A Associação Académica de Santarém comemorou 91 anos de existência no passado dia 5 de Outubro.

Nesta entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’ Carlos Esteves, presidente do clube anuncia como objectivos futuros a criação do futebol feminino no clube e a escola de futebol em Alcanede, bem como manter as equipas de iniciados e juvenis nos campeonatos nacionais.

“A intenção é deixar um legado saudável mas de uma enorme responsabilidade para quem vier a seguir”, revela o dirigente.

A celebrar 91 anos, que clube é hoje a Académica de Santarém?

O nosso clube hoje está melhor, mais bem organizado, melhores condições, com maior capacidade de resposta as novas exigências, é sinal que estamos no bom caminho.

Nem só de futebol vive a Académica de Santarém. Qual a oferta desportiva da Académica neste momento?

Para além do futebol temos a ginástica acrobática que está com um crescimento impressionante, a petanca e o jiu jitsu.

A Académica celebrou um protocolo com o IP Santarém que contempla a cedência do Ginásio da Escola Superior Agrária. Que mais valias irá trazer este protocolo?

Era um sonho que tínhamos há quatro anos atrás, poder ter este espaço para AAS. Hoje é uma realidade que veio trazer uma melhor organização e uma maior proximidade das respectivas modalidades que o utilizam. Permite que a ginástica acrobática tenha melhores condições de treino e permite que os nossos escalões de competição no futebol façam ginásio.

O Covid trouxe momentos de algum desnorte, hoje com a situação quase ultrapassada já consegue fazer um balanço dos anos de pandemia? Perderam atletas? Conseguiram manter os números e várias secções? Conseguiram que os atletas voltassem todos com o fim da pandemia?

Sim a pandemia trouxe várias coisas negativas. Perdemos alguns atletas que acabaram por desistir mas conseguimos sempre dar a volta à situação, mantivemo-nos ligados com os miúdos, criámos formas de estar próximas deles e conseguimos, com muita resiliência e compromisso das equipas técnicas, não ter uma quebra acentuada. Hoje já voltamos e melhoramos o número de praticantes que tínhamos quando apareceu o covid. Assim, posso dizer que hoje que estamos satisfeitos mas acredito que temos margem para continuar a crescer se a autarquia cumprir com a promessa de fazer o relvado no campo da Escola Agrária, que espero que seja para muito em breve.

A secção de Ginástica da Académica tem menos de 5 anos. Tem, no entanto, centenas de atletas, e já venceu inclusivamente a edição do Portugal Got Talent. Como se chega aqui num tão curto espaço de tempo?

A ginástica acrobática está a fazer um grande trabalho com muita resiliência e compromisso da sua responsável Tânia Carapeta e da sua equipa técnica. Têm sido incansáveis. O grupo de ginastas está a fazer um grande trabalho que está ao nível dos melhores, e os resultados quando assim é, estão à vista de todos.

Está no seu terceiro mandato à frente dos destinos do clube. O que foi possível mudar até aqui, e o que podemos esperar do clube para os próximos anos?

Quando cheguei à Académica de Santarém o clube estava organizado, é sinal que a direcção anterior tinha feito um grande trabalho.

Nós, mesmo com esta herança, já mudámos muita coisa, na minha opinião para melhor. Fizemos crescer o clube no seu todo, melhoramos as condições que tinha, adquirimos um autocarro para o clube, conseguimos e recuperamos uma nova sede para o clube, aumentamos as equipas técnicas, estamos a concluir a construção de um espaço de ginásio para as equipas de competição, concluímos a obtenção do ginásio da Escola Agrária, melhoramos o departamento médico onde contamos com vários fisioterapeutas, massagistas e um preparador físico. Os nossos campos, hoje, têm melhores condições do que tinham. Aumentámos o número de parceiros para o clube. Fizemos crescer o Santarém Cup. Conseguimos nestes mandatos ter uma equipa de direcção com 15 a 16 elementos que contribui para uma melhor organização e respostas às exigências que tudo isto acarreta.

