Luís de Castro considera 2019 um ano “regular” e que o ‘selo de qualidade’ dos vinhos do Tejo está a “aumentar exponencialmente”.
Atento às alterações climáticas e ao seu impacto directo na cultura da vinha, nesta breve entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’ o presidente da CVR Tejo garante que os últimos anos foram de “grande evolução e modernização” no que toca às práticas de viticultura e enologia, graças a uma nova geração de viticultores e enólogos, que “soube aliar os conhecimentos adquiridos nas universidades à tradição das gerações que os precederam”.
Os dados do 1.º semestre de 2019 falam por si, e o Tejo promete ser a região vitivinícola que, percentualmente, “mais irá crescer em volume de vinho certificado”.

Como correu a vindima este ano? Qual a previsão em termos de produção?
Segundo informações recolhidas junto dos nossos agentes económicos (produtores), as vindimas estão a decorrer normalmente e devem terminar em meados de Outubro. O ano de 2019 foi um ano regular, sem grandes doenças na vinha e perturbações climáticas. Nesta fase, o mais sensato é aguardar pelo final da ‘campanha’ para termos números concretos.

A Região Vitivinícola do Tejo tem registado uma evolução positiva. Como a caracteriza?
A venda de vinho com selo de qualidade Tejo está a aumentar exponencialmente. Ultimamente, novos agentes económicos têm vindo a investir na região e assistimos também a novos interessados na plantação de vinhas em detrimento de outras culturas, o que nos garante, de alguma forma, que no futuro a produção de vinho nesta região continue a aumentar de forma consistente.
De há quatro anos a esta parte, a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVRTejo) definiu e tem vindo a implementar um Plano Estratégico de Internacionalização, o que teve impacto em termos comerciais no aumento expressivo da presença dos Vinhos do Tejo em alguns mercados tradicionais e a abertura de novos mercados. Estamos, actualmente, a elaborar um novo Plano para os próximos 3 anos, de 2020 a 2022.

O que mudou na Região Vitivinícola do Tejo nos últimos dez anos?
Houve uma grande evolução e modernização no que toca às práticas de viticultura e enologia. Isto graças à nova geração de viticultores e enólogos, que soube aliar os conhecimentos adquiridos nas universidades à tradição das gerações que os precederam. Também no que diz respeito às adegas houve uma modernização dos equipamentos e métodos utilizados, que melhoraram significativamente a produção dos nossos vinhos.

Em que é que a região do Tejo é distintiva, face a outras?
A região do Tejo não é melhor nem pior que qualquer outra região portuguesa; é apenas diferente e é essa diferença que queremos que o consumidor sinta ao provar os nossos vinhos. Esta região foi formada durante milhares de anos pelo rio Tejo, que a atravessa, dando origem aos seus três terroirs (bairro, campo e charneca), e influenciando o seu clima, pois ao calor dos dias seguem-se noites mais frescas e húmidas, o que retira algum stress hídrico às plantas, dando por isso mais frescura aos seus vinhos. Por outro lado, o Tejo está protegido a Oeste por uma cadeia de montes e montanhas que o protegem da influência do Atlântico.
Em termos geográficos a região está junto a Lisboa o que irá potenciar um rápido crescimento ao nível do enoturismo, que é também um excelente veículo de promoção da região e dos seus vinhos. 

Quais os principais desafios que a região do Tejo enfrentará? 
Um dos maiores desafios que esta e as outras regiões vão enfrentar prende-se com as alterações climáticas e o seu impacto directo na cultura da vinha. Há que destacar, contudo, que a região do Tejo possui recursos hídricos consideráveis que, de alguma forma, poderão vir a atenuar esses efeitos.
Simultaneamente, estamos a assistir a um aumento significativo do volume de vinho certificado com o selo de qualidade Tejo, o que levou esta CVR a tomar medidas e a equipar-se, quer em termos técnicos quer humanos, para poder enfrentar este exponencial aumento. Tendo em consideração os dados do 1.º semestre de 2019 seremos certamente a região vitivinícola que percentualmente mais irá crescer em volume de vinho certificado.

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