Firmino Rodrigues é artista plástico auto-didacta, que já expôs obras em diversos locais e há cerca de 25 anos que pinta telas com regularidade. É natural de Caldas da Rainha mas fixou-se em Santarém há 30 anos. A paixão pela pintura foi tão forte que decidiu criar o seu atelier/galeria “O Lugar da Artes” na aldeia de São João da Ribeira, que pode ser visitada por todos.

Quando é que decidiu começar pintar?
A pintura surge na minha vida através da influência do meu amigo Vítor Silva, também ele auto-didacta. O facto de numa bienal de Santarém ter sido premiado foi o grande incentivo para continuar.

O que é que o leva enveredar pela pintura e não por outra arte?
Em criança havia em mim a vontade de pintar, as cores sempre mexeram comigo. Por vezes aventuro-me na escultura em madeira, barro e arame mas é na pintura que me revejo como artista.

Como artista plástico, onde é que se inspira para fazer as suas obras?
Nas minhas obras deixo-me conduzir pelas emoções e sentimentos. A inspiração surge assim que enfrentamos o branco da tela.

Qual é o processo criativo?
Neste tipo de pintura e concretamente no meu caso, deixo que as cores falem comigo, olho-as e deixo que me cativem e de seguida coloco-as na tela. Através dos movimentos e texturas faço sair as emoções que naquele preciso momento transbordam da “alma”, finalmente “equilibro” os conjunto das cores que não são mais do que o espelho da minha alma naquele momento.

Quais as suas influências para chegar às suas obras?
Não tenho propriamente um artista influente no meu processo criativo, tenho sim muitos porque quanto mais artistas vemos, isto é os seus trabalhos, melhor porque “bebemos” sempre algo daquilo que admiramos e é aqui que reside um grande problema. Muitos artistas fixam-se unicamente nos seus trabalhos, nas suas exposições e não vão apreciar outros estilos ou formas de pintar. Quanta mais arte entrar na nossa vida mais emoções são absorvidas. Emoção cria emoção, é esse o caminho.

O que tenta transmitir ao público?
O mais difícil para o ser humano é conhecer-se, querer saber o que a sua alma é na realidade. Existe dentro de nós esse medo. Aquilo que pinto são as minhas emoções. Muitas vezes não são entendidas e/ou compreendidas ao olhar para a tela mas desde que seja criada uma emoção a quem a olha, o meu trabalho atingiu o objectivo porque quem observa um quadro abstrato dificilmente entenderá o que o artista estava a sentir, ele vê sim o que está a sentir.

Quais as vertentes da arte usadas por si?
Durante estes quase 25 anos foram diversas. Fixei-me no abstracto e é onde me sinto bem.

Onde é que já expôs os seus trabalhos?
Foram diversos os locais onde expus. Museu Rural e Etnográfico em S.João da Ribeira, na Faculdade de Direito de Lisboa, no Forum Mário Viegas, na Alemanha, no Convento de S. Francisco, na Casa Senhorial D. Miguel, no Cine-teatro de Rio Maior, entre outras.

Onde é que o público pode ver as suas obras?
O melhor local é no “O Lugar das Artes”, em S. João da Ribeira, sem dúvida.

Quais são os projectos que tem para o futuro?
Continuar a ter emoções para pintar.

Que conselhos dá a quem quer seguir esta arte?
Saber que nem sempre será entendido mas que vale a pena olhar para o que fomos capazes de fazer. Ter a capacidade de resistir mesmo sem público a aplaudir.

Qual para si é uma música imprescindível?
O que seria do mundo sem música. Gosto de música clássica e de toda a boa música.

Quais são os seus hobbies favoritos?
Ler, ler, ler.

Se pudesse alterar um facto na história, qual seria?
Ambas as guerras mundiais, o horror dos horrores.

Se pudesse entrar num filme, qual escolheria?
Os cavaleiros da Távola Redonda e que eu fosse o Lancelote.

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