Também ficou sujeito a um novo imposto de consumo, – actualizadas as respectivas taxas, – este produto, concebido para o inglório fim de se converter em fumo.
Com filtro ou sem ele, provisório ou definitivo, em maço ou caixa, em cigarros ou em charutos, o tabaco não escapa ao seu destino, ou seja, tornar a vida cara aos que se deixam dominar por ele.
Bem podem os seus utentes alegar que não lhe dão confiança para tal, que esse desprezível chupa-chupa é coisa que se bota ao desprezo, não valendo o imposto com que foi taxado.
A droga não se deixa, porém, votar ao ostracismo. Por mais que o intoxicado se lhe queira escapar, há um entranhado odor que resiste a todos os impostos, por violentos que pareçam.
E assim se faz tudo em fumo – com taxas ou sem elas.
Ratoneiros
As proezas dos amigos do alheio têm tomado nos últimos tempos um ritmo cada vez mais inquietador, tal a frequência e audácia que caracterizam os assaltos a estabelecimentos e a residências.
Recorrem os meliantes a todos os expedientes ditados pela sinistra vesânia que os move, não se eximindo de atentar contra os haveres do próximo à mão armada, nenhuma consideração lhes merecendo a vida alheia.
Tida esta como coisa de somenos pelos ladravazes, não é de admirar que se lhes pague na mesma moeda, dando a polícia e as forças armadas, resposta adequada às suas malas-artes.
Nada disto, porém, serve de consolação a nenhum de nós, e muito menos aos sujeitos que, vitimando os outros, acabam, afinal, por se vitimarem – a si próprio. (In: Correio do Ribatejo de 14 de Setembro de 1974).