A Associação Parasita realiza, no sábado e no domingo, um sarau em vários espaços da Póvoa de Santarém, freguesia do concelho de Santarém onde tem a sua sede, com ateliês participativos e curtas acções performativas.
Organizado entre os espaços da sociedade do Sport Club Povoense “Os Leões”, a Igreja Matriz e os espaços exteriores circundantes, o sarau inclui um conjunto de eventos realizados “com reduzidos meios técnicos” e que se sucedem, “num formato entre uma exposição guiada ou um espectáculo de variedades expandido”, refere uma nota da associação.
A iniciativa visa dar a conhecer o trabalho artístico desenvolvido pela associação e, ao mesmo tempo, abrir “espaço para dialogar com artistas com quem desenvolve trabalho de proximidade, como Alina Ruiz Folini, Daniel Pizamiglio e Filipe Pereira”, acrescenta.
“As propostas de cada artista têm que ver com o seu repertório recente, essencialmente a solo, e são testemunho de práticas em que a dança é um lugar de partida, de abertura ou de contacto, muitas vezes irreconhecível”, afirma.
Criada em 2014 como estrutura de produção do coreógrafo João dos Santos Martins, a Parasita passou a funcionar como uma cooperativa de artistas, sendo atualmente composta por Ana Rita Teodoro, Carlos Manuel Oliveira, João dos Santos Martins e Rita Natálio.
O seu trabalho “cruza-se por estudos práticos e teóricos, práticas expandidas, discussões sobre fronteiras entre fazer e curar, problematizações da responsabilidade cultural dos artistas e agentes conexos”.
O sarau arranca no sábado de manhã com uma “aula de corpo e voz para todas as idades”, sucedendo-se, à tarde, a proposta “Leitura de Seres Vegetais”, de Ana Rita Teodoro e Alina Ruiz Folini, um “oráculo de participação coletiva” em que “uma pergunta é colocada a um fruto, legume, raiz ou vegetal”, e o ‘workshop’-performance “Arranjo Floral”, por Filipe Pereira, num convite à população para “trazer flores para decorar a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz”.
Seguem-se “Dança Concreta”, por Daniel Pizamiglio, num solo que parte de um verso da poetisa modernista Gertrude Stein, “Os animais são gente debaixo da roupa”, por Rita Natálio, a qual vai ler alguns dos seus poemas publicados e outros textos vindos de várias conferências-performance, “Proposições I”, por Carlos Manuel Oliveira, coreografia em que o público é guiado pelo espaço “à medida que se constrói um plano de imaginação coletiva”, e “Trolaró”, por Ana Rita Teodoro e João dos Santos Martins.
No domingo, o evento arranca com “É grande mas fica-te bem”, um solo de Filipe Pereira inspirado nas imagens do Post Mortem Photography dos finais do século XIX, que vai ser apresentado no átrio da Casa Mortuária, seguindo-se “aaah (excerto)”, por Ana Rita Teodoro, no banco em frente ao Café Central.
Antes do almoço partilhado, Carlos Manuel Oliveira apresenta “Proposições II” e o artista brasileiro Daniel Pizamiglio “Vamos Comer Salette I”, um “diálogo criativo e concreto” com a poetisa portuguesa Salette Tavares e a sua obra, no ano em que se assinalam os 100 anos do seu nascimento.
À tarde, Rita Natálio convida a uma conversa sobre os problemas da aldeia em “Caminhada e conversa Terra Batida” e João dos Santos Martins apresenta “Coreografia”, propondo “uma reflexão sobre como a dança aparenta comunicar, apesar de não pressupor a expressão de uma língua”.
“Vamos Comer Salette II”, por Daniel Pizamiglio, “Ruído Rosa — prática sobre a peça”, de Alina Folini, e uma quermesse performativa e convívio, em que “os prémios a sair nas rifas são performances surpresa das parasitas”, encerram o sarau.