A ONG ANP/WWF apresentou hoje, em Santarém, o projeto Iniciativa Tejo, que vai recolher informação sobre os recursos hídricos da Lezíria do Tejo para adoção de medidas, consensualizadas com os parceiros, para uma melhor gestão da água na região.

O projeto foi apresentado numa sessão que se realizou na sede da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), uma das entidades parceiras, juntamente com os 11 municípios associados, por responsáveis da Associação Natureza Portugal (ANP), que trabalha em associação com a WWF (World Wildlife Fund), a maior organização global independente de conservação da Natureza.

Ruben Rocha, Coordenador de Água da ANP/WWF, afirmou que o projeto, que se iniciou em setembro de 2022 e tem uma duração de três anos, visa reunir uma série de parceiros para trabalharem na gestão sustentável deste recurso, contando já, além da CIMLT e dos municípios, com a colaboração da Associação dos Agricultores do Ribatejo e da empresa intermunicipal Águas do Ribatejo.

O primeiro ano do projeto destina-se a recolher informação para “mapear” o consumo, tanto de águas superficiais como subterrâneas, procurando saber quantidades consumidas por setor – agricultura, consumo humano e indústria -, como esse consumo é feito e quais as consequências e os riscos associados, abrangendo igualmente informação sobre a qualidade da água, afirmou.

Numa segunda fase, no segundo e terceiro ano, será implementado um projeto-piloto, que prevê o pagamento do serviço dos ecossistemas, como incentivo à adoção de boas práticas e a uma gestão sustentável dos recursos hídricos da região.

No modelo proposto para o pagamento dos serviços dos ecossistemas, é criada uma “taxa simbólica”, paga pelos consumidores, para “incentivar os agricultores a reduzirem o consumo de água e também a utilização de contaminantes e fitofármacos, adubos, na agricultura”, afirmou Ruben Rocha.

A taxa será temporária, porque, com o tempo, o processo torna-se normal, já não necessitando de incentivos, acrescentou.

“No fórum Tejo iremos reunir os parceiros, privados, públicos e a sociedade civil, para que possam conjuntamente pensar o que pode ser feito em termos de gestão dos recursos hídricos”, afirmou.

O projeto inclui uma vertente de comunicação, estando previstas campanhas de educação ambiental, sensibilização em escolas e na comunidade, e também campanhas de divulgação.

O diretor da Águas do Ribatejo, Miguel Carrinho, salientou que, embora o aquífero que se situa na região tenha muita disponibilidade de água, tem havido sobre-exploração desse recurso, “o que, a prazo, não é sustentável”.

Por isso a empresa, que gere o abastecimento de água para consumo em sete municípios do distrito de Santarém, tem participado em vários projetos, esperando o responsável que o Iniciativa Tejo proporcione o conhecimento necessário para melhorar a gestão deste recurso.

Salientando que entre 71 e 74% da água consumida se destina à agricultura, 12 a 13% ao consumo humano e a restante à indústria, Miguel Carrinho declarou que, “só conhecendo bem quem está a utilizar, quando e onde”, bem como a qualidade, é possível fazer uma gestão adequada de um recurso que “é finito” e “essencial à vida”.

Na sessão esteve presente a equipa de trabalho do regadio da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, bem como uma representante da empresa municipal Águas de Santarém, que se disponibilizaram a dar o seu contributo para o projeto.

A ANP/WWF salienta que a zona da Lezíria do Tejo é “da maior importância por cobrir um dos aquíferos mais significativos da Península – o Tejo-Sado – , que fornece a maior parte da água doce usada nas atividades da região, incluindo a agricultura e o abastecimento urbano e industrial”.  

“A Iniciativa Tejo pretende envolver todas as partes interessadas – consumidores, agricultores, produtores, administração pública central e regional e centros de investigação – para que, em conjunto, possam conhecer os riscos de exploração dos recursos hídricos regionais, encontrar soluções para os mitigar e alavancar benefícios socioeconómicos e ambientais de uma gestão sustentável dos recursos”, refere a organização em comunicado.

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