Data de 1982 a edição de um dos melhores álbuns da música portuguesa das últimas décadas: “Por este rio acima”, de Fausto Bordalo Dias.

Lembro-me de ouvir vezes sem conta, em vinil, e é um daqueles discos que, de vez em quando, regresso até ele para ouvir as melodias e as letras fantásticas desse álbum que afirmou de vez Fausto na música portuguesa.

Por este rio acima, chamado Tejo, e partindo de Santarém, e percorrendo alguns dos seus afluentes, há todo um aproveitamento para fins turísticos. Todo um potencial que valoriza as vilas e cidades ribeirinhas.

Ao longo das zonas ribeirinhas, é possível assistir à junção do passado e do presente, potenciando o turismo, atraindo pessoas aquelas vilas e cidades, permitindo valorizar e enriquecer património histórico e cultural.

Por este rio abaixo, e saindo de Santarém, desde o Cartaxo, Azambuja, Vila Franca de Xira, todos souberam tirar aproveitamento da presença do rio.

Santarém teve o infortúnio de ser uma cidade construída num planalto e que daí foi crescendo, tendo como um dos seus limites ao crescimento e desenvolvimento uma linha férrea.

Com mais ou menos dinheiro, maiores ou menores promessas, a mudança do traçado da Linha do Norte na zona que contorna as colinas e que trazem a linha até à Ribeira de Santarém, seria uma clara mais valia. Desde logo, libertava a Ribeira de Santarém do espartilho em que vive, permitindo potenciar o edificado ali existente, valorizando-o.
Por outro lado, e numa cidade em que o rio corre a pouco mais de 4 km do seu centro, seria finalmente a oportunidade para o pensamento de uma outra Santarém.

Não sei se tal ainda acontecerá este Século ou mesmo se alguma vez irá ocorrer, mas que é uma autêntica dor de alma termos o rio tão perto e ao mesmo tempo tão afastado pelos carris e pelas travessas, que vale a pena sonhar como seria esta terra se pudesse viver o Tejo.

Claro está que a linha não pode ser o Alfa e o Ómega que justifica a ausência de projetos para a fruição do rio.
Sonhemos…

Ricardo Segurado – Jurista

Leia também...

Ao querido avô, da querida Nô

Leonor Serrão – Neta de Joaquim Veríssimo Serrão Querido Avô! Neste ano de 2020, em que completas noventa e cinco anos de idade, pediram-me…

“A realidade da resposta dos nossos serviços públicos”, por Isaura Morais

Caros leitores deste nosso Correio do Ribatejo,É com muito gosto que volto ao contacto com todos vós, para vos dar conhecimento de algumas questões…

‘O plasma e a trovoada’, por Pedro Santos

Quem me conhece sabe perfeitamente que sou um profundo apaixonado pela Física. Esta pode ser definida como a “ciência que estuda as propriedades dos…

O associativismo de raiz popular e os efeitos da pandemia, por Ludgero Mendes

Com a superação das necessidades mais básicas para a sobrevivência humana e conquistado algum tempo de lazer para os trabalhadores, a sociedade começou a…