Instituto Politécnico de Santarém (IP Santarém) gera, actualmente, 44,9 milhões de euros anuais para a região onde se localiza e tem um impacto de 4,47 % no PIB desta mesma região.

Os números constam de um estudo realizado pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que conclui ainda que, cada euro de investimento público nos institutos superiores politécnicos é transformado por estas instituições em pelo menos dois euros de atividade económica.

Entre os institutos analisados (Beja, Bragança, Castelo Branco, Cávado e Ave, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Tomar, Viana do Castelo e Viseu), o de Santarém ocupa o quarto lugar no ‘ranking’ das instituições que mais peso possuem na região.

Já o Politécnico de Tomar gera cerca de 18 ME, o que representa cerca de 2,08 por cento do PIB.

No estudo ‘O impacto económico dos institutos superiores politécnicos em Portugal’, do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que analisa os impactos directos e indirectos da presença de 12 destes institutos nas regiões onde se inserem, é o politécnico de Beja que aparece com resultados mais baixos na multiplicação do investimento público que recebe, mas que ainda assim, quase consegue transformar cada euro investido em dois.

Os resultados não surpreendem o presidente do CCISP, Pedro Dominguinhos, que defendeu que “quem está no terreno tem a noção clara do impacto que cada instituição politécnica possui” para os seus concelhos e regiões.

“Nós tínhamos esta noção clara de que era importante. Às vezes os números falam por si só, representam um impacto muito significativo do ponto de vista do valor e da despesa gerada, mas acima de tudo representam um impacto muito significativo também ao nível do emprego gerado”, disse referindo que o estudo demonstra “de uma forma inequívoca a imprescindibilidade” dos politécnicos para o desenvolvimento e coesão e económica e social das regiões.

“Numericamente, quando falamos de dez por cento do PIB numa região, isto grita quase por assim dizer, a imprescindibilidade dos politécnicos nessas mesmas regiões”, disse Pedro Dominguinhos, que referiu em algumas regiões do interior onde se fixaram empresas de tecnologia, por exemplo, “o elemento comum é a existência de um politécnico que forma recursos humanos altamente qualificados”.

A actividade económica gerada pelos 12 institutos analisados neste estudo varia entre os 17 milhões de euros do politécnico de Portalegre e os 129 milhões de euros do politécnico de Leiria, que têm, no entanto, pesos mais reduzidos no PIB das suas localidades – 3,68% e 4,16%, respectivamente.

Na maioria dos casos cada instituição foi responsável pela criação de pelo menos um milhar de postos de trabalho.

O CCISP tem em preparação outro estudo, que vai também medir o impacto da transferência do conhecimento produzido por estas instituições para a sociedade, que Pedro Dominguinhos considera ser uma questão “crucial, bem como o valor económico dos diplomados”.

Gastos dos estudantes com maior peso

Os gastos dos estudantes, sobretudo em alojamento, representam em média 80% do impacto económico directo dos institutos politécnicos nas regiões onde estão inseridos, de acordo com o mesmo estudo.

O impacto directo das instituições divide-se entre gastos dos docentes, dos funcionários, dos estudantes e da própria instituição, de onde se excluem salários, por exemplo, e se contabilizam apenas os gastos correntes em bens e serviços de empresas locais.

O peso do dinheiro gasto pelos alunos no impacto directo total varia entre os 70% no politécnico de Santarém e os 86% no politécnico de Viana do Castelo, segundo o estudo, que analisa dados de 2017.

Aos mais de 61 milhões de euros gastos pelos estudantes em Leiria, que regista o valor mais elevado, contrapõem-se os cerca de 7,8 milhões de euros do politécnico de Tomar.

Por aluno, e em termos gerais, o impacto directo estimado nas regiões é de 6.850 euros por cada estudante adicional, que se traduz num impacto total de 11.645 euros gerado por esse mesmo estudante.

Apesar de o estudo não discriminar as componentes dos gastos dos estudantes, Pedro Dominguinhos, presidente do CCISP, refere o alojamento como o principal custo, que em cidades como Lisboa e Porto, muito pressionadas pelo turismo, se tornou incomportável para os alunos, tendo motivado um plano de criação de residências universitárias públicas que, de forma faseada, pretende disponibilizar 12 mil camas nos próximos anos.

Se a reabilitação urbana que muitas regiões promoveram devido à presença dos estudantes foi um fator de dinamismo económico recente nessas localidades, este plano de residências públicas não é necessariamente uma má notícia para as economias locais, defendeu Pedro Dominguinhos em entrevista à Lusa, que entende que “a atração de estudantes” é sempre boa para essas economias.

Para o presidente do CCISP é preciso não esquecer outros factores para a fixação de estudantes e que em muito se relacionam com as economias locais – como o preço dos transportes, a ligação das localidades aos politécnicos, o custo e qualidade da alimentação – que justificam a escolha destas instituições por parte dos alunos, não só dos que vivem nas regiões, mas atraindo outros de fora, o que deve ser conjugado com a qualidade do ensino e da investigação na instituição.

No que diz respeito aos gastos de docentes e não docentes, o estudo revela ainda que, incluindo os agregados familiares, os gastos dos docentes das 12 instituições variam entre os 1.500 e 1.900 euros mensais e os dos não docentes entre os 900 e os 1.500 euros mensais.

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