto estético e desaprovação moral”, solicitando também “o favor higiénico de desentulhar aquele belo largo de tão lamentável peça e despejá-la onde não possa agredir a memória de Camilo” (sic). Assim, sem mais nem menos, assinaram os intelectuais e influentes homens e mulheres do Norte, nauseados com tamanho despautério artístico.
Rui Moreira, mais impressionado com o nome dos pedintes, do que com a razoabilidade do requerido, logo decidiu acolher o desejo e comunicou-o publicamente.
Foi então que voltou à realidade a verdadeira resiliência portista, pois num ápice se
juntaram seis mil e quinhentas assinaturas pedindo que a estátua permaneça no mesmo sítio, já que, como disseram trinta e sete cidadãos não têm representatividade para tal exigência. Rui Moreira travou às quatro rodas e afinal, Camilo vai ficar na mesma posição e onde está.
Desta vez, a ditadura da moda, os moralistas de pacotilha, os que pretendem impor os seus critérios, não levaram a sua avante. Fica para a próxima, que eles não desistem….
No início desta semana começou oficialmente mais um ano lectivo para muitos milhares de alunos. Foi também o primeiro dia de greve de alguns professores que, logo pela manhã, apareceram nas televisões com os cartazes do costume, enquanto os alunos já estavam dentro dos estabelecimentos ditos de ensino.
Alguém me poderá explicar porque razão os professores contratados, que há duas dezenas de anos dão aulas e que só neste ano conseguiram ser vinculados, recuam para o primeiro escalão de vencimentos, porque têm de cumprir o chamado período probatório de um ano escolar, como se entrassem agora na profissão.
Isto faz sentido? E pior ainda. Não cheira a situação ilegal? Porque se põe o governo a jeito para estas reacções? A quem servem estes confrontos? Lembram-se do nome de Clovis Abreu? Foi indiciado pela sua participação no homicídio de Fábio Guerra, o polícia que foi morto à saída de uma discoteca.
Esteve fugido à justiça, foram emitidos pelo Ministério Público mandatos de detenção internacional, mas sem resultado.
Na passada sexta-feira, o fugitivo entregou-se ao DIAP de Lisboa. Mas a delegada encarregada do processo, pediu-lhe o favor de voltar na segunda-feira seguinte e na hora de expediente normal dos serviços.
A notícia, parece daquelas inventadas para o primeiro dia de Abril, mas infelizmente já estamos em Setembro.
Há situações que o bom povo que somos, não entende. Quantas vezes será necessário explicar que os foragidos à justiça, sobretudo os que têm mandatos internacionais, só podem ser atendidos pelos serviços da justiça às horas normais do expediente?
Afinal, a República das Bananas não está assim tão longe.