Salvaterra de Magos – 6ª feira, 25 de Julho, às 22 horas – Corrida à Portuguesa – Comemoração Oficial dos 25 anos de alternativa da cavaleira Ana Batista. Cavaleiros: Luís Rouxinol, Ana Batista, João Moura Caetano, Marcos Bastinhas, João Ribeiro Telles e Luís Rouxinol Júnior; Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo; Ganadaria: Foro do Almeida (520, 490, 480, 555, 500 e 530 kgs.); Director de Corrida: Marco Cardoso; Médico Veterinário: Dr. José Luís da Cruz; Tempo: Muito agradável; Entrada de Público: Casa Cheia.
A noite era de grande expectativa em Salvaterra de Magos pois a cavaleira Ana Batista, natural desta tão típica vila ribatejana, assinalava aqui o vigésimo quinto aniversário da sua alternativa, tomada no tauródromo da capital do Sorraia. A praça encheu e a noite resultou muito agradável com os toiros da nóvel ganadaria de Foro do Almeida a colaborar muito bem com toureiros e forcados, permitindo-lhes actuações de bom nível técnico e artístico. Foi uma festa bonita.
Abriu praça o consagrado cavaleiro Luís Rouxinol, protagonizando um momento emotivo, com o toiro a sair com pata e a carregar a montada em duas voltas à arena, após o que Luís Rouxinol desenhou uma vistosa lide, bregando a preceito e colocando com a habitual competência certeira ferragem. Com o público agradado pelo labor do marialva de Pegões, e a música a abrilhantar a função, apreciámos ainda um bom ferro de palmo e o par de bandarilhas, que é uma marca da casa, com que rematou esta boa actuação.
O segundo toiro da noite coube à aniversariante, que foi muito acarinhada pelo público quando entrou na arena. O primeiro ferro comprido ficou um pouco descaído, porém a actuação subiu de tom com a colocação do segundo comprido, em sorte bem delineada. Com a sua excelente montada, de ferro de Pablo Hermozo, Ana Batista rubricou uma excelente lide. Citando de frente e em curto, recreou-se na cara do toiro e colocou uma série de ferros curtos pujantes de valor e de arte, com o temple fabuloso que esta montada permite e que a cavaleira tão bem soube aproveitar. Foi, indubitavelmente, uma excelente lide, a premiar os vinte cinco anos que leva de alternativa, sempre em bom plano. O público salvaterrense não lhe regateou aplausos, e foram perfeitamente justificados. Muito bem!
Seguiu-se Gilberto Filipe, em substituição de Marcos Bastinhas, que suspendeu a sua temporada, e dentro do seu estilo este cavaleiro esteve em bom plano, aproveitando bem esta oportunidade. Gilberto Filipe monta primorosamente e tem as suas montadas muito bem arranjadas, o que lhe proporciona uma grande desenvoltura na preparação de cada sorte e nos seus remates, após vistosa colocação da ferragem. Sem excessos, mas com um certo tremendismo à Bastinhas, Gilberto Filipe terminou a sua lide com um vistoso ferro em sorte de violino e um par de bandarilhas, que agradou ao público, que muito o aplaudiu.
João Moura Caetano não será uma figura consensual entre os aficionados ao toureio equestre, porém, não há como reconhecer que o toureiro alentejano está a atravessar um apurado momento de forma, está muito bem montado e rubricou uma actuação muito meritória. Pugnando por uma abordagem clássica, na forma como cita e como desenha cada sorte, Moura Caetano andou repousado, pisou terrenos de muito compromisso e rematou cada sorte com adornos de requintado gosto. Muito bem.
João Ribeiro Telles é uma das principais figuras da sua geração e de cada vez que está numa arena só pensa em triunfar. E de que forma o tem conseguido! As suas lides são pletóricas de domínio, de poder e de arte, pois tudo sai no tempo certo, sem alardes em excesso, mas com alegria e vivacidade. A rectidão dos seus cites, a eleição do terreno onde consuma cada sorte, e o rigor na colocação da ferragem são sublimes. Depois, quando crava os últimos curtos em terrenos do máximo compromisso, submetendo a sua montada até ao limite, tudo atinge outra dimensão estética e artística. Nesta noite de Salvaterra João Ribeiro Telles conquistou mais um saboroso triunfo. Excelente!
Por assim dizer, todos os cavaleiros haviam estado a um nível notável, mas, o mais jovem do cartel não quis deixar de dizer que ali estava para as jogar todas. E assim foi, na verdade. Luís Rouxinol Júnior recebeu o seu oponente numa emotiva sorte de gaiola e a partir daí construiu uma lide muito meritória, mesmo sem a colaboração do hastado, talvez o mais reservado da corrida, mas quando um toureiro dá de si o que falta ao toiro, tudo resulta bem. E resultou. Com alegria e vivacidade logrou superar as dificuldades e sair com uma grande ovação do público. Merecida.
Nesta noite havia outra celebração, para a qual não encontramos fundamento justo e acertado, mas neste país das touradas vale de tudo. Arroga o Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo ser o Grupo mais antigo do país, definindo a sua fundação em 1905, ou seja, dez anos antes do Grupo de Santarém. Noutro espaço desta página publicamos, com a devida vénia, um judicioso comentário do Eng. Manuel Peralta Godinho e Cunha, que subscrevemos na íntegra e onde se faz luz sobre a matéria. Adiante, na tropa é que a antiguidade é um posto, mas isto vale o que vale.
Sem sombra de dúvidas, e isto é o que mais nos apraz registar, o Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo rubricou nesta noite uma actuação de luxo, mal parecendo que nenhum cavaleiro lhe tenha brindado uma lide (!). Singularidades da nossa Festa… Para esta celebração fardaram-se umas dezenas de forcados e estiveram em praça os antigos Cabos Rui Manuel de Souto Barreiros, Joaquim José Penetra, João Machacaz e Pedro Espinheira, para além de muitos forcados de diversas gerações. Sob o comando de Rafael Costa foram solistas Ricardo Regueira, André Laranjinha, que esta noite se despediu das arenas, e Leandro Catrapombo, que consumaram as suas sortes ao primeiro intento, Pedro Espinheira, apenas à terceira tentativa, e Dário Silva e Rafael Costa, que também pegaram ao primeiro intento. O Grupo esteve muito bem, com os ajudas a coadjuvarem muito eficazmente os forcados da cara.
Durante o intervalo procedeu-se à homenagem à cavaleira Ana Batista e ao Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo, que receberam algumas lembranças. Após a lide do quinto toiro da ordem, o Ganadeiro José Costa deu volta à arena, muito merecida, porque de facto o toiro lidado por João Ribeiro Telles saiu muito bem, mas os restantes também cumpriram muito satisfatoriamente. Direcção atenta e acertada do Delegado Técnico Tauromáquico Marco Cardoso, bem assessorado pelo Médico Veterinário, Dr. José Luís da Cruz.