As obras para reabilitação do Rio Alviela, que deveriam estar concluídas em 31 de Dezembro, foram adiadas devido às condições meteorológicas, disse o vereador da Câmara de Santarém Nuno Russo à agência Lusa.
“Estamos neste momento a pedir a prorrogação do prazo para efetuar a obra. Já assinámos há cerca de 3 semanas a empreitada, mas, face às condições atmosféricas, era um risco entrar neste momento no leito do rio”, explicou o vereador com o pelouro do Ambiente.
O projeto Alviela 7.7 é uma iniciativa de reabilitação fluvial que abrange sete quilómetros do rio Alviela e 700 metros do rio Centeio.
De acordo com o autarca, a expectativa agora é que as obras comecem no início do próximo ano.
“Nós fomos aconselhados pelos serviços técnicos da Câmara Municipal a não iniciar obras nesta altura, porque estamos em período de chuva e corríamos o risco de o rio não conseguir albergar máquinas pesadas. Foi essa a justificação que apresentámos à entidade coordenadora para, de alguma forma, adiar o prazo para o início do próximo ano”, explicou Nuno Russo.
Este adiamento poderá ter algumas implicações no financiamento do projeto, mas, caso seja concedida a prorrogação das obras, a requalificação do rio Alviela continuará a ser parcialmente financiada pelos fundos comunitários.
No entanto, se a prorrogação não for autorizada, o projeto será realizado com recursos próprios da Câmara.
Independentemente dos moldes de financiamento, Nuno Russo assegurou que o projeto será concluído.
“As obras serão sempre executadas, quer tenha o apoio dos fundos comunitários, quer seja pelas verbas da Câmara”, referiu.
O projeto de reabilitação hidrográfica do Rio Alviela tem um investimento total de 900 mil euros, dos quais 500 mil são oriundos da União Europeia.
O projeto tem como objetivo requalificar a zona do leito do rio, criar condições para usufruto e lazer das populações ribeirinhas e preservar o capital natural do rio, tanto ao nível da flora como da fauna.
Apesar de o projeto ainda não estar concluído, já foram realizadas uma série de intervenções como a monitorização do estado da água e um estudo sobre as condições de acesso ao rio, que vão ser melhoradas através da construção de um caminho penal.
O Alviela, afluente do Tejo, é um dos rios que mais tem sofrido com a poluição. A sua nascente situa-se no concelho de Alcanena, onde se concentra a indústria de curtumes, altamente poluente para as águas do rio.
Nuno Russo referiu que não estão previstas medidas de fiscalização de descargas poluentes no Rio Alviela, mas espera que a população, “que vai poder usufruir muito mais das margens do rio”, possa estar atenta “a esses focos de poluição”.
“Embora nós saibamos que é sempre difícil encontrar as efetivas fontes de poluição do rio, haverá certamente uma vigilância da população”.
A reabilitação fluvial do rio Alviela enquadra-se na política de recursos hídricos do município de Santarém e será executada recorrendo a técnicas de engenharia natural.
Estas são técnicas que utilizam materiais naturais, como plantas e rochas, para estabilizar os rios e minimizar o impacto humano no ambiente natural, outro dos objetivos referidos pelo vereador Nuno Russo.
“Queremos também reconstruir e retirar tudo aquilo que esteja a prejudicar o normal caminho do rio para a Foz”, acrescentou.
Também está prevista a publicação de um livro sobre o capital natural, como a água, o solo e biodiversidade do rio Alviela.
O Alviela estende-se por aproximadamente 50 km, nasce na base da Serra d’Aire, perto de Alcanena, e desagua na margem direita do Tejo, perto de Vale de Figueira, no concelho de Santarém.
Desde 1880, e durante muitos anos, a fonte do Alviela serviu como um dos principais fornecedores de água para Lisboa e suas áreas circundantes, através do Aqueduto do Alviela.