Conseguimos ainda obter a certificação exigida e obrigatória logo no seu primeiro ano com 3 estrelas que é o máximo que um clube sem seniores por ter. Temos uma tesouraria saudável para as exigências e orçamento anual que temos.

Em termos desportivos tenho de agradecer ao nosso Director Técnico, professor Fernando Santos e ao nosso coordenador, Professor Leonel Madruga pela forma como têm conduzido o clube ao sucesso desportivo, onde nestes últimos anos ganhámos vários títulos nos diversos escalões e onde conseguimos, mesmo com condições reduzidas de treino para o número de praticantes, manter sempre a exigência máxima não servindo esta desculpa para não alcançar os objectivos, e ainda conseguimos que vários atletas da nossa formação se transferissem para vários clubes de renome nacional e alguns deles já com contratos profissionais assinados, o que nos deixa extremamente orgulhosos.

Quando iniciou esta aventura de liderar os destinos da Académica imaginou que estaria agora no seu terceiro mandato? O que o fez concorrer na altura, e o que o faz continuar agora nestas funções?

Isso é uma história complicada. Quando iniciei este percurso nunca na vida sonhava estar no terceiro mandato, mas o meu amigo Rui Pombo conseguiu convencer-me de que eu era a pessoa certa para suceder ao antigo presidente do clube, António Torres.

Quando começamos a montar a equipa de direcção para iniciar o meu primeiro mandato, a minha maior preocupação era uma pessoa que é das pessoas mais importantes nesta estrutura que é o Professor Fernando Santos que estava de saída do clube, na altura expliquei lhe o que se pretendia e ele aceitou o desafio de ficar na AAS, e desta forma aceitei iniciar esta aventura, que tem sido gratificante e apaixonante mas ao mesmo tempo muito desgastante, porque só quem cá anda e vive isto da forma como eu vivo é que percebe o que estou a dizer.

Após pouco tempo percebi que tinha que ficar quatro anos. Depois com o covid e com o aproximar do términus do mandato conseguiram novamente convencer-me com um terceiro mandato que será certamente o último que vou estar àfrente da AAS.

A criação do futebol feminino no clube e a escola de futebol em Alcanede é o nosso grande objectivo neste mandato actual bem como manter as equipas de iniciados e juvenis nos campeonatos nacionais. A intenção é deixar um legado saudável mas de uma enorme responsabilidade para quem vier a seguir.

O clube sofreu a nível Financeiro com a situação?

Conforme já mencionei o clube esta bem organizado financeiramente, mas foi muito importante  o apoio que autarquia deu e da aos clubes durante a pandemia, para que a situação financeira não fosse crítica.

Como podem as pessoas inscrever-se nas várias secções do clube?

Basta dirigirem-se às nossas instalações na Escola Superior Agrária ou entrarem em contato connosco através das nossas redes sociais que logo daremos seguimento aos diversos assuntos.

Já leva alguns anos nas lides do associativismo. Como vê o movimento associativo nos dias de hoje?

Vejo cada vez mais frágil. As novas gerações têm que ser puxadas para dar continuidade ao nosso trabalho e para melhorar o associativismo.

Nós temos tentado melhorar e aproveito para agradecer a quem esteve comigo nas direcções anteriores da AAS e para quem está agora na nossa direcção.

O que se pode fazer para motivar mais as pessoas para os movimentos associativos para que estes não caiam em declínio?

Isso é uma questão complicada. Quem faz associativismo só o pode fazer por uma causa, causa essa em que acredita. Logo tem que haver um maior foco na angariação de pessoas com esse perfil. É o que temos feito.

Que mensagem quer deixar ao staff, atletas e sócios do clube por este 91.º aniversário?

Aos sócios para aparecerem e um agradecimento aos mesmos. Ao Staff do clube o meu muito obrigado por tudo. Vamos continuar o grande trabalho que estamos a fazer, juntos, e aos atletas que continuem a acreditar e a crescer junto de nós porque aqui os valores que passamos serão extremamente benéficos para eles no futuro. Esse é o nosso compromisso!

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