Fábio Gonçalves, de 27 anos de idade, é produtor audiovisual que se diz apaixonado pelo trabalho e pela vida. Começou a produzir pequenos vídeos em discotecas e festas na região e agora o jovem, natural de Vila Chã de Ourique, é responsável pela realização de vários vídeos de artistas do mundo da música nacionais e internacionais, para além de trabalhar em publicidade com várias marcas de renome. Fábio que tem formação em Cinema, pela Universidade Lusófona em Lisboa, diz que não há uma fórmula perfeita para o sucesso apenas muito trabalho.

Como é que inicia a sua carreira de produtor audiovisual e o que é que o levou para esta área?
Na verdade, nem sei bem. Dou por mim a reparar que desde miúdo “brinco” com câmaras de filmar VHS dos meus pais, depois vieram as câmaras digitais onde comecei por fazer aqueles primeiros vídeos com fotos de família nos aniversários e mais tarde surgiu a oportunidade de participar com os meus amigos num concurso de talentos no Cartaxo, onde fizemos um filme de terror. Depois disso, um Dj da zona que viu o filme e contratou-me para o acompanhar em festas. Posteriormente fui para a universidade enquanto trabalhava ao mesmo tempo com alguns DJs e em discotecas. E até hoje, nunca mais parei. 

O que é preciso para ser um bom profissional nesta área?
Para além de estar sempre em cima das tendências do vídeo/audiovisual, tento sempre reinventar-me e aprender mais. Tenho de me superar a mim mesmo todos os dias. E para além disso, dormir pouco, estar disponível 24/7 e tentar nunca falhar com os meus compromissos. 

O Fábio rapidamente chegou a um patamar superior. Como é que se chega até aqui?
Não há uma fórmula de sucesso. Dei por mim a perder muitos amigos, muitos aniversários da família, muitas celebrações com amigos. Também porque sou viciado no meu trabalho e amo o que faço. Há que perder umas coisas para ganhar outras. Estava na universidade, trabalhava ao mesmo tempo e pouco aproveitei a vida académica. Mas, como muitos jovens que estão a começar me perguntam, o conselho que sempre dou é ter rigor e integridade profissional. Tentar nunca falhar a quem nos contrata. Dou por mim a estar disponível 24 horas por dia, a acordar durante a noite e a responder a e-mails. Acho que é isto que me distingue e me fez chegar mais longe. Sempre tentei ser muito rigoroso e profissional. Quem trabalha comigo sabe que sou super organizado e raramente falho.

Quem são as suas referências?
Quando era mais novo e estava na universidade queria ser como o Spielberg, mas depois cresci e percebi que estava em Portugal (risos) e a indústria do cinema cá é quase inexistente. Surgiram outras oportunidades e dediquei-me mais à publicidade. Hoje em dia inspiro-me mais em nomes como Sam Kolder e outras ‘vedetas’ do Instagram.

A sua empresa a BdProd produz vídeos para diversas celebridades do mundo da música, como o Mastiksoul, e é responsável por vídeos promocionais de diversas empresas a nível nacional e até internacional. Como é que surgiram estas oportunidades?
É quase como uma bola de neve, há 10 anos quando comecei não imaginava sequer que esta ia ser a minha vida. Comecei com artistas mais pequenos e algumas discotecas como o Respública em Santarém (2012), comecei a ter visibilidade cá, depois com artistas portugueses que viviam no Brasil e quando dei por mim, eu e a minha equipa estávamos a trabalhar com grandes artistas e marcas nacionais, estava a viajar para a Venezuela para filmar artistas Venezuelanos e ainda no mesmo mês viajava para o Dubai. E é como disse, é uma bola de neve, se fores dedicado e profissional toda a gente quer trabalhar contigo e o teu nome circula. 

O vídeo é cada vez mais utilizado nos dias de hoje. Acha que é uma tendência que ainda está em crescimento?
O vídeo está na moda, é uma tendência e tende a crescer cada vez mais. Principalmente vídeos curtos e dinâmicos. As marcas estão cada vez mais a investir em vídeo e conteúdos digitais do género. Virou moda e todos querem ter vídeos, quer seja de viagens, da nova linha de roupa, etc. Está provado que ajuda nas vendas. 

Se não estivesse na produção multimédia, o que é que faria?
Estou sempre a dizer que não me vejo a fazer outra coisa. Mas tudo o que envolva “acção”, estou lá. Já há cerca de três ou quatro anos que não vivo exclusivamente do vídeo. Já organizei eventos/festas na zona. Já pus música em discotecas. Mas hoje em dia, paralelamente ao vídeo, tenho uma empresa que se dedica ao marketing, onde somos responsáveis pelas redes sociais do Olavo Bilac, da Taberna Ó Balcão, entre outras. Tenho ainda outros projectos para aprovação mas ainda não posso adiantar… 

A pandemia covid-19 também provocou um abalo em todo o panorama artístico. Que impacto sentiu durante este tempo?
É uma situação complicada para todos. Há empresas gigantes a perder tudo, infelizmente. Também fui afectado claro, tive cerca de 40 eventos cancelados, um deles no Rock in Rio. E quando tudo isto começou era para viajar até Ibiza com o Eddie Ferrer. 

Teve de se reinventar ou surgiram novos trabalhos em confinamento? 
Graças a Deus, há sempre trabalho. Muito menos claro. Mas aparece sempre coisas para fazer. Empresas que continuam abertas e precisam de mostrar os novos serviços (Take Away, por exemplo) ou as novas regras de segurança. 

Viagem de sonho?
A verdade é que sou um felizardo por todos os sítios que já conheci. Desde Qatar, Tailândia, Venezuela, Dubai e quase toda a Europa. Mas o mundo é gigante e eu sou muito ambicioso, quero sempre mais. Quero fazer a viagem que perdi a Ibiza (por causa do vírus) e quero muito ir à Índia, porque desde criança que o meu avô me falava daquele lugar mágico que conheceu na altura da tropa.

Até onde quer chegar?
Sou muito feliz e grato por tudo o que alcancei, sobretudo porque sempre tive a minha família ao meu lado, foi o mais importante para mim. Espero continuar a trabalhar muito, a viajar mais e aproveitar a vida (que também é importante).

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