O presidente da Câmara de Santarém está a considerar a séria possibilidade de solicitar a anulação da decisão da Comissão Técnica Independente (CTI) relativa ao futuro aeroporto.

Em causa estão, segundo o autarca “indícios problemáticos” que estão a colocar em causa a independência da Comissão Técnica, que mostra preferência pela localização

Alcochete.

Na reunião de Câmara do passado dia 6, Ricardo Gonçalves anunciou ter pedido já encontros com o primeiro-ministro, António Costa e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a fim de pedir esclarecimentos adicionais.

“O que se verifica é que os estudos e pareceres foram encomendados a pessoas que tiveram preponderância na escolha de Alcochete”, afirmou.

Nesse sentido, caso a avaliação da CTI não seja suficientemente abrangente e adequada, o edil pondera requerer a anulação do processo de escolha. Ricardo Gonçalves é um defensor do projecto que visa estabelecer o novo aeroporto na região de Santarém e está disposto a utilizar todos os meios disponíveis se se confirmarem as “alegadas ilegalidades” que têm vindo a ser divulgadas na imprensa ou se a comissão não seguiu integralmente os procedimentos para os quais foi mandatada e não fez uma escolha imparcial.

“Se a avaliação não for cumprida em todos os parâmetros, pelo menos para as cinco opções que constam na resolução do Conselho de Ministros – Portela+Montijo, Montijo+Portela, Alcochete, Portela+Santarém e Santarém -, reservamo-nos o direito de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir a defesa do que é melhor para as nossas populações”, realça o autarca, que teme o chumbo da opção Santarém, garantindo que não está sozinho na sua preocupação.

Nos últimos meses, outras autarquias, como Golegã, Torres Novas e Alcanena, têm-se unido à opção Santarém, uma vez que os seus territórios poderão beneficiar pela decisão de situar o novo aeroporto naquela região.

Mesmo com garantias do Governo que a avaliação contemplará todas as hipóteses com uma “análise rigorosa de todos os pontos fortes e fracos das diferentes opções”, o autarca lamenta que muito aponte para Alcochete, parecendo já ser a “opção predefinida”.

Esta alegada preferência – que a CTI tem negado, garantindo a total independência dos seus membros e critérios de análise – leva Ricardo Gonçalves a apontar argumentos contra a escolha de Santarém que ele não está disposto a aceitar. Estes argumentos podem ter implicações significativas.

As questões ambientais, por exemplo, que não se verificam em Santarém, ao contrário de Alcochete, sendo que foi recentemente revelado que esta implicará o abate de 250 mil sobreiros – um ponto que tem sido subvalorizado.

Além disso, o autarca não aceita o argumento da distância: “Hoje em dia, não são apenas os quilómetros que contam, mas sim o tempo necessário para percorrer uma determinada distância e os meios disponíveis para tal. Santarém dispõe de comboios e redes rodoviárias, encontrando- se num patamar bastante diferente de Alcochete”, onde apenas está prevista uma nova linha ferroviária para 2050.

Leia também...

Sinergia verde: energizar as relações Portugal-Angola

Numa era em que o desenvolvimento sustentável e a mitigação das alterações climáticas são fundamentais, a crescente colaboração em matéria de energia verde entre…

Radialista de Marinhais lutou 22 dias pela vida mas não resistiu aos ferimentos

Alice Calçada, 78 anos, radialista da Rádio Marinhais, morreu ontem no Hospital de Santarém, 22 dias depois do acidente em Muge, em que faleceu…

Engenheiro electrotécnico suspeito de atear fogos fica em prisão preventiva

É suspeito de ter sido o autor do fogo que atingiu Mação, em 2017.

Projetos diferenciadores… Por Ricardo Segurado

A Escola Secundária de Sá da Bandeira, o “Liceu”, é uma instituição com quase dois séculos de história na nossa Urbe. São largas dezenas…