A Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT) respondeu na passada semana às questões que lhes foram formuladas pelo Correio do Ribatejo em Agosto, relativas à denuncia de moradores da Rua da Amizade, em Santarém, junto á Zona Industrial e que se queixam dos maus cheiros resultantes da laboração de uma empresa que começou a sua actividade em Dezembro último.

Segundo o director regional da DRAPLVT a instalação desta unidade industrial foi realizada “em zona industrial que reúne todas as condições para o desenvolvimento das mais diversas actividades industriais. Para a instalação desta atividade foram consultadas as entidades oficiais com competências bem como foram cumpridos todos os diplomas legais aplicáveis”, afirmou por escrito Lacerda Fonseca em email enviado ao ‘Correio do Ribatejo’.

O mesmo responsável garante que “todas as entidades com competência têm acompanhado esta situação de forma próxima através da realização de verificações in loco frequentes”.

“Temos verificado que a unidade reúne condições para o desenvolvimento da actividade estando a cumprir com todos os requisitos legais. Não tem sido verificada qualquer irregularidade no seu procedimento. Constatamos também diversas iniciativas do industrial na procura de inovação tecnológica para diminuição de eventuais impactos causados na área envolvente”, assegura a DRAPLVT. 

Quando questionado sobre que resposta pode ser dada aos munícipes que se sentem afectados pelos constantes maus cheiros que provêem da fábrica, o director regional refere que “todas as entidades encontram-se em articulação e a acompanhar a situação, exigindo o cumprimento de todas as condições legalmente previstas e aplicáveis bem como as medidas possíveis para minimizar todo e qualquer impacto passível de provocar incómodo pela actividade em apreço. No entanto, a população deve ser informada que, de acordo com indicação da ARSLVT, “os odores podem ser incomodativos, mas não são susceptíveis de colocarem em risco a saúde pública”, admite.

Na primeira edição de Setembro, o Correio do Ribatejo contou a história de Maria das Neves, de 73 anos, e de seu marido, Amílcar Pedro, com 76, que vivem há 50 anos na Rua da Amizade, junto à Zona Industrial de Santarém.

Na altura revelámos que a pacatez do local se alterou quando em Dezembro do ano passado a unidade industrial PETAQUA se instalou bem próximo da sua casa. Isto porque da laboração da empresa resulta a libertação de cheiros que chegam a ser sentidos no planalto da cidade e nos bairros vizinhos da zona industrial.

Ao Correio do Ribatejo, um porta-voz da empresa afirmou que “a actividade da PETAQUA está devidamente licenciada e cumpre integralmente todos os requisitos legais. Estamos a falar de uma unidade fabril completamente nova, situada numa zona industrial adjacente a um matadouro, e onde diariamente nos empenhamos em aplicar as melhores práticas de produção, engenharia e ambientais”.

Ao Correio do Ribatejo o casal septuagenário afirmou que não foram informados que a fábrica ia abrir: “Não há respeito pelas pessoas. Estou aqui num inferno, isto é horrível. O cheiro na hora do calor é terrível, até causa náuseas. É um odor a carne e ossos queimados. A nossa rotina mudou muito, principalmente o facto de não podermos andar à vontade no nosso quintal. Esta madrugada [24 de Agosto] não se sentia o cheiro, mas pelas cinco da manhã tive de me levantar e ir fechar as janelas. Já estava um cheiro péssimo dentro de casa”, contou Maria das Neves ao “Correio do Ribatejo”.

“Tenho uma doença crónica respiratória, tenho muitas crises, e para além disso ainda tenho asma. O meu marido é cardíaco. É muito complicado não conseguir vir à rua nestes dias de calor. Não se pode abrir uma porta ou uma janela. Estou a agravar a minha doença e com a idade que tenho é difícil”, notou.

A moradora gostava que as autoridades que licenciaram a obra pudessem “arranjar condições de forma a que o cheiro não venha para o exterior, talvez através de alguns filtros, não faço ideia, não sou técnica, mas alguém sabe o que se poderá fazer. A entidade que foi responsável pelo licenciamento devia olhar em redor. Peço que tomem medidas”, alertou Maria das Neves.

Um abaixo-assinado, já com 250 assinaturas está a decorrer desde Maio: “Nós cidadãos vimos por meio desta petição pública manifestar o elevado desagrado quanto às condições ambientais que se fazem sentir na área das nossas residências, muito devido ao facto de serem libertadas no ar emissões simplesmente intoleráveis ao ser humano no que toca ao odor”, que chega a “causar náuseas e vómitos”, pode ler-se no texto que serve de suporte ao abaixo-assinado.

“O desconforto é de tal ordem que nos vemos privados de usufruir das nossas residências e logradouros, evitamos as habituais caminhadas ou convívios, simplesmente acabamos por nos fechar em casa”, acrescenta a petição que conclui: “As empresas em questão são necessárias, contudo é nossa opinião que têm de operar sem lesar os demais e neste sentido cabe-nos então apelar à DRAP-LVT que tome as devidas diligências no sentido de presenciar in loco a denúncia que apresentamos e que sejam tomadas as respectivas contra-medidas”.

A unidade de produção industrial da PETAQUA foi inaugurada a 16 de Dezembro do ano passado, na Zona Industrial de Santarém. Um investimento de cerca de 4,2 milhões de euros, numa unidade com uma área de 6 mil metros quadrados, que “estima produzir 11 mil toneladas anuais e empregar 20 pessoas”, foi referido na inauguração que contou com as presenças do presidente e vereadores da Câmara de Santarém e também de Bernardo Ivo Cruz, secretário de Estado da Internacionalização, bem como representantes dos Grupos Montalva, Valsabor e Maporal, proprietários da PETAQUA, conforme o ‘Correio do Ribatejo’ noticiou na altura.

De referir que os produtos da PETAQUA podem ser utilizados no mercado da alimentação e rações para animais, aquacultura, fertilizantes ou biodiesel.

No Portal da empresa é referido que esta se encontra “devidamente equipada para garantir o processo de tratamento de subprodutos de origem animal. Este processo de reciclagem animal permite a separação de componentes de água, gordura e proteína, incluindo sangue, ossos e vísceras de carne e desta forma gerar subprodutos com valor comercial: farinha de vísceras, sebo e farinha de sangue”.

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