“Tudo o Que Sempre Quis” é o título do primeiro livro de Ana Rita Correia, que saiu para as bancas a 13 de Maio de 2018. O livro da jovem designer de interiores e exteriores conta uma história de ficção entre um grupo de amigos que se perdeu na estrada da vida. Apesar de serem personagens ficcionadas a autora revela que se inspirou em pessoas reais.

O que leva uma designer de interiores e exteriores a escrever um livro?

A escrita sempre foi como um escape na minha vida, tanto na escola como agora na vida profissional. Ajuda-me a esquecer o stress do dia-a-dia talvez seja por isso que, mesmo andando sempre a correr de um lado para o outro, tento sempre ter um tempo para escrever nem que seja no meu blog. É algo que me ajuda a limpar a mente.

Este é o primeiro livro que edita, como nasceu o gosto pelas letras?

Desde os tempos de escola primária que gostava muito de escrever, até mesmo nas férias quando o meu avô me “obrigava” a fazer cópias e ditados e eu não queria…eu gostava disso, mesmo que não quisesse demonstrar. Mais tarde, já no ensino básico, comecei a escrever pequenas histórias que eu imaginava, só porque sim. Para me entreter de alguma forma durante as férias em que não tinha nada para fazer. Nessa altura estava muito longe de imaginar que chegaria até aqui. Tenho um caderno com essas mesmas histórias e hoje, tantos anos depois, sei que foi naquele caderno de capa preta que, de certa forma, tudo começou.

A primeira história que escrevi foi uma homenagem ao meu (falecido) avô que tanto me ensinou ao longo da vida. É irónico pensar que foi ele quem me incentivava a escrever, a fazer exercícios de matemática, a ser boa aluna e foi nesse texto que lhe escrevi que, sem sequer sonhar com isso, comecei a trilhar este caminho por onde agora ando. Foi nessa altura – em 2007 para ser mais precisa – que comecei a escrever as minhas pequenas histórias.

No Secundário troquei o caderno por um blog que mantenho até hoje. Depois disso, numa fase em que procurava emprego e, mais uma vez não tinha nada para fazer, comecei a escrever “Tudo o que Sempre Quis” ainda sem ter noção do que estava à minha espera.

Qual é a razão para escolher o título “Tudo o Que Sempre Quis”?

“Tudo o Que Sempre Quis” não é directamente sobre mim. É uma história de ficção, mas não significa que as personagens que criei não sejam inspiradas em pessoas reais porque na verdade, são.

Cada personagem acaba por ter um traço ou outro inspirado nas pessoas que passaram pela minha vida ao longo dos anos, umas ficando, outras que inevitavelmente acabaram por sair. As pessoas marcam-nos sempre. Muito ou pouco, deixam sempre a sua marca e eu acho que ao inspirar-me nelas estou a imortalizá-las de alguma forma. O título inicialmente era para ser “Deixa-me Amar-te”, mas quando escrevi a última linha achei que fazia todo o sentido trocar para “Tudo o Que Sempre

Quis”. Posso desvendar que está relacionado com a última fala de uma das personagens. É essa frase que encerra a história e quando terminei esta jornada, percebi então que escrever um livro era “Tudo o Que Sempre Quis”.

Que história relata o livro?

A história gira em torno de um grupo de jovens que se perderam algures na estrada da vida. Todos eles têm assuntos pendentes, cicatrizes e fantasmas que insistem em persegui-los onde quer que vão. Até mesmo quando, um por um, por um motivo ou por outro, se refugiam numa pequena Vila à beira-mar sem saberem até que ponto os seus destinos estão traçados. É uma história de amor, de amizade, de dor, perdão e segundas oportunidades, mas acima de tudo, sobre a lealdade para com a família. Na minha opinião, pela nossa família vamos ao fim do mundo e é essa a mensagem principal que tento passar ao escrever sobre as personagens; o Salvador, a Helena, o Lucas, a Sara e o Martim. Excepto o Salvador, Helena e Lucas, que são irmãos, eles não se conheciam, mas o destino tratou de os juntar por alguma razão, talvez no fundo, o que eles precisavam realmente não era de paz de espírito, mas sim de se cruzarem uns com os outros.

Sendo uma jovem, é fácil escrever sobre nós mesmos?

Escrever sobre os jovens não acho que seja difícil, pelo contrário, mas talvez para mim tenha sido uma tarefa mais fácil sendo eu também ainda jovem. Quando escrevemos com o coração não há histórias difíceis de se escrever. Há assuntos que sim, precisamos de informações, de estudar um pouco sobre isso. Tudo é possível se acreditarmos e trabalharmos pelo que queremos, pelo que sonhamos.

Acha que o amor e a lealdade entre os jovens mudaram nos últimos tempos?

Infelizmente, acho que sim. No geral, a sociedade mudou e nem sempre para melhor. Os valores e princípios mudaram e com isso, tudo acaba por mudar. Há excepções, claro. Ainda há pessoas muito boas e leais que vale a pena ter ao nosso lado. Na amizade, como dizem, mais vale poucos e bons do que muitos e fracos.

Temos que nos rodear mais pelas pessoas que nos fazem bem, que estão connosco mesmo quando queremos estar sozinhos. Essas pessoas não se vão embora de forma nenhuma e são esses os verdadeiros amigos e as melhores pessoas que podemos ter na nossa vida. Para tudo.

Tem vindo a participar em várias campanhas solidárias com este livro. Acha que é uma boa forma de ajudar o próximo?

Eu acho que sim. Muito sinceramente, as más línguas vão sempre dizer que, nestes casos, nos estamos a aproveitar dos outros, quando na verdade, pura e simplesmente queremos fazer a nossa parte e ajudar da forma que sabemos e podemos. Com o apoio das pessoas, já ajudei a ASPA (Associação de Animais Abandonados em Santarém) durante o Verão, altura em que tantos animais são abandonados devido às férias dos donos, ajudei a Constança e agora o João.

Já tem um segundo livro pensado?

Pensado e com data de lançamento prevista, por enquanto ficará em segredo até ter certeza de poder divulgar publicamente. Posso dizer que é uma história totalmente diferente, escrita ao lado da minha mãe. Não podia ser de outra forma, afinal, conta a nossa história. A história sobre uma mãe que perdeu um _ lho e como conseguiu superar e dar a volta por cima. Acho que será mais uma lição de vida, confesso que estou ansiosa por mostrar o resultado final e fico a torcer

para que seja tão bem recebido pelos leitores como o “Tudo o Que Sempre Quis”.

Que conselhos daria a quem quer escrever?

Leiam muito. Acho que é fundamental. E também é importante que não encarem o processo de escrita como uma obrigação, não irá resultar se não estiverem realmente concentrados no que querem escrever. Tem de estar tudo alinhado, a mente, o coração e a imaginação. Acho que todos os escritores escrevem com o coração, mas nem todos somos iguais, cada um tem os seus métodos.

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