Aproxima-se mais uma data emblemática para todos nós, o 25 de abril, que, neste ano tão atípico, assinala 46 anos passados sobre a Revolução dos Cravos. Valeu a pena. Valeu a pena o capitão Salgueiro Maia ter saído da Escola Prática de Cavalaria em Santarém rumo a Lisboa para fazer uma revolução. Nunca a palavra Liberdade teve tanta importância como nos tempos desafiadores que todos vivemos. De facto, devido à pandemia da Covid-19, fomos obrigados nos últimos tempos ao recolhimento em nossas casas e a abdicar de muitos hábitos que davam sustento às nossas rotinas.
Tivemos que nos reorganizar em muitas áreas, adiar projectos e modificarmos os cumprimentos sociais de modo a garantir o distanciamento que se impõe. Porque viver em Liberdade é também viver com a consciência de que se deve fazer o melhor para o colectivo, neste caso, pela saúde pública.
A democracia, a liberdade e o desenvolvimento são sinónimos destes tempos e ganham uma dimensão ainda maior porque todos somos chamados a participar na construção de um futuro melhor. Todos contam. E se o 25 de abril é sinónimo de liberdade é também sinónimo de responsabilidade. Não nos deixemos levar por demagogias, pelo bota abaixo, pelas conversas de escárnio e maldizer. É tempo de união.
Liberdade de expressão nunca deve significar humilhar o outro, só porque tem uma opinião contrária. A este propósito, muito se tem falado sobre as celebrações oficiais do 25 de abril no Parlamento, que se manteve sempre em funcionamento desde que o mundo mudou. Obviamente que esta decisão nunca seria consensual. Obviamente que tudo pode ser sempre melhorado. Mas assinalar a democracia na sua casa é essencial. É um imperativo da responsabilidade. O estado de emergência não representou qualquer tipo de suspensão da democracia, sendo que a Direção-Geral da Saúde também considera que há todas as condições de segurança e controlo de infeção para comemorar com dignidade o 25 de Abril na Assembleia da República. O mais fácil seria ceder. Mas é importante o exemplo. E demonstrar que a alternativa à liberdade é sempre cruel. Porque, de facto, nada é tão importante como a Liberdade e estamos a perceber isso mais que nunca.
Uma palavra também, neste momento, para quem está na linha da frente contra este inimigo invisível. A democracia teve no Serviço Nacional de Saúde um dos seus principais vectores, sendo que , neste dias de combate à pandemia, é mais que justa a sua homenagem. Se estamos a responder bem a esta pandemia muito o devemos à capacitação do SNS. Outro vector essencial é o poder local, um elo de proximidade e o poder mais próximo do eleitorado. Incansáveis, também os autarcas, com as suas equipas, se encontram na linha da frente, protegendo a população. Finalmente, não menos importante, a educação, outro vector importante visto termos um país ainda com um elevado índice de analfabetismo. A Educação é um dos maiores sinónimos de Abril. Saibamos continuar a construir a escola pública, para continuar a combater as desigualdades. Mas falar do 25 de abril é também falar de Liberdade de expressão, Igualdade de género e de Direitos Humanos conquistados. Tanto caminho que já foi feito e que só nos pode a todos orgulhar. Por isso, nos 46 anos da Revolução dos Cravos, volto a repetir a frase: que se cumpra abril, sempre.
Hugo Costa – Deputado do PS eleito por Santarém